10. Wei Sizhui / Lan Jingyi

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Meu pequeno não falava uma única palavra durante todo o percurso, mas não precisava. Eu senti toda a sua magoa através dos seus feromônios. Ele estava chateado e eu não tirava a razão dele.

Nunca imaginei que Qinsu seria um problema, sempre deixei claro que tinha meu noivo destinado, que tudo que acontecesse entre nós era apenas um caso passageiro. Ela sempre me dizia que compreendia, e quando disse a ela, a um mês atrás, que nossos encontros parariam pois a qualquer momento meu noivo chegaria, Qinsu me disse que estava tudo bem. Eu realmente não entendo o que pode ter acontecido naquele shopping.

Chegamos em casa, meu pequeno deixou um beijo na testa de A-Yang e um carinho em sua barriga e subiu as escadas sem nem olhar para mim.


- A-Yang... - Choraminguei, assim que A-Yi sumiu escada acima. - O que aconteceu?


- O que aconteceu? - A-Yang me encarava com um olhar assassino. - Eu te avisei que sair com aquela garota mimada daria merda, mas você me ouviu? Não. - Ele começou a caminhar na minha direção. - Agora a vagabunda Jin, falou um monte de besteiras para A-Yi. - A-Yang terminou me dando uns socos no peito, e ele era bem forte por sinal.


A irá de A-Yang foi distraída, pela porta sendo aberta pelo A-Chen. Ele liderava o caminho com A-Niang e Wen Qing amparando Wangji, que parecia branco demais.


- O que aconteceu? - Perguntei indo de encontro a eles. Minha mãe suspirou antes de responder.


- Tivemos um problema na cede... A-Xian subjugou a todos, ele é o novo líder.


Essa foi toda a explicação que tivemos antes de eu ouvir A-Yang sair porta a fora, afoito.


- A-Yang... - Ouvi A-Chen gritar.


- Eu preciso ir ver como ele está. - A-Yang gritou por cima dos ombros, saindo em direção a garagem.


A-Xian e A-Yang tinham uma amizade que era de se admirar e todos nós sabíamos que, o único capaz de achar A-Xian a essa altura era ele. Vi A-Chen tentar ir atrás do esposo, mas foi parado por A-Niang.


- Deixe ele... - Ela mandou. - A-Yang vai conseguir acalma-lo.


- Por que ele? - Wangji perguntou e o tom irritado e os olhos violeta de seu lobo não passaram desapercebidos por nenhum de nós.


Mas antes que qualquer um pudesse responder, Wangji fica ainda mais pálido (se é que era possível) e desmaia. Eu ajudei os outros a levarem Wangji para o quarto e enquanto Qing o examinava, fui de encontro ao meu pequeno.


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Bati na porta três vezes.


- Meu pequeno... nós precisamos conversar. - Não tive nenhuma resposta. - Por favor Jingyi...


Meu corpo cedeu quando cai de joelhos no corredor, sabia que ele estava magoado, e sinceramente não vi a necessidade de contar a ele sobre a Jin, se arrependimento matasse eu estava mortinho. Mas o que realmente estava me matando era o silencio do meu ômega, eu preferiria mil vezes que Jingyi me batesse, gritasse, fizesse um escândalo. Com um suspiro cansado decidi que o melhor a fazer seria desabafar, mesmo não tendo certeza se ele estava me ouvindo, minha esperança era que ele estivesse e me deixasse me desculpar de forma adequada.


- Jingyi... - Comecei encostando as costas e cabeça na porta do quarto. - Sei que está chateado meu pequeno e não tiro sua razão. Mas preciso que acredite em mim... - Eu comecei a falar o que vinha a cabeça e acabei fechando os olhos. - Desde que eu tinha 10 anos eu sabia do meu prometido, A-Niang sempre me contou que meu ômega era lindo, inteligente, gentil e meu lobo sempre adorou escutar o que ela falava. - Soltei uma risada anasalada. - Não sou um santo Jingyi, já tive muitos ômegas tanto homens quanto mulheres em minha cama, mas nunca passou disso. A um mês atrás parei com minhas aventuras e passei a negar os convites que recebia... no fundo eu já sabia que você viria em breve, mesmo que eu não soubesse quando. E desde esse dia não tive mais ninguém. - Suspirei. - O dia que vocês chegaram e que pude por meus olhos em você... - Dei um sorriso. - Meus instintos dispararam em uma confusão sem tamanho, eu só queria te arrancar daquela mesa, te trazer para meus braços, cuidar e mimar você. Me apaixonei no segundo que meus olhos cruzaram com os seus, e realmente fico feliz demais com isso. Então abre essa porta e me deixe te pedir perdão por não ter contado antes.


Aguardei...

Segundos, minutos, horas e nada...

Três horas depois eu ainda estava ali sentado no chão do corredor, meu peito doía de angustia e aflição. Levantei e me virei para a porta que permanecia fechada, me impedindo de chegar a Jingyi. Suspirei encostando a mão e a testa na madeira clara.


- Eu vou esperar meu pequeno, e prometo te provar que eu te amo.


Saio dali seguindo triste e despedaçado para o meu quarto.


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Permanecer sentado atrás daquela porta e escutar tudo que Sizhui havia me dito mexeu comigo, meu lobo estava radiante com a declaração. Dizer que eu queria abrir aquele pedaço de madeira que me separava do meu alfa e me jogar nos braços fortes dele era desnecessário, mas eu estava magoado. E sinceramente nem eu entendia o por que me magoou tanto algo tão pequeno, mas Sizhui tinha que entender que no nosso relacionamento não poderia haver mentiras e com isso permaneci em silencio, o ignorando propositalmente, mesmo que me magoasse tanto.

Quando o ouvi se levantar e sair, soltei um suspiro cansado, e só quando tinha a certeza absoluta de que ele já estava longe o suficiente, murmurei para mim mesmo.


- Eu também te amo meu alfa, mas você precisa saber o quanto tudo isso doeu...


Uma lagrima traiçoeira escapou dos meus olhos e eu joguei minha cabeça para trás encostando na madeira clara da porta, que nos separou por longas três horas silenciosas.

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