son povs
O retorno é agonizante. Os alto-falantes espalhados à quatro cantos permanecem tocando virais da BBC, e as pessoas — ou maioria delas — arfam e gritam à cada vez que revemos os pontos turísticos.
Maya no entanto, permanece em silêncio. Da distância que me deu, juro que posso ver sua garganta se irritar à cada golada de água e como aperta a garrafa plástica quando o instinto me flagra a secando.Então se vira para admirar o Rio Tâmisa e todo o resto da viagem vira um borrão.
Quando aportamos, acho que ela meio que se rende ao fato de que em algum momento precisaríamos quebrar esse clima; pois me espera no topo da escada do cais e refaz os meus passos até o carro.
Abro a porta do SUV para que ela se acomode e círculo para o meu lado; Quando —costumeiramente— espera que eu coloque seu cinto, fico apavorado.
E odeio o jeito impessoal como o faço, temendo o menor dos contatos com sua pele — quando sempre usei daquele ato para a provocar —, e de repente apreensivo que recue, quando só algumas horas atrás dedilhava cada pequena curvatura com a ponta da língua.
Cristo, isto é corrosivo...
Como posso a ter tão perto e já tão longe?
— Senhor?
Quando o manobrista bate na vidraça para me pedir as chaves, sequer faço ideia de como chegamos tão rápido ao Savoy ou de quanto tempo estamos parados ali.
Maya não ousou dizer qualquer palavra em razão ao tempo em que ficamos enclausurados, e preciso admitir que aprecio seu bom senso por reconhecer sua covardia — porquê se não estou louco, juro que pude sentir seu coração se partir junto ao meu quando nos negou.
— Sinto muito por fazê-lo esperar — digo para o manobrista noturno, que me estende um guarda-chuva escuro.
Como não sou um completo filho da puta, dou a volta na SUV e o estendo sobre ela ao abrir o carro, ainda obcecado em protegê-la de qualquer coisa.
Ela apoia em meu braço por uma fração de segundos até que alcancemos o elevador, livres da chuva e dos olhares do recepcionista noturno que cochilava sob o arenito e desperta quando alertado pelo segurança que permitiu nossa entrada às duas e meia da manhã.— Que horas é o voo?
— Cinco e meia.
— Ah.
E aos quarenta do segundo tempo, nos minutos mais cruciais para a decisão de uma partida, posso ver antes do apito final que todo o esforço fora em vão.
O esganiçar do elevador alerta nossa chegada ao andar, e os passos vacilantes até a suite denunciam a perca da disputa.
Mal a conhecia, mal sabia sobre sua vida, mas sentia-me martirizado por nosso pouco tempo, pela forma como sei que sairia marcado mesmo assim.
Talvez eu conheça alguém em algum tempo, talvez ela se torne à pessoa ideal para o futuro que quero, talvez eu até me apaixone por ela, mas sei que muito dificilmente sentirei a adrenalina e a novidade da primeira vez.
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TURISTA | HEUNGMIN SON
FanfictionDurante uma viagem, Maya acaba envolvida num jogo sexual com um dos coreanos mais conhecidos no mundo. Son, que havia prometido ao empresário entrar em uma relação somente ao fim da carreira futebolística, vê a promessa esvair de seus dedos com a po...