Trono de Espinhos - Daemyra (CONCLUÍDA)

O incêndio de Bellatar

Amando receber cada um dos comentários de vocês! Avisos: eu alterei alguns acontecimentos (e algumas ordens de eventos) que seriam naturais à obra original, para que eu pudesse manipular esses eventos de forma a cumprir melhor com a minha história. Outro ponto: tudo que está em itálico, sem exceção, é falado em alto valiriano (nesse e em qualquer outro capítulo também).
Me deixem comentários!
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Porto Real não era assim tão quente no verão, mas naquele dia em particular, nós derretíamos. Ou então, era eu quem derretia. Vestiram-me com uma capa vermelha feita de seda valiriana, com bordados em ouro que se estendiam dos ombros até os tornozelos. A capa valia mais do que os investimentos que tínhamos feito nas arquibancadas para os torneios daquele dia, e ainda assim, o que eu mais queria era pedir a Caraxes para incendiá-la. A coroa parecia pesar cinco vezes a mais sobre a minha cabeça do que em dias normais, e como se não bastasse o calor e a fortuna investida naquele festival ridículo, havia uma sequência de solenidades que parecia não ter fim. Meu rosto transparecia abertamente os incômodos que eu sentia, que chegavam a ser físicos.

— Em seguida — Gritou o anunciante, apontando o portão de entrada. — Sor Laenor Velaryon, primogênito da Casa Velaryon e herdeiro de Driftmark!

Assim era o início da cerimônia: um criado qualquer gritava os nomes e descendências dos lordes e cavaleiros que cruzavam o portão; além dos chefes das famílias, eram também anunciados os seus herdeiros presentes, e todos eram recebidos por uma sessão de aplausos e reverências, que eu optava por ignorar completamente. Como de costume, minha atenção pendia um pouco mais para a taça de vinho que eu tinha em mãos - a quarta ou quinta - e que também não servia para amenizar aquele tédio gigantesco, que já era para mim quase como uma doença crônica.

— Em seguida! Sor Jason Lannister, primogênito da Casa Lannister e herdeiro de Casterly Rock!

Eu não tinha oferecido a mão de Rhaenyra durante aquele festival, mas os lordes e conselheiros daquelas Casas provavelmente imaginavam que estávamos sondando um pretendente; era a única explicação que se encaixava na cerimônia que eles faziam, estufando o peito como galos orgulhosos quando entravam pelo pátio.

Bellatar também era popularmente conhecido como "festival das boas notícias"; além de funcionar como um ritual de fartura para a entrada do verão, era também uma cerimônia onde se anunciavam parcerias comerciais, conquistas e ampliações de terras férteis, promessas ao vento que no fim não significavam nada, mas que serviam para dar ao reino um patético vislumbre de esperança para o futuro. Esperava-se que o Rei fizesse um discurso, e quando era Viserys a promover o festival, ele ficava só perdendo tempo, agradecendo aos sete ventos e ao que mais os deuses quisessem por mais um ano de paz e prosperidade. Como Rhaenyra agora estava com dezenove anos - e ainda solteira - era natural que os lordes vizinhos esperassem um anúncio de abertura às propostas de casamento. Teriam um grande desapontamento.

Apesar de todo o aborrecimento que aquela cerimônia já tinha me causado, eu aguardava ansiosamente pelo meu momento de discursar. Eu não tinha preparado nada ainda para aquela tarde, mas o improviso era uma das minhas mais altas qualidades, e se fosse um improviso para ver o choque estampado na cara daqueles lordes miseráveis que pensavam ser alguma coisa, tanto melhor seria.

— Vossa Graça — Ryam Redwyne, a quem eu recentemente tinha promovido ao cargo de Mão do Rei, sussurrou ao meu lado. — A Princesa Rhaenyra chegou.

Os arcos de flores espalhados pelo pátio não tinham servido em nada para melhorar o meu humor desde que eu tinha chegado ao evento, mas a chegada de Rhaenyra serviu para alguma coisa. Como uma verdadeira Targaryen, ela não chegou pelo chão, mas pelo céu; Syrax cruzou as nuvens sobre nossas cabeças e aterrissou levantando muita poeira, fazendo com que os criados ao redor tossissem e eu – inevitavelmente – sorrisse pela sua entrada de efeito. Saí da tenda real para recebê-la, oferecendo um braço para apoio enquanto ela descia de Syrax. Ela abriu um sorriso ao me ver também.