15. O passado sempre volta...

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"O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto".

Fernando Pessoa

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Ilha do Arraial: cofre secreto do laboratório subterrâneo da doutora Júlia Zaccarias...

Ano 1995...

Samira estava farta daquela cela, onde estava desde que se entendia por gente, ela jamais conheceu os seus pais, ou sequer soube, quem eles eram. Já que Júlia jamais lhe disse isso, ela odiava a loira que se dizia ser a sua mãe, como se de fato, a mesma fosse. Sendo que Samira sentia que a doutora Júlia não era, e jamais seria a sua mãe, bem no íntimo do seu ser, a mesma sabia disso. Samira era uma garota com um gênio difícil de se domar, e justamente por isso, Júlia a chamava de fera, ainda mais levando em conta que a mais jovem a atacou várias vezes, ao longo de sua existência, por assim dizer. Recentemente Samira havia aprendido a meditar, para tentar se controlar um pouco mais, só que, nem isso, estava adiantando mais.

Enquanto tentava meditar, Júlia apareceu em sua cela, com o seu famoso jaleco branco, e os seus cabelos loiros, na altura dos ombros. Samira nem precisou abrir os olhos, para saber que era ela, a doutora Júlia, que estava a uma distância segura da mesma. E que estava usando o seu habitual perfume adocicado de sempre. Perfume esse que Samira odiava.

- Sabia que você viria, mais cedo ou mais tarde, Júlia - Nisso Samira abre os olhos para ver a mesma bem diante de si - E para variar, está usando aquele perfume doce, que eu odeio.

- E você pelo que vejo, está cada vez mais petulante - Diz Júlia - Você me devia mais respeito e obediência, sendo que eu sou a sua mãe.

- Você não é a minha mãe, nem filhos você pode ter, que eu sei - A mira bem nos olhos dela, estreitando os seus, com desconfiança - En tão apenas pare de tentar me enganar, dizendo que é a minha mãe, mesmo porquê, isso nunca funcionou antes, e duvido muito, que funcione algum dia.

- Posso não ter te gerado dentro de mim, mas de muitas maneiras, sou mais sua mãe do que, aquela mosca morta que te pariu - A voz de Júlia estava estranhamente calma, naquele exato instante - Eu te fiz ser o que você é hoje, e posso te dar o mundo, desde que aprenda a se comportar como se deve, comigo.

- Me poupe de suas mentiras, nem mesmo você acredita nelas, minto, talvez até acredite, mas só do tanto que as repetiu, principalmente para si mesma - A mesma estava acorrentada de pés e mãos, sendo que em seus pulsos e tornozelos haviam algumas feridas ainda em processo de cicatrização, e umas ainda sangravam e doiam bastante - Portanto, iluda - se você com as suas próprias mentiras, só não venha querer me iludir com elas, sendo que isso não vai acontecer.

- Eu deveria impor mais limites, aliás, minha menina - Começa ela - Eu já deveria ter cuidado bem dessa sua má criação, para que assim, você se comportasse melhor, e me obedecesse, como se deve.

- Sabe quando, vou te obedecer? - Era uma pergunta retórica, e Júlia sabia muito bem disso - Nunca, e lhe digo mais, eu ainda hei de te destruir um dia, nem que seja a última coisa que eu faça, na minha vida, doutora Júlia.

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Continente: São Paulo, circo Don Pepê, nq sala dos espelhos...

Maria e Fernando haviam acabado de se conhecer, e mesmo assim, pareciam apaixonados um pelo outro, tudo seria perfeito, se não fosse a irmã mais nova dele, que aparentemente, e logo de cara, não gostou da Maria. Só que, nem o Fernando, e nem tão pouco, a Maria se importavam com isso, eles só queriam ser felizes, aproveitar o momento, sendo um do outro, só que não naquele momento, mas sim, quando ela estivesse pronta para pertencer a ele, que também pertenceria a ela, quando os dois fossem apenas um só, de corpo, alma, e coração, também.

Opostos, mas nem tanto...Onde histórias criam vida. Descubra agora