Laços indesejados

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Pensaram que eu tinha morrido, mas nãoKKKKK. Peço desculpas na demora da att, eu entrei de férias, to viajando e perdi um pouco o controle da minha vida (mas no bom sentido dessa vezkkkkkk). Espero que gostem do capítulo. Me deixem comentários pfv

*

Nos últimos tempos, as estações tinham sido breves, durando não mais que alguns anos. Dessa vez, os meistres diziam que o verão duraria pelo menos uma década, segundo tinham lido nas estrelas – ou seja lá onde costumavam ler aquele tipo de coisa. Orwyle, em toda a sua suposta sabedoria, ficava indo e vindo pelos corredores da Fortaleza Vermelha, espalhando a quem quisesse ouvir que o começo do verão estava sendo ameno, mas que depois seria quente o suficiente para nos dar a impressão de que vivíamos num verdadeiro inferno, e que, quando o inverno chegasse, o inferno seria pior ainda. Para mim, tanto fazia. As coisas caminhavam tão bem, que eu já começava acreditar que nem as estações do ano conseguiriam me atingir.

Tudo tinha melhorado. Além de eu já estar um pouco mais adaptado à chatíssima rotina da Corte, Rhaenyra estava se dando muito melhor comigo. Agora, ela ria durante os treinos e manejava a espada – que não era de aço valiriano, nem nada parecido – muito mal, quase como uma criança atrapalhada. Era o que eu achava, e era o que eu dizia, mas ela não ficava ofendida. Ao invés disso, dava risada, e quando eu dizia que levasse os treinos mais a sério, me respondia:

— Me ensine então. Ou você já nasceu sabendo empunhar a Irmã Negra?

O sorriso passava do rosto dela ao meu, e isso fazia os treinos sempre serem leves. Mesmo quando ela já estava ofegante e toda suada por debaixo daqueles trapos de roupa, dizia:

— Eu estou levando a sério! Só nunca pensei que alguém fosse me ensinar isso algum dia!

No fim, os treinos se tornaram um refúgio, tanto para mim quanto para ela. Sempre aconteciam à noite e sempre íamos em segredo para a mata de Kingswood, longe dos olhares de qualquer curioso. Com certeza, alguém percebia que nós dois fugíamos da Fortaleza em plena madrugada, sempre juntos e no mesmo horário, mas ninguém dizia nada. Talvez pensassem que fazíamos outra coisa – e talvez até Harwin pensasse, porque agora a cara dele em todas as manhãs era a de quem voltava de um velório. Ao menos, eu tinha uma diversão naqueles dias infinitos no Trono de Ferro. Quando as reuniões com o Conselho ficavam chatas demais, era para ela que meu pensamento pendia, como sempre. Algo novo nos conectava, e era o gosto por empunhar lâminas debaixo do céu noturno.

Já tinham se passado algumas semanas de treino quando ela abriu caminho à nossa comunicação – coisa que, nas palavras delas, era me dar uma "segunda chance". Era cheia de dizer essa coisa sobre segundas chances, como se eu já tivesse queimado minhas primeiras.

Naquela noite, o céu estava mais estrelado que o normal; talvez fosse o verão, mas nem uma nuvem sequer cobria a vista sobre as nossas cabeças. Rhaenyra permitiu-se cair sentada no chão, exausta, e eu aloquei a ponta da Irmã Negra em seu pescoço.

— Você pensa que o inimigo vai te dar trégua se você estiver cansada?

Ela manteve-se imóvel, mas ergueu os olhos para mim.

— Se meu inimigo for um Rei Targaryen, minha morte será um ato de misericórdia da parte dele — e sorriu. — Sente um pouco comigo, tio.

Eu não recusaria um convite como aquele, especialmente depois de horas treinando-a em plena madrugada, então sentei ao seu lado. A floresta rodeava tudo, exceto o céu iluminado sobre as nossas cabeças. Apesar de ser uma noite quente, ventava; o farfalhar das folhas era entrecortado pelo som das cigarras. Rhaenyra fechou os olhos ao meu lado e sussurrou:

Trono de Espinhos - Daemyra (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora