ʀʜʏsᴀɴᴅ - ʀᴇᴇɴᴄᴏɴᴛʀᴏ ▪︎ᴘᴀʀᴛᴇ ɪ

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Rhysand abriu os olhos, tão calado como estava quando permanecia desmaiado. Empertigou o nariz ao senr o cheiro de Amarantha no travesseiro. E somente de observar o dossel negro, sabia que estava no quarto dela.

Sentiu um amargo em sua boca. Um desgosto de si mesmo. Uma repulsa surgia em seu estômago e parecia apertar seu peito. Ele olhou para baixo.

Um pouco de sua angústia pareceu passar.

Heria estava com os cabelos presos em um coque frouxo, os fios dourados sendo iluminados pela luz da lua. As íris verdes como jade concentrados na ferida no abdômen do illyriano. A pele dourada combinando com o traje branco, que cobria todo o seu busto e corpo.

Ela o olhou. E sorriu docemente.

— Estou terminando.

Rhysand sentiu a garganta fechar.

Quis chorar. Era ridículo.

Podia sentir as mãos de Amarantha em seu corpo. Sentia-se sujo, mesmo limpo, e a única coisa que queria fazer era tomar um banho. Era tirar sua pele de seu corpo e qualquer resquício do toque de Amarantha.

Menos uma parte. Onde Heria tocava. A mão dela era leve, cuidadosa, ao contrário da que foi responsável pelo corte do seu abdômen. Rhysand suspirou com o toque dela. Queria se cobrir.

Não sabia se estava nú, e nunca se importou com a sua nudez, mas estava com vergonha. Vergonha de estar exposto daquela forma. Visto daquele jeito. Por ninguém menos que sua parceira.

Heria voltou a encarar a ferida.

— Não devia sentir vergonha, Rhys. Fazer o que faz é o que te torna o homem incrível que é. — Rhysand não sentia a sua carne rasgada. Não sabia se era pelo dom dela de curar. Pela magia verde que saía dos dedos dela. Mas, para compensar, seu peito parecia se estraçalhar a cada letra que saía da boca dela. — Você se sacrifica. E são poucos que se sacrificam.

Como era bom. Ouvir algo e não odiar. Escutar uma voz e não querer ficar surdo. Escutar palavras e não cansar. Entender palavras que não faziam seus ouvidos doerem.

Mas o peito dele continuava doendo.

Por um motivo. Que sabia bem.

Rhysand olhou para baixo. Para a mão dela. E viu o anel de noivado.

Sentiu os olhos lacrimejarem.

Não entendia o porquê de estar daquele jeito.

Sentia raiva de si mesmo.

— Quando fêmeas são abusadas, normalmente, recebem apoio da sociedade, por mais conservadora que ela seja. Mas quando um macho é abusado — Harie suspirou. Magoada. — sinal de vergonha. — Ela o olhou nos olhos. E ele só quis desviar o olhar, mas também quis fitar aquelas íris mais um pouco. — Você foi abusado. E está sendo, dia após dia. Não é vergonba, é apenas cruel. E é normal que esteja conflitante dentro de si.

Rhysand suspirou.

Ele olhou para o lado. Para a lua na janela.

— Soube que vai casar. — Sussurrou.

Sentiu o sorriso dela.

E não soube porquê, mas quis morrer com aquilo.

— Sim. O comandante de Hybern pediu minha mão para o meu irmão.

Rhysand exibiu cada raiva e desgosto dentro de si quando indagou:

— E Tamlin deixou?

— Não. Meu irmão não queria que eu me casasse com um macho daquela estirpe, mas eu insisti. E agora, será na semana que vem.

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