Confiança. (4)

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  Após o ocorrido Mabel e Daniel se sentiram em dívida com Nando, ofereceram para ele várias coisas como recompensa por salvar Alex, mas Nando aceitou apenas uma carona de volta para casa e roupas secas, na verdade o rapaz tinha achado a manhã muito divertida e atípica, além de ter ficado levemente encantado com o filho bonito que achou ser um peixe e saiu da água quase morto mas ainda rindo e fazendo piada.

  Ao voltarem para casa Alex ficou de repouso por precaução, Tony foi falar com ele no quarto, já que na hora do ocorrido ficou sem reação.

- Achou que era um peixe maninho? -perguntou se deitando ao lado de Alex na cama.

- Muito engraçado, da próxima você não vai ter tanta sorte.

- Falando sério agora Alex. -disse pegando na mão de seu irmão. - Não faz mais isso, eu realmente achei que perderia a única pessoa com quem posso me abrir totalmente.

- Tá bom, foi uma idéia idiota, se eu soubesse nadar teria sido engraçado, mas me fez pensar em uma coisa.

- O que?

- Tenho que contar para o papai e a mamãe que sou gay e que quero ir estudar na Europa, não posso adiar mais isso Tony.

- Você não pode contar para eles que é gay antes de mim, eu sou o mais velho, tenho que contar primeiro. -disse cruzando os braços em tom de indignação.

- Mas eu estou esperando a anos você contar, eles não vão matar a gente por isso. -Alex apertou as bochechas de seu irmão demonstrando um pouco de raiva.

- Sabe que eu tento agradar o papai para ele me dar uma chance na empresa, eu não quero decepcionar ele de alguma forma.

- E se a gente contar juntos?

- Não acha que vai ser muito choque para uma noite só?

- Tony eu não vou esperar mais, quero sair por ai, conhecer europeus bonitões, talvez eu finalmente arranje um namorado. -apesar de ser bonito Alex nunca havia conseguido um namorado por seu jeito acabar espantando possíveis pretendentes. - Estou tão carente aqui que meu primeiro beijo foi hoje no meio de uma respiração boca a boca com um desconhecido e na frente dos nossos pais.

- Você nunca beijou? -perguntou rindo.

- Para você ver, um garoto tão bonito sendo desperdiçado aqui, vamos logo!

- Mas...

- Mas nada, você é um ótimo filho, se o papai não colocou você para trabalhar até agora com ele, pode ter certeza que não é o fato de você ser gay que vai mudar alguma coisa, vamos!

- Se der tudo errado espero que esteja pronto para ouvir eu reclamando pelo resto da vida!

   Os dois desceram até uma das salas de estar, onde seus pais estavam sentados conversando e tomando vinho.

- Peixinho deveria estar de repouso. -disse Mabel preocupada com ele mas ao mesmo tempo debochando.

- Muito engraçada você também mamãe. -eles entraram e sentaram no sofá de frente para seus pais.

- Do que precisam meninos? -perguntou Daniel vendo que eles pareciam tensos.

- Eu e o Tony queremos contar uma coisa... -os dois estavam tremendo.

- Pode falar querido.

- Eu sou gay! -afirmou Alex de forma direta enquanto Tony mal se mexia.

- A gente já sabe, conta uma novidade. -disse Daniel despreocupado dando um gole em seu vinho, Mabel também seguia plena e tranquila.

- Como assim já sabem?! -perguntou incrédulo levantando e colocando as mãos na cintura.

- Filho você acordava cedo só para ficar olhando os rapazes da construtora trabalhando sem camisa na construção do lago, tem um monte de recortes de homens seminus na sua cômoda, pode passar uma mulher pelada do seu lado que você nem percebe a presença dela e convenhamos que seus comentários não são nada hétero. -disse Mabel com muita tranquilidade.

- Nossa, achei que eu disfarçava bem, então não é novidade para vocês que o Tony também é gay.

- O que, o Tony é gay?! -perguntaram juntos se levantando do sofá com cara de choque.

- Ei era essa a reação que eu queria, porque a reação para ele é diferente?! -reclamou ficando instantaneamente bravo enquanto Tony quase tinha um infartou paralisado ao seu lado.

- Nós nunca imaginamos que você também fosse gay filho. -afirmou Daniel indo até o rapaz.

- Está bravo comigo pai? -perguntou se levantando também.

- Claro que não, só estou surpreso, achei que eu e vocês tínhamos um canal aberto para falar de qualquer coisa, que confiava em mim. -Daniel puxou os dois pelos braços e os abraçou. - Eu não quero ter uma relação ruim com vocês como eu e meus irmãos tivemos com meus pais, nós amamos vocês, mas estou chateado que não falaram isso antes.

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