01. BIENVENUE À LONDRES.

3.9K 332 193
                                    

                                           maya povs

Alcohol — dou um sorriso amarelado após mais uma tentativa de pedir algo.

Pesquisei a palavra no Google mas não sei se consigo pronunciá-la sem rir.

Um homem ruivo abrigado na outra ponta do balcão, degusta algo que suponho ser a base de vodca e após disfarçadamente apontar para ele, me volto para o barman, estendendo as mãos num pedido silencioso de misericórdia.

E pela centésima vez naquela semana, estou me sentindo inútil por todas as vezes em que Tia Ane me pediu para não abandonar o curso de inglês e mesmo assim, eu o fiz.
Agora estou na Inglaterra, cercada por desconhecidos e completamente dependente de Marie, minha prima, e totalmente sem graça de ter que ligar para que me ajude a dizer para o barman o que quero beber sem parecer uma idiota.

— Pimm's? — ele me pergunta.

Não sei do que se trata mas sendo algo alcoólico, parece perfeito para mim.

Yes — respondo. Uma das poucas coisas que sei no maldito idioma, o quê acredito que qualquer criança com menos de cinco anos de idade também saiba.

Ele dá um sorriso, como se tivesse achando graça, se vira e um tempo depois retorna a minha frente com uma taça de vidro com o líquido de textura colorida, enfeitado com limões e especiarias.

— Thanks. 

Largo a bolsa sob o balcão, beberico um pouco e não posso negar, é gostoso. Uma mistura de gin, álcool e frutas cítricas.

Não leva muito para que eu termine e peça outro, desta vez, estendendo o copo ainda com as frutas para mostrar o que quero. Ele prontamente o enche.

Bastam minutos e o álcool que faz contato à minha corrente sanguínea eletriza-me na mais pura empolgação com uma música de Dua Lipa que ecoa em som ambiente pelas caixas da parede.

É, sou definitivamente fraca com bebidas.

Night — um homem entra pelas portas duplas e se acomoda dois bancos próximos; o barman o analisa e pergunta se quer beber algo, ele fala algo que claramente não entendo e o barman o entrega duas bebidas, e mesmo quando ele desliza uma à minha frente, ignoro.

Pela forma que o barman está me olhando, posso sentir seu nível de  preocupação com a aproximação deste cara e o fato de eu estar sozinha.

Dou um apenas um aceno por educação e continuo a bebericar meu drink, ignorando-o e deslizando o feed do Instagram em busca de qualquer coisa que me traga a distração que estou num lugar onde ninguém entende francês e que minha prima e seu namorado me abandonaram aqui para treparem.

No terceiro drink do que agora percebo se chamar Pimms, sinto meu rosto esquentar, entretanto não é como se eu não soubesse beber — afinal, morava no país das melhores safras de vinho — mas isto não era vinho e já podia sentir minhas entranhas pinicando.

Pouco tempo mais tarde, o homem — que estava a uma distância considerável — agora está sentado ao meu lado, falando e sorrindo como um predador.
Faço careta quando comenta algo e toca em meu braço, deixando claro que, obviamente, não estou o aprovando.

Desbloqueio o telefone para enviar uma direct à Marie, nervosa por estar ficando tonta e com um desconhecido ao lado.

Ele estende o celular na minha frente antes disso, com o tradutor aberto; não sei se sabe a minha nacionalidade mas pelo visto, acredita que falo espanhol.

TURISTA | HEUNGMIN SON Onde histórias criam vida. Descubra agora