Trono de Espinhos - Daemyra (CONCLUÍDA)

Reconstrução

É plot twist que vc quer, @?
Feliz ano novo kkkkkkkkkk
Um lembrete importante: nos diálogos, tudo que está em itálico é falado em alto valiriano.
A gente se vê nas notas finais!

—x—

CAPÍTULO 13:
Reconstrução

Em algum momento do dia seguinte, eu despertei; e quando isso aconteceu, dei-me conta de que não estava na Fortaleza Vermelha. Minha cabeça doía muito. A luz entrava por janelas abertas, balançando cortinas brancas; sob o meu corpo havia um colchão razoável, mas duro se comparado à minha cama verdadeira. Quando minhas vistas se acostumaram à claridade, eu já estava com a Irmã Sombria em uma das mãos, mas minhas têmporas latejavam tão fortemente, que seria difícil acertar um golpe naquelas condições.

Corri os olhos pelo lugar, lutando contra a dor nas minhas retinas. Além da grande cama onde eu me encontrava, havia um divã de tecido vermelho, uma grande banheira de ferro esmaltado e uma penteadeira. Imediatamente, reconheci o local, assim como reconheci o cheiro de sexo e bebida que amarrou meu estômago logo cedo. Eu estava a salvo, mas não se podia dizer o mesmo de minha dignidade.

— Devo dizer que fiquei surpresa ontem quando te vi — a voz de Mysaria ecoou nas paredes de pedra, e àquela altura eu já estava guardando a espada e soltando um suspiro derrotado. — Desde que você assumiu a Coroa, nós não havíamos voltado a nos encontrar, Sua Graça.

— O que aconteceu ontem? — Perguntei de uma vez.

Mysaria e eu tínhamos uma relação antiga. Ela era meretriz em Porto Real, mas já tinha se tornado mais do que isso em certa parte do meu passado. Éramos amantes e vivemos por algum tempo juntos em Pedra do Dragão após Viserys me deserdar. Mysaria já tinha ficado grávida de um filho meu, mas ao ser enviada de voltada às Cidades Livres à força - também por ordens de Viserys - perdeu a criança; por pouco não morreu, e voltou a Porto Real em outra embarcação. Fazia anos.

Ao ouvir a pergunta, enviou-me um olhar preocupado. Caminhou lentamente em minha direção, dando a volta na cama e se sentando ao meu lado. Ela usava um longo vestido branco, com um tecido fino o suficiente para deixar todo o corpo à mostra. Tinha os longos cabelos escuros soltos, e eles ondulavam conforme caminhava.

— Muitas coisas, meu Rei. Mas nada entre nós — e o tom de voz pareceu triste. Ela indicou minhas vestes, e apesar de eu estar sem a capa e descalço, as demais peças de roupa estavam em meu corpo. — É a primeira vez que isto acontece, e me deixou preocupada com você.

— Nós não transamos — concluí sozinho. Ela meneou a cabeça negativamente.

— Você estava tão fora de si, que acho que não conseguiria nem se tivesse tentado. Eu me atrevo a dizer que você bebeu além da conta, meu Rei.

— Então por que vim aqui? — Perguntei como se ela soubesse. Mysaria deu de ombros.

— Consolo, talvez.

Revirei os olhos nas órbitas e tentei me levantar da cama. Havia uma dor tão forte em minha cabeça, que demorei alguns segundos para me estabilizar, e inclusive me apoiei na parede mais próxima. Meu corpo estava fatigado como se eu tivesse vencido uma guerra inteira sozinho; mas a sensação era de derrota.

— Nunca te vi da forma como você estava ontem — murmurou. — Preciso te perguntar o que aconteceu.

O que tinha acontecido era que Rhaenyra estava grávida de outro homem e eu tinha descoberto em plena festa de nosso noivado. Disso eu me lembrava, mas dei de ombros.