XXXI • O Gambito da Rainha

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O reino dos sonhos era um domínio ainda pouco conhecido pelos homens. Muitos talvez nem tinham conhecimento de sua existência. Alguns magos e lordes das artes místicas tentavam constantemente penetrar através de suas barreiras para buscar respostas, roubar segredos e criar armas poderosas contra seus inimigos.

A rainha Aemma Arryn, quando viva, tinha um estreito relacionamento com o reino dos sonhos. Ainda menina, no Vale de Arryn, ela se mostrava uma jovem versada na capacidade de adentrar com facilidade o mundo do imaginário. Muitos não conseguiam compreender suas capacidades. Ela não era uma feiticeira e nem conseguia manipular os elementos naturais a sua volta. Suas habilidades eram mais sutis e delicadas, mas igualmente poderosas quando direcionadas da maneira certa.

Aemma não tinha total consciência de suas habilidades, ela apenas sabia que se fosse dormir e quisesse muito, ela conseguiria visitar outros lugares mágicos e inexplorados, conhecer criaturas míticas das mais profundas florestas ou navegar em mares ainda não mapeados.

Quando a rainha Aemma estava dando à luz a seu filho Baelor ela, por um momento muito rápido, sabia que aquele seria o seu último dia com vida. Por mais triste que poderia parecer, ela não estava assustada com aquela informação. A mensagem veio para ela como um flash de um de seus sonhos.

Quando Aemma foi reposicionada na cama de maneira bruta pelas criadas, e o Meistre começou a cortar sua barriga para arrancar o filho homem que o rei tanto desejava, ela rezou em valiriano dentro de sua cabeça. A rainha não sabia para quem estava rezando, de verdade ela não sabia, apenas pedia que para qualquer deus antigo que a ouvisse, que a salvasse e protegesse sua filha Rhaenyra. Aemma pediu, a esse deus que ela nem sabia o nome, que seja o que acontecesse com ela, que pelo menos sua alma fosse poupada de um sofrimento maior.

Foi apenas quando a rainha deu o último suspiro em cima da cama ensanguentada que ela tomou consciência de seu novo estado. Ela estava morta. Mas não era tão estranho quanto ela achou que seria. Ela pode dormir um pouco antes de acordar no chão de uma floresta. Estava frio, ela não sabia onde estava, talvez estivesse perto do Vale de Arryn pela baixa temperatura, ou próximo da estrada do rei que levava para Winterfell. A rainha não sabia dizer onde estava. Ela só conseguia se lembrar de poucas coisas. Se lembrava de seu nome, o que era muito importante para alguém nas condições novas dela, lembrava-se do nome de sua filha e de seu marido e lembrava que a poucas horas havia de fato morrido. Existiam pessoas que não sabiam aquelas informações básicas e estavam fadadas a caminharem pelo mundo em busca dessas respostas.

Aemma se levantou, sentindo um formigamento na base de sua barriga. Ela estava assustada, sentia um frio estranho, mas não era nada congelante. Sua roupa estava limpa, usava um vestido lindo com diversos detalhes que remetiam a Corte Targaryen. Seu cabelo estava perfeitamente trançado e ela ainda usava as joias preferidas.

A rainha segurou seu vestido para conseguir andar pelo chão irregular da floresta. Ela caminhou por uma trilha que levava a algum lugar iluminado. Quando chegou perto de duas arvores que pareciam criar um arco para que ela pudesse passar, Aemma teve que colocar as mãos perto do rosto para proteger os olhos da claridade. Aos poucos seus olhos foram se acostumando com a luz. Ela estava em algum tipo de colina, a grama era verde. Ela ouviu o barulho de sinos tocarem e quando olhou na direção do som ela ficou surpresa ao se deparar com a silhueta da Fortaleza Vermelha no horizonte. A rainha deu uns passos para frente encarando a fortaleza e então ouviu vozes próximo dela. Quando se voltou para o som das vozes ela identificou várias pessoas na frente de uma pira grande, um corpo estava posicionado em cima daquela pira, embalado com os tecidos das Irmãs Silenciosas, e rodeado por flores. As pessoas que estavam observando a pira a frente delas usavam preto. Aemma sabia que aquilo se tratava de um funeral. Ela caminhou para perto até conseguir ver os rostos das pessoas. Seu coração se apertou quando a figura do rei Viserys, usando sua túnica de luto e a coroa dourada de Jaehaerys se tornou completamente clara diante dela. Viserys estava claramente abatido, com os olhos vermelhos e parecia não estar completamente consciente do que estava acontecendo, mas era possível identificar a dor que irradiava do corpo dele.

Valyrian Boys • Aemond and LucerysOnde histórias criam vida. Descubra agora