Acordo à luz de velas

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Eu quase desisti de postar essa fic aqui porque não tava tendo muito retorno a princípio, mas vocês apareceram e mudaram tudo! Continuem deixando comentários pra mim

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Rhaenyra já não se ausentava nos compromissos em que era requisitada. Ocasionalmente, quando tínhamos uma audiência - que o Conselho considerava ser - importante, ela estava presente. Os assuntos da corte eram infinitamente tediosos e meu olhar pendia descaradamente em direção a ela, de tal forma que imaginei que outros presentes já começavam a notar.

Durante muitos anos, quando ainda não ocupava o posto de Rei, dei-me ao luxo de faltar em inúmeras reuniões do Pequeno Conselho montado por Viserys. Eu não tinha interesse em ser conselheiro, nem em ter que lidar com os sussurros e as fofocas que contaminavam a Fortaleza Vermelha como peste. Mas agora, como portador da Coroa, eu era o assunto central daqueles murmúrios. Bastava cruzar o Salão para sentir como os olhos alheios me seguiam e como as palavras eram secretamente trocadas entre os criados, os conselheiros, até mesmo alguns membros da família. Todos buscavam antecipar meus movimentos através dos meus gestos; e após cinco meses como suposto protetor dos Sete Reinos, eu já via as antigas olheiras de Viserys instalando-se na minha face. Rhaenyra era como uma fuga de tudo aquilo.

Depois de nossa última conversa, não insisti mais nas conversas sigilosas com ela; mas ainda que minha boca permanecesse fechada, era impossível controlar minha linguagem corporal, que instintivamente direcionava-se para ela assim que eu me sentava no Trono. Certa noite, Larys Strong interceptou-me no corredor quando eu voltava para os meus aposentos e tirou todas as minhas dúvidas: a Corte já tinha percebido o significado dos meus olhares.- Se permite, Vossa Graça. - E fez uma reverência desajeitada sobre a bengala. - Se existe alguém na Corte que não precisa de consentimento para tomar uma esposa para si, esse alguém é Vossa Graça. Seria uma honra para ela. Outras mulheres dariam a vida para ter essa sorte no destino.

Em minha defesa, tinha sido um dia difícil; todos estavam sendo. Ainda que um Rei não precisasse andar armado, eu não abandonava a Irmã Negra por nada no mundo, e quando aquelas palavras venenosas saíram da boca daquela corja, vi ali uma oportunidade para descontar o meu ódio contido.

- Essa é a sua sábia sugestão para mim, Lorde Larys? - Abri um sorriso sarcástico. - Tomar a mão de minha sobrinha à força e destilar a discórdia em minha família?

- Vossa Graça. - Ele abaixou-se mais um pouco. - Só estou dizendo que existem saídas mais fáceis para vosso problema...

A bengala caiu no chão com estrondo quando eu o encurralei à parede, a Irmã Negra já sacada e estrategicamente posicionada naquele pescoço que agora suava à minha frente. Lorde Larys fechou os olhos em um pedido de misericórdia, mas eu já estava farto de demonstrar paciência.

- Uma cobra peçonhenta é o que você é. - Murmurei, sentindo nas mãos com a espada vibrava, ávida por sangue. - Diga-me, Lorde Larys, o que uma cobra pode fazer quando tem a sua língua cortada?

- Vossa Graça - ele estremeceu. - Tudo o que digo é para o bem de Vossa Senhoria.

- Você ofende a mim e a Rhaenyra.

- A Princesa não considera casar com Vossa Graça porque ela tem medo de perder seus benefícios.

- Que benefícios?

Ele abriu um pouco os olhos e havia ali uma maldade misturada ao medo.

- Com Vossa Graça como marido, ela não poderá mais satisfazer-se com os cavaleiros que a visitam durante a noite.

Trono de Espinhos - Daemyra (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora