- Eris. - O chamou.E ele não olhou.
Ele tinha esse péssimo costume.
Ficou olhando para a janela da carruagem, observando qualquer coisa sem ver de verdade. A mão fechada em punho, enquanto a outra tocava a coxa dela, como se precisasse sentir o calor da pele dela para garantir que ela não estivesse morta.
Ela tocou na mão dele.
E o sentiu estremecer.
Mas ainda não o olhou.
- Eris.
E sabia o que significava.
Conhecia o seu marido bem o suficiente para saber.
Suspirou.
Entendia ele.
Beijou o braço de Eris e escorou o rosto contra o ombro dele, entrelaçando os dedos dele nos seus e murmurando:
- Eu amo você.
A mão dele apertou a dela.
E ele suspirou.
E sabia.
Sabia que havia lágrimas nos olhos dele. Mas que ele nunca a deixaria ver.
Marrento.
Seu marido era tão marrento.
Sorriu.
- Até seu estresse é um charme para mim, sabia, Eris? - Ela brincou, olhando o rosto dele. Tentando. Mas vendo somente os fios ruivos e o rosto virado para a janela.
Ela beijou o ombro dele.
- Sabíamos que essa hora ia chegar, Eris, n-
- Para de tentar me confortar. - Ele rosnou. - Não preciso disso.
Ah, precisava sim.
Mas ela não iria discutir.
Não com tanta coisa acontecendo com ela. Com ele. E com eles.
Ela suspirou.
E tocou no rosto dele. Sentiu um rastro molhado, mas que logo secava na pele quente do outonal. Virou o rosto dele.
Os olhos dele estavam úmidos enquanto a encarou. Mas ele não soltou uma lágrima sequer. Por mais que o olhar não passasse nada além de um macho totalmente abatido, olhando para a fêmea totalmente perdida.
- Eu vou morrer, Eris.
Os olhos dele tremeram.
- Aquela merda de curandeiro não sabe o que fala. - Eris rosnou, voltando a olhar para a janela.
E ela sabia que ele fazia isso somente para poder chorar um pouco.
- Um curandeiro salva somente quem pode viver, Eris. - Ela disse. - Sou uma curandeira, também. E sei mais do que ninguém que não adianta salvar um corpo que já está a beira da morte.
Ele não falou nada.
Mas sabia que ele queria dizer muita coisa.
Muita coisa.
- Eres vai ficar abalado com minha morte, - Ela murmurou. - Preciso que você o acolha e-
- Não vamos fazer planos para quando você morrer. Você não vai morrer.
Ela suspirou.
- Por que não aceita logo, Eris?
- E por que você está aceitando? - Eris indagou com raiva, a olhando com certa fúria. Mas sem soltar a mão dela. Nem por um segundo. - Está aceitando tão fácil sua morte que quase me faz acreditar que quer morrer.
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Imagine Acotar
Romansa- Pequenas histórias fictícias envoltas pelos personagens masculinos da saga Acotar, tenha uma boa leitura.