06 | ZERO TO ONE - From

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— Wooyoung, você podia me emprestar seu livro, por favor? — Líder falou e isso deixou Wooyoung deveras confuso. Eles nunca abriram uma página sequer do livro um do outro. Então porque ela, neste momento, estava pedindo para ele lhe emprestar?

— E porque motivo quer meu livro?

— Eu preciso saber uma coisa, que talvez você tenha descrito também no seu livro. — Wooyoung arqueou a sobrancelha, mas colocou o livro nas mãos da garota, que se sentou na pequena secretaria de madeira velha que estava ali. Wooyoung não parou da encarar com um olhar penetrante desde o momento que pegou seu livro, mas o Capitão lhe chamou, fazendo com que tivesse de desviar sua atenção e ir até ele, que se encontrava do lado de fora.

Líder folheou as primeiras páginas, lendo as pequenas introduções que o livro tinha e ela não fazia ideia. Já estava lhe custando ler aquilo e lembrar do quão podre era quando era viva, mas ela tinha um motivo que talvez nunca fosse a razão de perdoo, pois sabia bem que um certo alguém não tinha culpa.

E esse alguém era Wooyoung. Algumas das páginas tinham sangue nas bordas, o sangue de Wooyoung estava ali. Respirou fundo, começando a ler, como tudo começou, como se conheceram e como começou seu ódio por ele, sendo que em nenhum momento era por ele exatamente, mas sim por quem lhe fez mal antes dela ser roubada daquela casa. Mesmo que desejasse uma vida melhor, ela não queria ter morrido aos vinte e um anos, e sabia melhor que ninguém que Peter Pan roubava crianças, mas felizmente algo de bom dessa parte tinha na sua reputação. A líder das crianças era adorada, mesmo que no fundo, ela sentisse que também devia ser odiada, pois estavam passando pano para ela desde cedo, mas nunca se perguntaram porque estavam fazendo isso. Tudo bem, ela aponta críticas, mostra como fez para lidar com todo o machismo, com toda a tortura psicológica e, sobretudo, com o estupro. Esse que foi alvo quando era uma mera criancinha e durou até ser raptada por Peter Pan. Ela morreria na mesma, sabia disso, as ameaças para não contar a ninguém, as lágrimas que eram limpas e nunca ouvidas. Aquele livro lhe fez lembrar disso tudo, e acabou que as lágrimas de culpa estavam caindo. Sentia-se culpada, por mais que tenha superado tudo aquilo, não era explicação para fazer o que fez a Wooyoung.

Respirou fundo, pensando. Wooyoung era o garoto mais bonito daqueles oito coreanos que um dia chegaram à terra do nunca. Esse que ela o xingou de filho da puta. Ela tinha cerca de sete anos, pelo que se lembra e estava escrito, e o xingamento mais que feio foi falado. Os cabelos loiros eram o seu destaque, mas ninguém falava pois ele não era o único loiro ali, mas com um pouco de estudo, Líder percebeu que coreanos não nasciam loiros, ou se nasciam, talvez fosse algum caso raro, familiar que tenha alguma descendência ou parente, ou pelo mais provável que ela solucionou não sua cabeça depois de vários dias de estudo e compreensão do que lhe aconteceu: junção de duas pessoas de nacionalidades diferentes.

Wooyoung era loiro, se dizia filho de coreanos, mas nenhum deles era loiro, e graças a Sininho ela pode saber a verdade por mais que tenha lhe doído.

Wooyoung não era filho da mulher que dizia ser sua mãe, e por isso que ela não gostava dele. Wooyoung é filho de uma portuguesa com um coreano. Uma portuguesa loira. E o coreano... Esse coreano destruiu os sonhos de uma criança que só queria ser feliz, pintando, desenhando, correndo, rir, sorrir, mas tudo acabou quando seu pai começou a lhe dever. Todos foram mortos depois, ela era a única sobrevivente daquela família e Wooyoung também da sua. Sua mãe biológica morreu de cancro. Se alastrou pelo corpo jovem e a levou, não havendo como se livrar.

O homem que roubou tudo o que ela iria descobrir mais para a frente no seu tempo, assim como todos os outros, chamava-se Jung Wooyoung, e sempre falava para ela que queria que conhecesse seu filho, que tinha o mesmo nome, e então quando viu um Wooyoung na terra do nunca ela associou logo. Era o filho dele. E na sua cabeça estava a frase "tal pai, tal filho".

Halateez's Return | ateezOnde histórias criam vida. Descubra agora