ᴀᴢʀɪᴇʟ - ᴅᴇᴠᴏᴛᴏ ▪︎ᴘᴀʀᴛᴇ ɪɪɪ

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- Ele não para quieto. - Cassian murmurou para Rhysand. Ambos estavam em um palanque alto em uma estalagem, observando a costa, onde os navios atracavam. Onde Az estava. - Está parado e escorado naquele poste, mas nunca vi ele tão agitado.

- Entenderia se tivesse uma parceira. - Rhys disse, observando o irmão. Az estava com roupas negras, mas de certa forma, não eram de batalhas. Mais formais, como um evento. Os braços cruzados e encarando os navios próximos. Sem desviar o olhar uma vez sequer. - A troca de cartas entre Hybern e Pyrithian foi interrompida, ele está há cinco meses sem ter notícia dela.

- Por que não criou uma exceção para eles?

- Essa lei não é minha, mas do Conselho. Não posso desobedecer as outras Cortes, Cassian. - Rhysand o encarou de relance. - Já quebrei a cabeça o suficiente para covencer eles de não matarem todos os hybernianos presos.

Cassian encarou Az. Ele estava nervoso, sabia bem. Conhecia o irmão. As sombras estavam ariscas, correndo en volta dos pés deles. E os dedos batucavam nos antebraços, o maxilar travado.

Nunca viu o irmão tão abalado quanto ele ficou nos cinco meses sem Haelys. Inerte, deprimido e aéreo. Nunca viu Az ficar tão desconexo da realidade.

- Como que ele não foi até ela?

- Eu o proibi. - Rhys disse com pesar. - Azriel não pode pisar em Hybern, por questões políticas, até. Disse que se ele fosse atrás dela, eu revogaria o direito dela de ser uma cidadã pyrithiana.

Cassian o olhou.

- Isso foi cruel para cacete, Rhys.

Rhys o olhou. E sorriu.

- Bom, ele foi cruel igual. - Rhys tocou no abdômen. - Acho que nunca apanhei tanto de um macho na minha vida. E olha que já briguei bastante.

Cassian riu.

E então, um navio negro atracou. E quando voltaram a olhar, Az não estava mais escorado. Ele andava rapidamente entre a multidão, encarando o navio. Podia ouvir os batimentos acelerados dele mesmo daquele lugar.

Haelys havia chegado.

Após cinco meses.

(...)

Azriel encarou o navio. Diversas pessoas desciam. Diversos hybernianos. Mas não ela. Seus pés coçaram para invadir aquele navio e revirar tudo até encontrá-la. Suas mãos arrepiaram na ansiedade de tocá-la.

E seu peito doeu de saudade.

Como estava com saudade. Sentia um fantasma de sua parceira o tocar a cada instante. A cada minuto. Sentia as mãos dela em seu corpo, os lábios dela sobre os seus, os dedos em suas mechas. Sentia até mesmo o calor. Céus, até o calor.

Sentia o cheiro. O aromava.

Mas nada era real. Estava cansado. Cansado de no meio da noite, sonhar com os toques dela. De confundir uma fêmea no fim da rua com ela. De fechar os olhos e sentir o aroma dela. De, no meio do escuro, escutar sua risada.

Queria ela. Viva. E bem.

Agora.

Não aguentava mais.

Simplesmente, não suportava mais.

Todos já haviam descido. E nada dela. Todos os hybernianos foram embora com conhecidos. Mas Az continuava em pé, rente ao navio, esperando. Olhando para a ponte. Uma desesperança a qual ele tentava não dar razão tomando seu coração.

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