A filha do treinador-Manu Ugarte

Capítulo 20

Margarida on

Os dias foram passando, eu fiz a minha escolha e agora tinha que lidar com as consequências dela.

Eu tenho evitado o Ugarte o máximo que consigo, eu confesso que é difícil, pois eu e ele tínhamos uma grande amizade, e talvez mais que isso, pelo menos era o que eu pensava, as pessoas achavam estranho esse afastamento, perguntando-me, se estava tudo bem entre nós, eu apenas respondia-a "Já esteve melhor".

O meu relacionamento com o Trincão, estava normal, não discutimos desde a última vez, temos saído frequentemente, mas quando saímos, eu não me sinto, como me sentia quando estava com o Ugarte, eu sei que são pessoas diferentes, mas com o Ugarte, eu sentia-me bem, sentia-me confortável, era como se nos conhecêssemos á anos, tínhamos sempre assuntos para conversar e não eram sempre os mesmos, e quando eu estava mal ele consegui-a por um sorriso no meu rosto, eu desabafa sempre com ele, independentemente de qual fosse o assunto.

Com o Trincão era totalmente o oposto, íamos sempre aos mesmos lugares, os temas de conversas eram sempre os mesmos, eu até tentava mudar o tema de conversa, mas ele respondia sempre vagamente, e não parecia interessado nas coisas que eu dizia, apenas concordava com a cabeça, parecia que eu estava a falar com uma parede.

O treino tinha acabado, e eu sei que não o poderia evitar durante mais tempo, conversei com a equipa técnica e comecei a caminhar até á minha sala.

—Margarida, espera—eu continuei a andar, como se não tivesse ouvido nada 

Ouvi os passos cada vez mais perto de mim, ele agarrou-me no braço, impedindo-me de continuar o meu caminho, eu tentei libertar o meu braço, e virei-me para ele.

—Podes-me largar, por favor—eu disse sem olhar para ele 

Eu senti o seu olhar sobre mim, mas recusei-me a olhar para ele, ele acabou por me soltar, e eu virei-me para continuar o meu caminho, mas ele apareceu á minha frente impedindo-me de continuar.

—Eu só quero falar—ele disse, olhei-o nos olhos, ele tinha um olhar suplicante

Eu prometi que me ía afastar dele, e é isso mesmo que eu vou fazer.

—Mas eu não quero—ele agarrou-me novamente e começou a arrastar-me pelo corredor

—Eu não quero saber—ele disse eu tentei sair do seu aperto 

—Eu disse para me largares—eu disse-lhe novamente

—E eu disse que não queria saber—ele respondeu, eu deixei que ele me levasse 

Ele arrastou-me até uma sala, assim que eu entrei ele soltou-me e fechou a porta, eu encostei-me na mesa de braços cruzados, á espera que ele dissesse o que queria.

—O que é que se passa?—ele perguntou ficando á minha frente

—Nada, apenas tenho estado ocupada—eu disse-lhe encolhendo os ombros

—Eu sei que não é isso, passa-se mais alguma coisa, tu não queres é dizer o que é—ele disse cruzando os braços

—Não se passa nada demais, apenas tenho de me concentrar no meu trabalho—eu disse suspirando

—O Trincão tem alguma coisa haver com isto não tem—ele acusou-o 

—Ele não tem nada a ver com isto, não o chames para a conversa—eu disse defendendo o Trincão

—Só pode ter sido ele, ela não se afastaria, sem mais nem menos—ele disse falando sozinho

—Já terminaste?—eu perguntei erguendo uma sobrancelha