- Jesminda - Escutei o meu nome ser chamado enquanto eu lavava a louça. - Tem um cliente no balcão.- Hoje eu estou na cozinha, Mi. Se eu não me engano, quem ficará atendendo hoje é a Flora. - Respondi sem nem sequer olhar para trás, cocentrada totalmente naquela louça e em formas de acabar com ela o mais rápido possível.
- Esse cliente gosta de ser atendido por você. Ele está te chamando. - Ela insistiu.
- Por acaso, é o senhor Bron? Ele fixou com o meu café e não bebe o de mais ninguém. - Eu resmunguei. Depois que você vira atendente, acaba descobrindo que ser a preferida de um cliente nem sempre é algo bom.
Ela riu.
- Ele é mais bonito que o senhor Bron, com certeza. Mas eu não sei quem ele é, não. - Ela falava indo até o meu lado e cruzando os braços. - Ele tem cabelo vermelho e olhos de fogo.
Eu parei.
Ele estava aqui.
- Fala para ele que estou ocupada.
- Quer que eu diga não para um cliente?
- Quero.
E então, ela deu um sorriso maroto.
Merda.
- Jesminda, espertinha - Ela me abracou por trás, rindo em meu ouvido. - Não me diga que você acabou encantando um jovem feérico burguês, muito, muito rico!..
- Em minha defesa, eu não sabia que ele era um burguês. Ele mentiu para mim dizendo que era um caçador. - Mentiroso. Eu queria gritar para ele da cozinha. Men-ti-ro-so.
Ela riu.
- Ué, você procurou cobre e encontrou ouro, por que está zangada? E pelo jeito que ele falou comigo, parece ser bem educado. Se você aceitasse ser amante dele, ia conseguir sair desse buraco de vilarejo.
- Eu gosto desse buraco de vilarejo.
- Você gosta da miséria, isso sim. Bom - Ela voltou a andar para o corredor. - Eu vou dizer a ele que você está ocupada.
- Obrigada.
E estava tudo ótimo.
Até Ester descer. Minha maravilhosa gerente. Com sua carranca de besouro e mãos de serpente. Ela desceu a escada do corredor e trombou com Mi com uma força que me fez ter certeza que seus peitos eram pedras. Eu olhei por cima do ombro e a escutei falar - gritar, para ser mais exata:
- Flora está doente, não vem hoje. Você vai para o atendimento e a Mi fica na cozinha. Eu vou ficar no lugar de Mi, no estoque.
Ah, não.
Mi começou a rir.
- Com certeza, senhora - Ela galopou até o meu lado e capturou o prato da minha mão, jogando os quadris em minha direção e me expulsando da pia. - Vai conversar com o seu garanhão, vai.
- Não sou égua para ter garanhão nenhum. - Cuspi as palavras, andando em direção ao corredor e vendo madame Ester subir as escadas. Obviamente, ela não ficaria no estoque e sobraria para eu e Mi arrumarmos tudo antes de ir embora.
Andei até o balcão e vi aquela cabeleleira reluzente dele. Os olhos vernelhos e os trajes que agora ele não escondia. Fios de ouro e rubis por toda a parte. Um contraste enorme com o balcão que quase quebrava com o peso de seu braço. O olhar dele estava apagado, mas iluminou quando me viu. E antes que ele abrisse a boca, eu disse:
- Acabamos de abrir a loja, não temos nada além de café no momento, senhor.
Ele me olhou por alguns segundos.
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Imagine Acotar
Roman d'amour- Pequenas histórias fictícias envoltas pelos personagens masculinos da saga Acotar, tenha uma boa leitura.