20 | ACTION TO ANSWER - Star 1117

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— Era para eu me sentir melhor com isso? Pois eu ainda não sei se percebeu, mas eu não confio em você. E pensei que as duas vezes que eu te vi fazendo certas coisas dessem a entender que eu odeio você. Só tem uma única pessoa que eu não odeio. E essa pessoa nunca será você. — Pegando nas suas coisas, ela se levantou, mas Hongjoong rapidamente segurou seu braço. — É o Wooyoung. Você gosta do Wooyoung. — Ela encarou o Kim, mas não era o mesmo Kim que ela via assim como não era o mesmo cenário que se encontrava. Rapidamente se soltou e voltou a ver tudo como via naturalmente, não respondendo a nada do que o Kim disse, que não era nada parecido com o que ela tinha ouvido e ele ficou realmente triste por ela não aceitar sua ajuda — já que foi o que ele tentou deixar claro. Tudo na sua cabeça estava uma confusão. Porque diabos ela tinha visto o capitão pirata no Kim? 

Por mais que eles fossem parecidos, não precisava alucinar.

Quando chegou em casa, ela se sentou em seu sofá após pegar uma caixinha de música. Era da sua mãe e foi algo dado por seu pai antes de acontecer o que aconteceu, antes de todo o trauma começar e ela simplesmente se livrar de tudo o que o pai lhe tinha dado, até mesmo as próprias roupas. As peças que tinha e alguns peluches, eram todos dados pela sua vizinha, que foi a única que tinha em mente que realmente a jovem sofria, e desde então, mesmo ela não tendo comparecido no julgamento do seu pai, olha por si da sua janela, tentando ao máximo saber se estava tudo bem consigo. No entanto, estranhou, obviamente, o colega de universidade, que era da mesma turma que sua filha. A filha da sua vizinha era amiga de Bia Jung antes de se envolver com Hongjoong. Bia Jung nunca falou para a mãe dela, mas não foi por mais que a amiga tenha pedido em joelhos para não contar o que a filha perfeitinha fazia atrás das costas da mãe, mas sim porque tinha nojo até mesmo da palavra. Sexo para ela sempre seria nojento e, com certeza, nunca teria filhos. Por mais que gostasse de brincar com seus peluches — mesmo tendo vinte e um anos — e imaginando que eles eram uma família feliz, os pequenos peluches nunca eram filhos realmente daquele casal na sua mente. Havia crianças que precisavam de um pai e de uma mãe, essas que foram abandonadas. Afinal, se você quer ter um filho, você não precisa o abandonar. Por mais que soubesse que somente com sexo que se fazia isso sem gastar dinheiro, mesmo assim ela nunca queria ter filhos, nem mesmo adotados. Não se via suficiente bem para isso, pois, o que mais pensava, era se matar, e nunca que um filho iria gostar de ver isso no adulto que deu de tudo para o adotar, trazendo-lhe um novo trauma de abandono para a lista.

Por mais que tivesse um pai, Bia Jung sempre se sentiu órfã desde que seu pai a abusou pela primeira vez. Pensara diversas vezes que seu pai a odiava e por isso que fazia mal a si, que fazia de tudo para ela não crescer e nunca ser uma adulta. A sua cabeça era tão perturbada que tinha medo de falar para as outras pessoas que na sua infância nunca brincou com os amigos verdadeiramente, apenas para tentar se distrair. Nunca confiou neles, pois não confiava em quem a fez. Nunca gostou realmente de ninguém, deixou de ter empatia, pois seu pai não tinha por si. Simplesmente ela não se designava um ser humano, e a culpa era do seu pai.

Sentia-se um bicho. Um monstro. Ela nem mesmo merecia, na sua cabeça, estar viva.

— Eu nem sei como estou viva. — Ela falou enquanto olhava aquela caixa de música, colocando-a a tocar, sentindo-se relaxada por meros segundos, fechando seus olhos. Mas quando os abriu, viu que novamente não estava no mesmo cenário. Sua casa tinha virado a casa de outra pessoa e ela estava justamente sentada no chão, observando um garoto extremamente magro em cima da cama, com uma caixa de música igual à sua. Ele cantava baixinho enquanto soluços eram ouvidos. Bia Jung acabou se levantando ao perceber semelhanças daquela pessoa com alguém, indo até ele e tentando-o tocar, mas não conseguiu, atravessando o corpo. Com isso, acabou por ver seus pulsos cortados, engolindo a seco, vendo os seus também. 

Joonyoung tinha a feito parar de se cortar durante um belo período de tempo. E, consequentemente, desde que descobriram que seu pai realmente tinha feito aquilo que fez mesmo ela falando que não por conta das ameaças de morte dele dirigidas vezes sem contas a si, seus pulsos tinham os cortes minimamente fechados. Nem mesmo tempo tinha para pensar em se cortar. Sua mente percebeu que não valia apena se cortar se ela não tinha coragem de se matar daquele jeito, e talvez só tenha percebido agora que as vezes que morreu de medo do pai a matar, consequentemente adquiriu medo da morte. Como se a morte fosse algo ainda pior, por mais que pensasse ser completamente paz e sossego. 

Talvez fosse por essa razão que estivesse viva. Talvez se sentisse melhor viva, e tivesse como contar sua história. E talvez conseguisse superar como na primeira vez. Ela tinha conseguido. Realmente tinha. Apenas descarregou em si com aquelas lâminas, mas ela sabia bem que era só cortar a veia e morreria. A única vez que tentou, Joonyoung a salvou, desde então, ela só tem feito por baixo dessa veia, machucando cortes anteriores, nunca abrindo o principal. 

Mas aquele garoto tinha por todos os braços, não sobrando algum espaço. Como ele estava vivo? Era uma pergunta tão engraçada, não? Nem ela sabia como estava viva, porque perguntar-se-ia como ele estava vivo?

Ou melhor, ela sabia se ele estava vivo? Era somente uma ilusão. Quem garantia que aquela pessoa, bastante parecida com Wooyoung — porém super magro — estava viva a esta data de campeonato?

Caiu ao chão, sentindo-se ser sugada, e puxou o ar rapidamente quando abriu novamente os olhos, sentindo-se completamente sufocada. 

Quando se recuperou completamente, olhou a caixa de música. Ainda tocava. Mas, depois da bailarina de virar pela última vez, ela viu que estava algo escrito nela. Algo que nunca tinha percebido antes. Nunca sequer tinha reparado que a bailarina também era torta, mas dançava como podia ali presa. 

Puxando-a, ela percebe o porquê a bailarina era torta. Estava partida, mas por algum motivo ainda funcionava ao dançar, assim como a música tocava e a deixava mais calma. Vendo que possuía um pequeno buraco dentro, ela percebeu finalmente o que estava também escrito na bailaria. 

"star"

Ok, pensou ser o nome dela, ou algo do tipo. Realmente pensou sobre isso. Uma bailarina poderia se chamar Star. A marca dela poderia se chamar Star.

Mas quando olhou para dentro do pequeno buraco, ela viu uma data, arregalando os olhos.

"1117"

Era a data de morte da sua mãe, gravada ali mesmo, com um líquido vermelho, e o cheiro se tornou tão forte que Bia Jung deixou cair a caixa, vendo a bailarina se desfazer em pedaços. E, junto dela, escorria sangue de cada parte partida. 

Halateez's Return | ateezOnde histórias criam vida. Descubra agora