Passando para lembrar que tudo que está em itálico sempre é alto valiriano; essa informação é importante pra que vcs possam entender melhor os diálogos. Continuem me deixando comentários!!!!! Façam minha alegria
*
*Viserys não morreu naquela noite e nem nas três noites subsequentes. Na quarta, os assuntos da Corte foram retomados normalmente, e inclusive Rhaenyra voltou a participar das reuniões do Pequeno Conselho, ainda que agora o seu pai – meu irmão – estivesse desacordado sobre um colchão há quatro dias.
A culpa da piora de Viserys tinha sido de Caraxes e todos nós sabíamos. No vôo em que fizéramos juntos, o corpo de Viserys estava tão solto sobre a sela, que eu tive que prendê-lo com grossas cordas à minha também, para me certificar de que ele não voaria lá de cima direto para o chão; a cada curva, o seu tronco pendia um pouco mais para cada lado, e quando Caraxes aterrissou, a corda cedeu – Viserys desfaleceu sobre as suas escamas e foi retirado de lá por mim e mais dois outros cavaleiros, esses da própria Guarda Real.
Desde então, ele não voltou a abrir os olhos, mas respirava. Os meistres diziam que não voltaria a acordar. Ficaria eternamente naquele estado entre a vida e a morte, ao qual não sabiam dar nome.
— Sua Graça. — Redwyne sussurrou para mim ao fim da quarta noite. Era tarde e eu tinha perdido a noção das horas. Estávamos todos reunidos na sala reservada ao Pequeno Conselho; todas as cadeiras estavam ocupadas e quem havia discursado nos últimos minutos era Lorde Corlys Velaryon. — Sua Graça, creio que Lorde Corlys vai querer saber sua posição sobre este assunto ainda hoje.
Que assunto? Eu não sabia. Uma taça de vinho pendia solta na minha mão e eu ocasionalmente a agitava um pouco para manter o líquido fresco. Nos últimos minutos – ou talvez horas – eu havia estado em outra realidade, com a mente absolutamente apagada, de forma que os lábios de Corlys Velaryon até tinham se movido, mas as palavras eram um emaranhado de sons sem sentido algum.
— Vou pensar. — Respondi.
Eu não estava preocupado. Seja lá o que fosse, não era um problema tão grande quanto aquele que Alicent havia depositado recentemente em minhas costas. Era nisso que eu pensava: nela; em Viserys; na possibilidade do assassinato dela e na eventual ressurreição de Viserys, e em como eu faria para explicar a morte de sua esposa; pensava em Aemond e na possibilidade de matá-lo, ou de enviá-lo para os confins da muralha do Norte. Uma saída era pior do que a outra.
— Sua Graça — Lorde Corlys tomou de novo a palavra e agora estava irritado. — Já faz dias que eu trago este tema ao Conselho. O domínio do Engorda Caranguejo nos Degraus já prejudicou suficientemente o trânsito das nossas mercadorias, e em breve vai prejudicar também o abastecimento de-
— Vou pensar. — Repeti em tom mais alto, e alguns outros literalmente se encolheram na cadeira ao me ouvir falar.
— A cada dia que perdemos, o domínio dele se fortalece — reclamou. — Diferente de seu irmão, Sua Graça é um Rei guerreiro, que porta uma espada lendária. Estou certo de que não vai deixar essa situação-
— Lorde Corlys, o nome de meu irmão não será citado nesse Conselho hoje — rebati. — Vou pensar no tema e falaremos outro dia. Esta reunião está encerrada.
Cada um deles se levantou de sua cadeira e se encaminhou para a saída. Eu estava exausto e o vinho já não surtia o efeito que eu buscava. Na falta de uma copeira, enchi minha própria taça pela oitava ou nona vez e caminhei em direção à lareira, apoiando-me na parede ao lado. Observar o fogo quase sempre me acalmava; mas tampouco ele era capaz de resolver minha situação naquela noite. O controle fugia às minhas mãos como a areia fina dos desertos amaldiçoados de Dorne.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Trono de Espinhos - Daemyra (CONCLUÍDA)
FanficDaemon Targaryen usurpa de Viserys I o Trono de Ferro. No começo, todos os seus sonhos parecem ter sido realizados; mas dura pouco até Daemon perceber que tem algo - ou alguém - faltando em sua fantasia. Um alguém que não vai perdoá-lo tão facilment...