"As crianças não nascem com um sentido de identidade unificada; ele se desenvolve de várias fontes e experiências."
Aquela sala enorme que existia dentro da minha mente era "meu refúgio mental" para tentar fugir da realidade e de mim mesmo às vezes, quanto mais olhava em volta mais me sentia familiar ali dentro. Existiam diversas portas, mas entre elas uma me chamava muita atenção, uma grande porta branca que estava entre aberta e dela conseguia ouvir o JP conversando com alguém.
— Quer sair? - Aquela voz era alegre e tão familiar que me fez sorrir.
Virei para a direção da voz que havia me feito àquela simples pergunta, ele me olhava sorrindo e caminhei na sua direção e o abracei, o calor vindo de seus braços era algo que gostava muito, não sabia explicar o porquê de gostar tanto daquele gesto tão simples é que me trazia tanta alegria.
— Vejo que está bem Manu.
— E porque não estaria Emanuel?
— Que legal que desta vez conseguiu se lembrar de mim.
Disse o garoto de sardas no rosto e olhos azuis claros, seus cabelos eram levemente cacheados e de um tom cinza, o que era bem diferente dos meus cabelos escuros, ele deveria ser pouca coisa mais alto do que eu, mas mesmo assim não tinha como negar que eu o conhecia a tanto tempo.
— Não me lembro de tudo, mas só de ver seus olhos brilhantes me trouxe uma sessão tão boa após ouvir sua voz.
Emanuel era um garoto que deveria ter quase a minha idade, não, ele era tipo um irmão mais velho me sentia bem protegido com ele, que não pensei muito e acabei abraçando, aquele minha pequena reação me fez ter alguns "flashes" de memórias que não entendia tão bem, contudo saber que Emanuel estava ali tão próximo a mim me deixava menos preocupado. Com ele ao meu lado passei a observar melhor tudo, não demorou muito ate um homem na casa dos trinta e poucos anos cruzar ela.
— Realmente você estava certo garoto sardento!
Aquele homem com um olhar penetrante falou assim que cruzou aquela enorme porta e ela se fechou atrás dele, seu corpo alto e levemente musculoso me dava certo "medo", seus cabelos eram bem mais claro que o de Emanuel chegando bem próximo a um tom de branco, as duas longas cicatrizes que cruzavam parte de seu rosto faziam o seus olhos da mesma cor de Emanuel se destacar bastante.
— Vai La ver se to na esquina queixo quadrado.
Não me contive com o que ele me disse e acabei dando risada do que ouvi, a falta de respeito que ele tinha com alguém mais velho me fez rir e bastante dele, já ele não pareceu se importar muito com Emanuel disse ou com minha reação, já que a sua foi simplesmente passar por nos dois e bagunçar meus cabelos.
— O que se lembra de mim Manu?
— Não muito, somente seu nome. – Esta foi minha resposta a sua pergunta.
— Mas você sabe bem quem somos ne Manu?
— Você e o Samuel, ou seria outra pessoal que eu não saiba?
Olhava para Emanuel sem entender muito bem sua pergunta, eu sabia quem eu era, um garoto que havia perdido os pais, era algo trágico e simples, também sabia que conhecia aquele lugar e os dois ali comigo, não fazia a mínima ideia como cheguei ali e de onde eu os conhecia, mas sabia que os conhecia que eram pessoas de extrema confiança e importância para mim, entretanto não fazia ideia de explicar o relacionamento que existia entre nos três.
— Esta criança não faz ideia do que esta acontecendo ou de quem somos ou ate mesmo onde estamos.
Uma mulher disse isso, olhava para ela e para a porta atrás dela, o que parecia ser um quarto, caminhei na sua direção tentando ver melhor aquele cômodo mais fui impedido por ela que me olhou com certa cara de nojo, como se eu estivesse sujo.
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NON MORTUIN
HorrorApós a liberação de um virus que transformou a maior parte da humanidade em "Não Mortos", anos depois, os sobreviventes humanos tentam a qualquer custo sobreviver e procurar uma cura para o Vírus, que atingiu cada ser vivo de uma maneira diferente...