chapter 43

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Quando a segunda semana de fevereiro foi se aproximando, tive a sensação de que o tempo estava correndo ao mesmo tempo mais rápido e mais devagar.

As horas que passava todos os dias na casa de Florence pareciam em câmera lenta, marcadas por longos períodos de silêncio e sono. Por outro lado, a cada vez que eu chegava, era como se a deterioração dela tivesse dado um salto.

Certa tarde, antes de ir buscar Sophie na escola, passei lá e a encontrei acordada na sala. Como ela e haiz estavam conversando Em voz baixa, propus ir embora, mas haiz fez que não com a cabeça.

Hailee: Fique – pediu ela. – Eu estava mesmo prestes a sair para encontrar um paciente. É uma emergência. Conversem um pouco vocês dois. Espero não demorar.

Sentei-me ao lado da minha amiha. Não perguntei como ela estava se sentindo. Sabia que ela odiava essa pergunta. Em vez disso, com uma voz arrastada e metálica, ela perguntou sobre lizzie e meu trabalho,
sobre Sophie e Brie, que tinha ficado na minha casa desde o natal.

Como ela se cansava muito depressa, quase só eu falava. Mais para o final, porém, indaguei se podia lhe fazer uma pergunta.

Florence: Claro que pode – respondeu ela, atropelando as sílabas.

Sn:Eu lhe escrevi uma carta no Natal, mas você nunca me disse o que achou.

Ela deu seu meio sorriso, aquele com o qual eu já estava acostumada.

Florence: Eu ainda não li.

Sn:Por que não?

Florence: Porque ainda não estou pronta para me despedir de você – respondeu ela.

Confesso que às vezes eu me perguntava se ela algum dia teria oportunidade de ler a carta. Ao longo dos três dias seguintes, toda vez que eu ia à casa de Florence ela estava dormindo, em geral no quarto.

Eu ficava uma hora ou duas na companhia de haiz ou da Scarlett, dependendo de qual das duas estivesse por lá. Admirava os últimos consertos e reformas feitos por meus amigos, e quase sempre comia um pratão de comida que a mãe de Florence punha na minha frente.

Costumávamos ficar na cozinha. No início eu achava que fosse porque ninguém queria incomodar Florence enquanto ela estivesse dormindo, mas mudei de ideia ao perceber que, se as marteladas do Evans não
conseguiam acordá-la, não seriam nossas vozes baixas que a acordariam.

Finalmente entendi uma tarde, quando Liz saiu para varrer a varanda. Sem ter o que fazer, fui até a sala e me sentei no lugar em que Florence e eu costumávamos ficar.

Evans estava trabalhando no banheiro sem fazer barulho, mas mesmo assim percebi um ruído estranho, ritmado, que parecia um ventilador ou uma ventoinha com defeito. Sem conseguir detectar sua origem, fui primeiro à cozinha, depois ao banheiro, onde me deparei com Evans deitado de costas no chão com a cabeça enfiada debaixo da pia nova, agora nos estágios finais de instalação.

Nesses dois lugares, porém, o ruído estava mais baixo. Só aumentou quando avancei pelo corredor, e foi então que entendi o que estava fazendo aquele barulho horroroso.

Era minha amiga.

Apesar da porta fechada, o que eu tinha escutado lá do outro lado da casa era o barulho da sua respiração.

Senti meu peito rasgar no meio. As lágrimas caíram e eu saí correndo da casa. Fui para o jardim e cai de joelhos. Pedindo para qualquer força do universo ou algo maior que isso, para salvar a minha amiga.

Senti braços ao meu redor e ao abrir os olhos, me deparei com lizzie me abraçando. Eu só precisava desabar um pouco, mas não pude me dar o luxo de desmoronar.

A assistente! (Elizabeth Olsen/SN) Onde histórias criam vida. Descubra agora