Emboscada diplomática

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Nem eu imaginei que viria tão cedo, mas a inspiração bateu forte kkkk. Espero que gostem e me deixem comentários <3
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A mesa de refeições dentro dos aposentos reais já tinha sido palco de muitos eventos nas últimas vinte e quatro horas; além de ter sido usada para me reaproximar de Rhaenyra e testemunhar nosso noivado, ela agora era utilizada de novo, na noite seguinte. Somente havia três pessoas presentes naquele jantar sem apetite: eu, Rhaenyra e Redwyne, minha Mão atual.

— Com todo o respeito, Sua Graça — Redwyne falou em tom baixo, enviando-me um olhar preocupado. — Não gosto do plano. Acho que tem muitas falhas.

— Sei que não é a ideia mais brilhante do mundo — Rhaenyra rebateu, com o semblante muito sério. — Mas é a única forma de tirarmos Alicent do caminho. É o jeito mais seguro.

— Eu preferia matá-la com um golpe da Irmã Sombria — murmurei, enchendo uma nova taça de vinho, mas Rhaenyra me deu um pequeno chute por debaixo da mesa, como se pedisse para eu não beber mais. Ignorei. — Se estou me segurando, é pela sugestão de vocês.

— Ninguém na Corte vai comprar essa história — Redwyne insistiu.

— É melhor do que matá-la com um golpe de espada — Rhaenyra retomou.

— Com todo o respeito, princesa — ele meneou a cabeça negativamente. — É melhor nós a pendurarmos em praça pública do que seguir o seu plano.

— Cuidado com as suas palavras, Redwyne — ela ameaçou, mas ele não desviou os olhos.

Àquela altura, eu já tinha desistido do debate. Dei novas goladas no meu vinho e me permiti encostar as costas na cadeira, já não sendo nada ali além de um  mero espectador em uma discussão sem fim.

O plano que Rhaenyra era um; o de Redwyne era outro; nenhum deles realmente supria à minha vontade, mas estávamos àquela hora da madrugada sentados na mesa por um único motivo: decidir de que forma conduziríamos a morte de Alicent Hightower.

Para Redwyne, o certo era declarar traição; ser o mais transparente possível com relação à Corte. Diríamos que Alicent espalhou mentiras sobre mim e que seria morta por conta disso. Mas o plano era ruim: além de deixar claro que quem a estava matando era a Coroa, envolvia grandes chances de instaurar o pânico na Fortaleza e enfraquecer nossa aliança com muitas casas que haviam jurado lealdade a mim. Os Hightower eram influentes, afinal. Ainda assim, Redwyne defendia seu plano, pois dizia que a verdade viria à tona de qualquer forma e que, além de perderem Alicent, os Hightower ainda ficariam ofendidos por termos tentado enganá-los. A grande verdade era que todos sabiam do meu desdém pelos Hightower - nesse ponto, Redwyne até tinha alguma razão. 

Já o plano de Rhaenyra era outro; considerando que Alicent estava há seis dias trancada numa torre, nós diríamos que ela havia contraído a mesma doença de Viserys em pouco tempo. Convenceríamos a todos na Fortaleza que a doença era fortemente transmissível e que era por isso que Alicent estivera em isolamento. Nós declararíamos que ela havia morrido pelos mesmos motivos que meu irmão estava agora acamado, em uma variação mais letal e mais rápida da doença. Este plano também envolvia fazermos uma encenação; depois de morta, Alicent teria sua pele cuidadosamente marcada para parecer que de fato ela possuíra ferimentos como os de Viserys. Segundo Rhaenyra, essa possibilidade era mais diplomática e tinha menos chances de levantar uma revolta nos Hightower.

Por fim, para mim... bem, a resposta era simples. Eu queria sentir minha lâmina pingando com o sangue de Alicent, sem nem pensar nas consequências. Era o pior plano de todos, mas o mais satisfatório.

— Sua Graça — ela segurou minha mão, chamando assim a minha atenção. — Matar Alicent foi a decisão mais difícil que já tivemos que tomar. Deixe-nos seguir com um plano diplomático, ao menos. Você sabe que é melhor, tio. Será menos traumático para todos nós.

Trono de Espinhos - Daemyra (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora