O Traidor

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Durante toda a noite, os cavalos do estábulo relinchavam para deixar qualquer pessoa surda, todos estavam agitados e com medo, pois temiam o que aconteceria.
Na biblioteca, Katerin, Galadriel, Sofie e Alice tentavam juntas cruzar o cosmos, tentando fazer uma ligação para formar uma camada protetora envolta do castelo e da aldeia, a magia delas tinha de ser o suficiente para fazer esse feitiço de proteção, pois ajudaria a retardar o inimigo.
Kayra, Korum, Leonard e os soldados estavam a arrumar todo o armamento que eles usariam em combate. A cada hora que se passava, o medo aumentava, já não tinham mais tanta fé em continuar vivendo, temiam que este fosse o verdadeiro caos de Etherium.
Na biblioteca, a ligação entre o cosmos estava indo muito bem. Elas conseguiram se conectar com os protetores do véu que fariam todo o possível para ajudarem a proteger a aldeia dando a elas um livro de feitiços para qual precisaria da energia de todas elas mais a de Kayra para que a camada protetora fosse posta com êxito.
Ao findar o dia todos foram para suas
casas, ao longe dava para se ver os soldados do inimigo, a desvantagem
grande, os guardiões já quase não tinham mais esperanças, mas de repente viu-se um clarão no céu brilhar tão forte quanto uma tocha acesa num lugar sombrio; a luz foi descendo cada vez mais e todos puderam presenciar aquele momento, com rajadas de luz cor azulada e branco como um meteoro vindo do céu a luz foi descendo até cair no lago. Como num piscar de olhos todos os guardiões foram para o lago tensos pensando que seria um ataque do inimigo, mas chegando lá tiveram uma surpresa de deixar todos perplexos, pois ao redor de todo o lago estavam várias estrelas de todos os tamanhos, cores e luz; suas pontas eram tão finas quanto agulhas, tão afiadas quanto espadas, e seu brilho poderia ser comparado com o brilho do sol.
- Isso é uma resposta, significa que não estamos sozinhos. É como se algo quisesse que nós lutássemos, imaginem só isso não aconteceria por acaso. - Galadriel estava perplexa com tudo aquilo não tinha idéia de onde vieram tantas estrelas.
- Ta! Ok! Mas o que vamos fazer com tantas estrelas ? -Leonard estava tentando intender para quê tudo aquilo.
- Vamos usar como luminares e armas. - disse Alice - Sei que é estranho ter que usar estrelas como armas, mas sei como podemos usá-las para nós proteger.
- Então diga - nos como ? - perguntou Sofie.
- Teremos que pendurá-las nós corredores do castelo e do vale, e elas tem que ficar invisíveis, de modo que os nossos inimigos não as vejam, somente nós, assim se invadirem o castelo serão mortos certamente. - Disse Alice.
Então assim foi feito, todas as estrelas foram penduradas nós seus devidos lugares, e Katerin fez um encantamento para que somente aqueles que são do bem pudessem ver as estrelas, para que não se ferissem com suas pontas agudas.
Depois de tudo pronto, todos voltaram novamente aos seus postos. Todo o reino já estava protegido pela camada protetora que tinha um formato de cúpula. Agora Galadriel, Sofie, Katerin e Alice também se juntaram para lutar por seu povo. De repente quando todos os sete estavam posicionados um ao lado do outro uma luz surgiu no meio do peito de cada um deles e quando se apagou suas roupas estavam diferentes, preparadas para essa batalha. Eles sentiram em seus corações algo extremamente encorajador fazendo - os sentir cada músculo de seu corpo, cada batimento em seus corações, cada respirar e suspirar que davam. Se sentiram mais fortes e confiantes, como se nada daquilo conseguisse os abalar, estavam dispostos a morrer por uma causa nobre e justa. Morrer para salvar a vida daqueles que também morreriam por eles e por aquela terra.
Por um minuto o tempo parou, e se foi possível ouvir o silêncio e também as preces de cada soldado ali presente, pedindo a um ser supremo que se possível poupasse -lhes a vida, pois queriam ter a oportunidade de ver sua família mais uma vez.
E assim começou... Assim que um exército se cruzou com outro a terra estremeceu, as muralhas do castelo balançou e se ouviu um trovão vindo dos céus com tamanha força que pode sentir o estralo em seus peitos.
O tempo foi passando, e o exército inimigo parecia nunca acabar, os guardiões estavam com homens escondidos como uma arma secreta, que imaginaram que já era chegada a hora de usá - los .
- Korum - gritou Kayra - vá buscar os homens agora, rápido. Não conseguiremos agüentar mais tempo sem eles, estamos sendo derrotados.
- Kayra peça a Leonard, ele é mais rápido. - Korum disse aos berros.
- Não! Nem consigo vê-lo tem que ser você! Anda Korum não agüentaremos muito mais pedirei para Sofie lhe dar cobertura. - Kayra implorou.
- Está bem, giga a ela que estou à caminho. - concordou Korum.
E assim Kayra pediu a Sofie para acompanhar Korum, e desta maneira ela o fez, pensando que caminhariam para uma vitória... Quando na verdade ela estava prestes a vivenciar algo terrível ao qual nunca mais poderia ter perdão.
Quando enfim chegaram aos portões, depois de terem enfrentado tantos homens, chegaram numa passagem ao qual Sofie desconhecia, e ficou surpresa em ver que Korum sabia de sua existência sem nunca se quer tê-la mencionado. Passando por ela foram parar em um tipo de pátio onde não havia teto, e a única coisa que os iluminava era a luz da lua.
- Não era para você avisar os homens que já precisamos deles Korum? - perguntou Sofie intrigada com a situação.
- Talvez ! Mas não que eu queira fazer isso. - Disse Korum em tom sarcástico.
- Como assim Korum? Não estou lhe entendendo?! Por um acaso estás a nos trair justo agora, vai se acovardar? - Sofie estava confusa com as palavras ao qual acabará de ouvir.
- Sabe o que acontece Sofie?! É que eu já estou cansado de mesmo sendo um guardião com tanta força sabedoria, tanto poder eu ainda ter que receber ordens. Eu sozinho poderia muito bem lidar com todos os problemas desse reino, eu poderia ser rei governar tudo isso sozinho.
- O que está me dizendo Korum, você nunca foi menosprezado por nada e nem por ninguém, sempre procuramos fazer tudo em um único nível, aqui ninguém é melhor que ninguém, e falando assim só se torna cada vez mai um ignorante de si mesmo. E além do mais Korum, se conseguisse, o que faria com todos os outros que aliás são seus amigos, o que faria comigo? Ou por acaso mataria à todos nós ? - Sofie estava decepcionada com As palavras de Korum, suas emoções se transformavam em lágrimas de dor que escorriam por seu rosto.
- Claro que não poderia me desfazer assim dos outros, eles podem me trazer muito dinheiro; certamente eu os venderia, e me enriqueceria cada vez mais de modo que nada nunca viesse faltar. Agora, quanto a você minha querida Sofie, lhe convido para ser minha rainha, e juntos governarmos este reino e tomarmos toda a Etherium para nós. O que me fiz desta proposta minha querida? Você sabe que eu te amo e que sofreria muito lhe perder, mas se não aceitar também não trarei o menor receio de lhe vender como um objeto sem valor que caiu no chão e se trincou. Vamos agora só depende de você, a escolha é sua.
- Sabe Korum, por todos esses anos ao qual conheci você nunca pensei que você fosse capaz de tamanha crueldade, e não venha querer jogar esse tipo de escolha para cima de mim como se tudo já estivesse perdido, e nada mais importasse para mim, pior os meus amigos estão lá fora lutando sofrendo e com dor, mas mesmo assim lutam por um bem maior sem nunca deixar a esperança morrer, e você aí se ajeitando de algo que nunca aconteceu, como uma criança mimada que só se aproveita uma vez e vai fora e se não deixarem-na fazer o que quer ela faz o maior escândalo que puder sem perceber que está humilhando a si mesma. Korum auaí nunca lhe faltou amizade amor e carinho, todos somos iguais, mas se não pensa assim, não serei eu que irei desistir, pois se quiser desistir desista sozinho e não influencie mai ninguém com você. Pois eus vou continuar lutando nem que isso me custe a vida!
- Bravo! Bravo! Minha querida será que já lhe passou por sua cabeça ser atriz? Pois você encena muito bem. - disse uma terceira voz que vinha das sombras batendo palmas de modo sarcástico. - sabe o que é mais interessante minha querida é que mesmo você estando a fazer tudo isso, ainda sim está aqui, e não creia que seus amiguinhos sobreviverão. Eu ofereci a Korum algo que nenhum de vocês nunca poderia conceder, prestígio ainda mais é claro ele sendo meu filho. - ao terminar de dizer estas palavras o dono da voz se revelou saindo das sombras, e revelando seu rosto maligno. Sim Korum era filho do inimigo que causara todo aquele transtorno; filho de Agorim.
Sofie não acreditava no que estava acontecendo ali naquele momento, e não teve outra opção a não ser sair correndo por um lugar que mal conhecia mas ela apostou na sorte. Nisso saiu no pátio principal do castelo, e foi direto para o esconderijo para chamar os outros soldados. E ouviu vindo logo atrás, passos largos e rápidos que estremeciam o chão a cada vez que o tocavam. Korum estava perseguindo Sofie, e claro ele era bem mais rápido do que ela; nisso Sofie teve uma idéia, foi aí que ela deu um salto e abriu suas asas tão brancas quanto a própria neve e as nuvens do céu. E nisso ganhou vantagem em questão de velocidade. Porém Korum tinha uma arma com ao qual Sofie não contava, ele jogou sobre ela uma rede feita de correntes de prata que era tão pesada que Sofie não conseguia-se levantar. Korum tirou um punhal que estava escondido por debaixo da capa, mas assim que ia crava-lo em Sofie, Galadriel aparece voando e derruba Korum fazendo-o ficar inconsciente. Galadriel ajudou Sofie a se levantar, e nisso seguiram para o esconderijo, mas Galadriel lançou um feitiço de imagem em um dos túneis próximo ali para parecer que Sofie e Galadriel estavam escondidas no túnel e para que ele fosse atrás, e só depois disto saíram.
Quando Korum acordou foi direto para o túnel mas ele havia esquecido de um terrível detalhe, tomado pelo ódio esqueceu que no túnel estavam algumas estrelas que caíram do céu, e que elas cortariam a tudo o que fosse fazer mal para aquele lugar.
Esse supostamente seria um fim trágico para Korum que mesmo tão machucado com isso ainda tentou insistir mas não adiantou, desfaleceu ali mesmo, ou pelo menos pensaram que sim.
Ao voltar com os homens Galadriel e Sofie estavam tentando esconder o que houvera acontecido, mas seus amigos estranhavam seu silêncio e a falta de Korum.
- Galadriel, o que aconteceu? Por que você e Sofie estão tão caladas e onde está Korum? - Leonard perguntou preocupado.
- Acalme-se Leonard, vai precisar, não temos como contar o que aconteceu agora, temos que terminar isto. Mas só posso lhe adiantar uma coisa, que fomos avisados, tínhamos um traidor entre nós. - Disse Galadriel com um peso em sua alma.
A guerra seguia forte, Katerin estava a controlar as árvores como houvera feito  uma vez, Kayra lançava suas chamas, todos ajudavam como podiam, mas ainda sim parecia não ser o suficiente.
Porém novamente viu se no céu descer mais estrelas e cair encima do inimigo, mas dessa vez tinha uma diferença, pois se elas não esmagavam  o  inimigo quando caiam elas mudavam suas formas para homens e lutavam como guerreiros. Depois de tanta carnificina a guerra acabou, Etherium venceu e adquiriu o direito de sua terra.
Quando chegaram ao castelo Alice e Galadriel perceberam que o corpo de Korum já não estava mais lá, havia simplesmente desaparecido mesmo após sua morte.
Os guardiões se encontraram na sala do trono e logo os outros estavam a se questionar onde estaria Korum, e nisso Sofie deu início aos fatos ocorridos :
- Korum está morto! Ele morreu ao passar por um dos túneis do castelo. -ao dizer isso Alice perguntou:
-Mas as estrelas nos túneis eram para ferir somente os inimigos, por que ele foi atingido?
- É óbvio até de mais o porquê. Korum era nosso inimigo, sempre foi e nos enganou durante todo esse tempo. Ele é quem era o nosso traidor, ele é o filho, o único descendente de Agorin, ele quem parou o tempo para que todos os soldados tivessem sobrevivido quando invadimos o esconderijo deles, ele era o nosso mal. - Sofie disse isso aos prantos, não queria acreditar no que dizia e ao redor todos os presentes estavam pasmos, tristes e surpresos da pior maneira, e nenhum deles queriam acreditar no que seus ouvidos ouviam naquele momento.

AS CRÔNICAS DE ETHERIUMOnde histórias criam vida. Descubra agora