Abigail olhou pela janela, observando Patrick O'Connell sair de sua varanda e andar até a casa dele. Já era a quinta vez naquela semana que ele ia até a casa dos James.
O que ele queria?
Abby suspirou, querendo gritar que ele ficasse, que ele contasse como Billie está.
Será que o soco que o pai deu foi muito forte? Será que ela precisou de assistência médica?
Quando a namorada saiu de sua casa no domingo, ela estava sangrando. Mas Abby não viu os O'Connell's saindo naquele dia, então ela adivinhou que eles não a levaram para o hospital.
Ela também não poderia saber, na verdade, já que depois que Billie saiu, ela ficou duas horas, exatamente duas horas, ouvindo os pais gritarem com ela. Se fossem apenas gritos direcionados a ela, Abby não se importaria, ela já os ouvi anos atrás quando ela beijou a melhor amiga. Mas eles ofenderam Billie de todas as formas possíveis, gritando tão alto que Abigail tinha a certeza que todos os vizinhos estavam ouvindo.
Depois disso, seus pais passaram a falar com ela apenas o necessário.
A primeira vez que falaram com ela foi na segunda-feira, um dia depois do flagra. Sua mãe foi até ela para falar sobre o cronograma que ela teria que seguir durante a semana, envolvendo leituras de uma hora da Bíblia pela manhã, tarde e noite e orações junto com o irmão Mark. Durante esse tempo do castigo, Abby não poderia ter contato com o mundo exterior. Sem televisão, celular e computador.
O que é uma droga porque ela precisa se escrever urgente em uma das faculdades que foi aceita, ou então perderia sua vaga.
Ela estava planejando conversar com a namorada nessa última semana em San José, para que resolvessem para onde iriam. Ela se inscreveria para a Universidade da Califórnia se Billie conseguisse falar com os parentes em Los Angeles, se não, elas iriam para Nova Iorque. Recomeçar em um novo estado onde ninguém as conheciam.
Agora, tudo isso mais parecia um sonho distante.
Sua vida estava uma bagunça.
E tudo o que Abby queria fazer era arrumar as malas e sair de casa, ela não queria morar debaixo da ponte. Mas no momento qualquer lugar estava melhor do que a sua casa.
— O irmão Mark chegou — Ines falou com a filha. Ela não precisou abrir ou bater na porta, já que Abby não tinha mais uma.
— O que Patrick O'Connell quer? — Abby perguntou, sabendo que no fundo, a mãe não responderia. Ela não respondeu das outras vezes, mas ela tinha esperanças que alguma hora ela responderia.
Não foi dessa vez.
Ines lhe olhou por um tempo e depois se virou, sem dizer nada.
Abby respirou fundo, dizendo que "não poderia morar debaixo da ponte". Ela repetia a frase como um mantra, e isso lhe dava um pouco de forças para aguentar tudo o que estava passando.
Abigail pegou sua Bíblia e o caderno de anotações, descendo as escadas e indo até a sala.
Sua vida espiritual também estava um pouco abalada.
Abby sempre gostou da ideia de um Ser Celestial que estava acima de todos, zelando pelo bem estar dos seus filhos. Cuidando, amando incondicionalmente e fazendo o possível por todos que o aceitassem como Pai. Ela gostava dessa ideia.
Mas como ela poderia acreditar em seres celestiais, quando seus pais também o seguiam e eram as piores pessoas que ela já conheceu?
Eles não viam o que estavam fazendo com ela?
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No one's in the room |G!P| ✅
FanfictionAbigail sempre soube o que esperava por ela assim que ela completasse seus dezoito anos. Seus pais a mandariam para um retiro religioso e assim ela passaria meses no lugar para alimentar sua vida espiritual. Abby só recebeu uma regra quando estava a...