— Eu te odeio.As palavras soaram amargas na boca de Eris. Duras, frias, cortantes e machucadas. O rancor e a tristeza em cada timbre de sua voz. Em cada lágrima que saía de seu rosto e em cada ódio emanado pelos seus olhos.
Olhos tais que também emanavam amor. Mas um amor machucado.
— Eu te odeio. — Ele sussurrou de novo. Fechou os punhos. E foi a primeira vez que teve certeza que Eris quis a machucar. Não bater. Mas agarrar tão forte, apertar tão intensamente...
E ela não se sentiu acuada.
Respeitou cada ódio direcionado a si.
— Eu te odeio. — Ele mordeu os lábios. Odiou cada lágrima que caiu do seu rosto e a se afastou, como se ficar próximo dela fosse algo que pudesse machucar.
A encarou com saudade, com tristeza. Com amor e admiração. Com ódio e raiva.
— Eu sempre te disse, Eris — A voz saiu fraca. E viu como isso abalou Eris. Viu como a fraqueza dela o machucava mais que qualquer coisa. — Sempre te alertei que estava morrendo.
Eris rosnou.
Com raiva daquelas palavras.
Morrer. Morrer.
Estava cansado de ouvir aquilo na mesma boca dela. Odiava que aquela maldição estava tão perto dela.
— E te alertei aquele dia — O dia que dormiram juntos pela primeira vez. — te alertei que não aceitaria mais viver dessa forma se eu não melhorasse.
— Isso foi antes — Eris bateu as mãos na mesa, com raiva. Olhava para a janela, para ela, para as portas. Qualquer coisa que pudesse dar o ar que faltava em sua mente. — antes de — Eris suspirou, sem saber descrever o relacionamento deles. — de tudo.
Diana olhou para baixo. Para as mãos em seu colo. Os dedos pálidos. Os braços magros. Um corpo doente.
Fechou os olhos. Não queria mais olhar para si mesma.
Sentia falta. Do corpo forte. Altivo. De ser guerreira. De lutar. De vencer e proteger. Não queria ser mais aquilo. Uma doença. Algo morto de dentro para fora.
Estava cansada. Demais.
— Você prometeu — Olhou para Eris. Ele a encarava. Os olhos úmidos, mas sem lágrima alguma. Não soube quanto tempo ficou em silêncio. Mas sabia que Eris usou cada segundo desse tempo para se recompor. — prometeu que tentaria.
— E eu tentei.
— Não — Eris grunhiu. Ele apertava a poltrona em sua frente. Os nós dos dedos brancos de tanta força. — Você não tentou nada. Está desistindo na primeira chance.
— Então, me deixe morrer com uma perdedora. — Suspirou e o encarou. — Somos casados. Meus bens sãos seus. E eu te dei um primogênito que está dormindo abaixo de nós. E não tenho dúvidas que encontrará outra esposa.
Pensou que melhoraria ao dizer isso. Que iria o relaxar. Mas os olhos de Eris se tornaram flamejantes.
— É isso para você? É uma troca? Você aceita ser trocada como um produto?
— Aceito ser trocada como esposa, mãe e herdeira.
Eris a olhou com reprovação.
— A única coisa mais fraca que seu corpo é sua mente. — Ele sussurrou.
— Talvez seja verdade. — Ela olhou para a cama a qual estava sentada. E tirou do bolso do vestido um frasco. — Eu vou tomar o veneno e—
Em segundos, não havia exilir algum em sua mão. Apenas ouviu o barulho de vidro quebrando. De líquido sendo jorrado na madeira. E sentiu uma dor forte nos braços. Eris a segurou com força, a puxou para cima e a obrigou a ficar de pé.
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Imagine Acotar
Romance- Pequenas histórias fictícias envoltas pelos personagens masculinos da saga Acotar, tenha uma boa leitura.