A noite é gelada em Porto Real, e quieta, nem mesmo a Baixa Cidade parece estar movimentada, um feito de gratificação dos Capas-Douradas. Pela janela dos aposentos, Lucerys vislumbra as luzes de centenas de velas pelas casas além das muralhas do castelo-fortaleza.
— Está tudo bem com você? — Jacaerys chama a atenção de Luke. O mais velho está sem camisa se preparando para dormir, mas ainda passa um pano molhado pelo corpo para limpar qualquer tipo de sujeira que tenha restado do dia.
— Sim, tudo bem... — Lucerys volta a olhar pela janela e seus olhos se voltam ao fosso dos dragões, ele imagina se Arrax está bem, se já alimentaram direito seu dragão. — Aemond não parece estar bravo. — Ele comenta sem olhar para seu irmão mais velho querendo parecer não se importar com o que acabou de comentar, mas dando o máximo de importância para saber a opinião de Jace sobre o assunto.
— O que? Ah... é. — Jace responde esfregando seu pescoço com o pano úmido. — Sei lá, talvez ele só tenha se acostumado? Quero dizer, é uma droga ter um olho só, mas ele meio que mereceu.
— Jacaerys!
— O que foi? Ele quebrou o seu nariz, não sei se você esqueceu.
— Erámos crianças.
— Exatamente, apenas crianças e fizemos algo idiota, a rainha surtou querendo um olho seu, mas parece que todo mundo apenas seguiu em frente. Não viu como ela tratou a mamãe? Falando de união e nos recebendo como se fossemos membros da Corte Hightower! Sinceramente eu não entendo de onde vem toda essa bondade, mas desde que Otto Hightower morreu parece que a sensatez voltou a iluminar a cabeça dela.
— Você não acha que o Aemond... tentaria algo? Tipo um duelo ou coisa assim?
— Você pensa demais! Melhor ir dormir. — Jace ri das preocupações infundadas de seu irmão. — Amanhã vamos sair para caçar, Viserys quer passar tempo com a gente. Estava com saudade de ficar em King's Landing, Dragonstone é muito fria.
Lucerys soltou o ar quando uma chuva começou a cair na cidade, as vezes algumas gotas de água eram jogadas em seu rosto pelo vento. Ele se afastou da janela, dando um pequeno salto para sair do pequeno resguardo que estava sentado para sentir a pedra gelada do chão de seu quarto com os pés descalços. Ele foi até sua cama, e se deitou, mas não conseguia dormir, Jacaerys já tinha pegado no sono a pelo menos um hora enquanto o mais novo continuava encarando o teto. Ele ouviu passos vindos do corredor e se apoiou nos cotovelos para olhar em direção a porta, os passos pareciam apreçados, mas cuidadosos. Ele viu uma luz de vela pela fresta de baixo e alguém rodou a maçaneta apenas para que a porta se abrisse um pouco para ficar destrancada. Ninguém entrou, mas a luz da sombra continuou lá. Lucerys saiu de sua cama lentamente, o incomodo nos pés voltou enquanto ele caminhava.
— Olá? — Luke sussurrou. E continuou a andar, ele olhou para a cama de Jacaerys para verificar se o irmão tinha acordado pois tinha se movimentado, mas continuava dormindo. Lucerys continuou a andar em passos curtos até a porta e pegou na maçaneta e puxou. Quando a porta se abriu não tinha ninguém. Apenas uma vela apoiada em um castiçal com um pequeno papel dobrado no chão do outro lado do corredor. O jovem príncipe foi até a vela que se agachou para pegar o pequeno pedaço de papel que estava rasgado e nele escrito com tinta ainda um pouco fresca.
"Biblioteca em dez minutos"
Lucerys ficou confuso, voltou para dentro do quarto deixou a vela em cima da mesa onde tinham algumas frutas. Ele lia o papel e não conseguia formular uma linha de raciocínio que fosse coerente. Não conseguia reconhecer a letra. Ele pensou em apenas ir dormir, fingir que não tinha acontecido nada e na manhã seguinte entregar o papel a Daemon. Ele podia, aliás, ouvir a voz de Daemon em sua cabeça dizendo para ele não sair de seu quarto em hipótese alguma e que aquilo era certamente uma armadilha. Sentiu um frio na barriga com essa possibilidade e voltou seu olhar para a porta novamente. Pensou e pensou e chegou à conclusão de que se fosse algum plano mirabolante para matar ele e seu irmão, assassinos já teriam invadido o quarto e cortado suas gargantas com adagas de aço valíriano para garantir que fosse uma morte rápida e limpa. O estomago do príncipe revirou-se com essa imagem. Lucerys respirou fundo amassou o papel em uma das mãos e tomou a decisão mais estupida que eu alguém na posição dele poderia tomar. Ir para a biblioteca. Antes de sair, porém, ele pegou a adaga de Jace e escondeu dentro de sua calça cobrindo com a camisa longa que estava usando para dormir. Ao menos ele poderia contar a Daemon que não foi ao campo de batalha desarmado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Valyrian Boys • Aemond and Lucerys
Fanfiction"Quando a rainha Alicent convida a família da princesa Rhaenyra para um jantar na Fortaleza Vermelha, Lucerys só consegue pensar em como ele não quer encontrar Aemond novamente após o ocorrido em Driftmark... Entretanto, algo havia mudado e Aemond n...
