Valyrian Boys • Aemond and Lucerys

XLIII • Malicia Obscura

O quarto estava quieto e com pouca iluminação. As cortinas bloqueavam algumas janelas. Um cheiro forte de rosas estava presente no ambiente por causa das inúmeras flores que decoravam o quarto da princesa. Lucerys olhou em direção a cama no final daquele cômodo e viu uma silhueta embaixo dos cobertores. O príncipe caminhou lentamente, tomando o cuidado de não fazer barulho, até a lateral da grande cama.

— Lucerys? — Rhaenyra falou com a voz baixa e preguiçosa quando seus olhos notaram a presença de seu filho se aproximando.

— Oi... me desculpe invadir assim... — O menino falou. Ele parecia constrangido. A poucos segundos ele tinha toda a autoridade de um rei, mas agora era apenas uma criança novamente.

— O que faz aqui, meu amor? — A Princesa de Dragonstone perguntou. Ela parecia um pouco abatida, mas estava com o energia o bastante para se erguer um pouco e ficar sentada com suas costas repousadas na cabeceira da cama.

— Eu estou... com medo, minha mãe. — Lucerys contou em segredo se aproximando mais um passo da cama. Rhaenyra encarou o filho com preocupação.

— Medo? Meus filhos não têm medo. — Rhaenyra sorriu e estendeu a mão para que Luke segurasse. Lucerys notou que a mão de sua mãe estava gelada.

— Eu tenho medo de não ser forte o bastante. De não conseguir lutar pela nossa família e de falhar com você. — Luke dizia as coisas com a cabeça baixa e a voz embargada.

— Meu menino... você é forte e corajoso... o mais corajoso de todos... — Rhaenyra manteve o sorriso no rosto, mas não pode evitar de sentir um pouco de pena de seu filho.

— Eu estou sozinho... nessa fortaleza enorme... me entregaram a coroa e esperam que eu seja o grande protetor do reino... eu preciso de você minha mãe! Preciso que você me ajude, que me dê forças. — Lucerys apertava a mão de Rhaenyra e olhava para baixo com vergonha de encarar o olhar de sua mãe. Entretanto, Lucerys não ouviu nenhuma resposta de sua mãe e quando ergueu novamente o rosto, sua mãe estava com os olhos fechados dormindo suavemente recostada na cama. Lucerys sentiu um aperto no peito. Ele sentiu o mundo cair em cima dele.

Gentilmente ele soltou a mão da princesa com algumas lagrimas escorrendo em suas bochechas, ele se levantou e ajeitou o cobertor para proteger sua mãe.

Se afastou da cama com alguns passos e observou a imagem de Rhaenyra dormindo. Ela parecia calma e tranquila.

— Alteza. — Uma voz feminina e baixa chamou a atenção de Lucerys que se virou em busca de quem o chamou. Era uma das criadas que cuidava de sua mãe. Ela estava parada perto da porta.

— Desculpe, eu estava falando com a princesa. — Lucerys respondeu limpando o rosto molhado com as mãos e se aproximando da criada.

— Os remédios que a princesa Rhaenyra está tomando a deixam com muito sono, alteza. — A criada explicou com um pequeno sorriso de lado. Ela parecia assustada, Lucerys percebeu. — Os Meistres acreditam que quanto mais ela repousar, melhor ela recuperará.

— E como está a condição dela? Ela está bem?

— Sim, alteza, a princesa está se recuperando. Todos os dias ela progride.

— Isso é bom de ouvir. — Lucerys comentou e então voltou a olhar em direção a cama onde sua mãe dormia calmamente. — Como está a minha irmã?

— A pequena princesa Aemma está muito bem, alteza, ela se alimenta bem e as amas-de-leite não relataram nenhum problema. — A criada respondeu. Ela ainda parecia assustada... constrangida.

— Você está bem?

— Alteza?

— Você parece um pouco... agitada.