V • Safira

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Quando a última vela do castelo-fortaleza se apagou, Aemond esperou mais uma hora e então saiu de seu quarto para buscar Lucerys que esperava impacientemente em seu quarto. Ele se encaminhou para a ala do castelo que hospedava a família de sua irmã mais velha Rhaenyra e cortou alguns corredores para despistar patrulhas de guardas. Quando chegou na porta de Lucerys, ele bateu uma vez e logo o garoto saiu de lá usando uma blusa grande de dormir. Aemond olhou para Luke e estendeu a sua mão. Quando o mais novo tocou, ele apertou e sentiu algo estranho. Ficou olhando as mãos juntas, a sua obviamente maior do que a de Lucerys, apertadas uma contra a outra. Eles ficaram pelo menos cinco minutos em silencio parados na frente da porta do quarto de Lucerys apenas sentindo o toque de suas mãos. Lucerys fez um movimento com o polegar de caricia no dorso da mão de Aemond.

— Deuses... — Aemond suspirou liberando o ar que não tinha percebido que estava preso dentro de seu peito. Ele olhou para Lucerys mais uma vez antes que puxá-lo para as escadas e irem em direção aos corredores superiores da fortaleza.

Os dois fizeram o caminho em silêncio. Tomando cuidado para não esbarrarem em guardas vigilantes. Eles chegaram no quarto de Aemond, e o mais velho abriu a porta deixando Lucerys entrar primeiro. Seu quarto era grande e espaçoso com janelas grandes e cortinas longas. Tinham livros espalhados pelas mesas e alguns nos sofás. Sua cama estava arrumada com velas acesas em cima dos moveis de cabeceira. Lucerys ficou sem jeito de estar dentro daquele quarto. Aemond puxou Lucerys para perto da mesa onde costumava fazer suas refeições no quarto enquanto ele foi tirar sua camisa no banheiro. Quando voltou, seu cabelo branco prateado estava solto, seu peito desnudo e usava apenas uma calça preta justa com os cordões da cintura ainda amarrados. Lucerys lia a contracapa de um livro, a história de Maegor o cruel e sua ascensão ao trono de ferro de maneira sangrenta, ele voltou seu rosto para Aemond que estava parado o observando. Aemond então, andou para perto da cama e se sentou e Lucerys deixou o livro de lado e seguiu seu parente mais velho. O Targaryen se sentou na beira da cama e quando o príncipe Lucerys estava em sua frente, sem saber o que fazer ou como agir, ele esticou o braço para perto da camiseta de Luke e o puxou para que ficasse mais perto. O movimento não foi contestado por Lucerys que se encaixou no meio das pernas de Aemond. Luke suspirou confuso, seu coração estava um pouco mais pesado e uma sombra caiu sobre seu corpo.

— Por que está fazendo isso? Eu pensei que você me odiasse. — Lucerys comentou baixinho, com medo de alguém do lado de fora ouvir sua voz dentro do quarto de seu tio.

— Quando você arrancou meu olho, eu fiquei tão furioso, eu queria matar você, te dar de comida para Vhagar! — Aemond começou. — Eu estava com tanta raiva que nem ao menos sentia dor enquanto costuravam meu rosto. E com o tempo eu fiquei alimentando esse ódio, mas depois não valeu a pena, eu estava me envenenando, construindo uma versão de mim que não era verdade... Porra, é horrível não ter um olho, mas eu não eu queria viver o tempo todo com raiva mais. Eu não estava vivendo, apenas, existindo em um mundo estranho e sombrio. — A voz de Aemond era tão baixa quanto a de Lucerys. Enquanto falava, ele levou suas mãos para a cintura do garoto Velaryon.

— Eu não queria... te machucar. — Luke confessa. Ele coloca as mãos a frente de seu corpo e começa a brincar com as pequenas peles que saem da ponta dos deus próximo de suas unhas.

— Eu acredito.

Os dois voltam ao silêncio enquanto Lucerys parece estar pensando em algo.

— E o que é tudo isso? O que estamos fazendo aqui? — Lucerys questiona. Ele olha para Aemond e consegue ver, mesmo no escuro, o olhar cintilante azul de seu olho brilhar pelas luzes que entram através das janelas.

— Eu quero ficar perto de você. — Aemond responde como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Eu não sei o que aconteceu. Não me importo na verdade. Eu só quero ficar perto de você. E espero que você queira ficar perto de mim também.

— Eu não sei se consigo ficar longe. — Lucerys diz e solta uma risada um pouco triste. — E isso me assusta.

— Me assusta também. É estranho. Nunca me senti desse modo por ninguém. — Aemond suga todo o ar que está naquela atmosfera entre os dois. — Você... me... Você me atrai Lucerys Velaryon. Seu rosto. — Aemond leva a mão direita para a o rosto de Luke. — Seus olhos brilhantes... seu cheiro! — Aemond sussurra a última parte. — Eu quero te mostrar uma coisa. — Aemond parecia muito vulnerável naquele momento. Mais do que já pareceu estar em anos. Ele soltou Lucerys, mas o garoto não se afastou. Abaixou sua cabeça e levou as mãos até onde está preso o tapa-olho. Ele respirou fundo. Tomou coragem e puxou o objeto para se livrar dele.

A cabeça de Aemond permaneceu baixa por mais uns segundos e Lucerys, ao perceber a insegurança de Aemond, levou sua mão até o queixo do príncipe Targaryen e puxou com delicadeza. Aemond aos poucos cedeu ao movimento de Lucerys e levantou sua cabeça. Quando finalmente os dois restabeleceram contato visual, Lucerys conseguiu ver toda a linha da cicatriz facial de Aemond. Seu olho não existia mais, mas dentro de sua cavidade havia uma safira incrivelmente brilhante. Lucerys levou as duas mãos para segurar o rosto de Aemond. 

Valyrian Boys • Aemond and LucerysOnde histórias criam vida. Descubra agora