Capítulo 17 - Ela vem

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Dias depois...

P.O.V ALICE

- Ana, vamos!

- É, mamãe! A tia Alí me prometeu um bolo. – Harry gritou. – Não é, tia?

- Claro, garotão! – baguncei os cabelos dele.

- Eu gosto de bolo! – disse sorrindo.

- Eu sei, meu amor! – ele me deu um sorriso cheio de covinhas. Eu adoro esse moleque, ele me traz paz. O que eu precisava, já que calma era algo fora do meu dicionário no momento. Minhas mãos suavam e minha boca estava seca. Aquele maldito noivado estava deixando meus nervos em frangalhos. Eu e Henrique teríamos que manter nossa farsa para quinhentas pessoas, incluindo a família dele, meus amigos, e até mesmo Swan e Geovana estariam lá. Engoli em seco. Estamos fodidos.

- Pronto, peguei tudo!

- Pô, demorou.

- Ah, cala a boca!

- Mamãe, você não disse que é feio falar isso? – Harry estava naquela fase de perguntar sobre tudo o que acontecia ao seu redor.

- É, mas entre mim e a tia Ali isso é carinhoso!

- Então eu posso falar pros meus amigos na escola?

- Harry, não! E para de me encurralar. – peguei Harry no colo e saímos.

- Parabéns mamãe advogada. Perdendo pra uma criança de 3 anos!

- Quero só ver quando você e o Henrique tiverem filhos. – dela disse. Dei um sorriso sem graça e fiquei em silêncio enquanto arrumávamos Harry na cadeirinha. – Eu não acredito que estou levando ele.

- Ah para, vai ser divertido!

- Claro que vai, porque não é você que vai cuidar dele a noite inteira! – fechou a mala do carro.

- Nem você, ele vai brincar com as priminhas mais novas do Henrique. Vai ser legal pra ele também, deixa de ser chata. – ela revirou os olhos e entrou no carro. – Você vai ficar lindo de terno! – Harry era uma criança linda, parecia um anjo com seus cabelos loiros e olhos verdes iguais aos de Ana.

- Eu sei! – disse sorrindo.

- Alice, minha mãe ligou mais uma vez se desculpando por não poder ir.

- Sem necessidade. Ela já me mandou um e-mail, uma mensagem e me ligou. Não precisa se desculpar mais.

- Eu sei, mas você sabe como ela é , ela realmente tá feliz por você desencalhar.

- Rá, que engraçado.

- Eu sou, né? – sorriu. Olhei para frente inexpressiva, era bom não ter os pais dela na festa. Diminuía um pouco o número ainda gigante de expectadores da nossa farsa. Merda! Eu estou tão nervosa que tenho vontade de vomitar. – Alice, seus dedos estão brancos. Relaxa!

- O que? – olhei para as minhas mãos. Não percebi o quão forte eu segurava o volante.

- Fica calma, caralho! – sussurrou a última palavra para que Harry não escutasse. – Eu gosto de vocês dois juntos! – afirmou. – Vocês estão sempre se divertindo com alguma piada, sorrindo um para o outro e os sorrisos bobos que ele arranca de você.. – suspirou. - Gosto de te ver assim. – assenti sem fala. Meu coração estava apertado por pensar no quanto minha melhor amiga estava feliz por eu ter achado minha felicidade em Henrique, considerando que nosso relacionamento era uma atuação. Claro, eu gosto dele. Em duas semanas ele se tornou um amigo e eu esperava mantê-lo em minha vida mesmo depois da nossa separação. No entanto não seria nada além de amizade. Não havia e não poderia haver paixão.

- Eu estou feliz.. – sorri tentando ignorar o bolo em minha garganta. Ana me olhou orgulhosa. "Merda! Eu atiraria em mim mesma agora!" Pensei. O resto do percurso foi bastante silencioso. Os sons dentro do carro restringiram-se às recomendações de Ana ao Harry e ao som do joguinho do garoto. Depois de um bom tempo no carro finalmente parei nos portões pomposos da mansão do Ferraz.

- Olá, aqui é Alice Monteiro!

- Pode entrar Srta. Monteiro! – a voz do mordomo respondeu pelo interfone. Sim, um mordomo. Infelizmente o nome dele não era Alfred e não era britânico, mas nem tudo pode ser extremamente legal na vida. Os portões se abriram e assim que casa pôde ser vista, Jessica exclamou:

- Meu Deus!! Isso é uma casa?!

- É assim que eles chamam! – a casa era bastante imponente. A entrada tinha uma pequena varanda com colunas brancas e algumas cadeiras. O pátio era bastante arborizado. Imaginei como deveria ser gostoso sentar ali com uma xícara de café e assistir o sol nascer, talvez nos braços de alguém. Toquei a campainha.

- Amor! – foi Henrique quem atendeu. Ele me abraçou desajeitadamente tentando desviar do Harry, que estava agarrado ao meu pescoço. – Parece que eu perdi pra um cara mais novo!

- Harry, diz "oi" pro tio Henrique! – ele espiou por entre meu cabelo um "oi" bem envergonhado.

- Oi garotão! – sorriu. - Oi Ana!

- Henrique, oi!

- Entrem. Vou mostrar o quarto para vocês se arrumarem. – virou-se e o acompanhamos. Eu havia visitado a mansão dos Ferraz alguns dias antes, mas aquele hall de entrada não deixou de me inspecionar. As paredes eram de marfim e dourado, o teto alto em abóbora com um lustre espetacular, além da escada que eram duas na verdade. A mansão parecia algo saído de um filme.

- Parece um palacete. – Ana suspirou.

- Meus pais tendem a exagerar em seus imóveis.

- Se você não tivesse falado, a gente nem tinha percebido. – sorri irônica.

- Aqui! – ele diz e empurrou a porta de um quarto com o joelho. O quarto era perfeito. A cama era gritante e tinha um dossel. Um dossel! Dá pra esse lugar ficar mais princesa? – Quando vocês terminarem, mandem uma mensagem que eu venho. – falou. – Minha mãe quer tirar algumas fotos de nós dois juntos.

- Aham, tá..

- Bom.. Eu já vou indo! – ele sorriu e me deu um selinho. Peguei o braço dele e o acompanhei até fora do quarto. Ele me olhava de maneira compreensiva quando fechei a porta atrás de mim.

- Diz pra mim que você está pirando!

- É claro que estou. – riu. – Você não?

- Estou tão nervosa que tenho vontade de vomitar! – engoli em seco.

- Eu também.. – sussurrou. – Principalmente depois que minha mãe avisou que Angelina vem..

- O quê?! Essa piranha não está na lista! Pelo menos não na lista que eu vi.

- Minha mãe convidou a mãe do Max, meu primo que ela me traiu, mas eu não esperava que ela viesse! – suspirou fundo.

- Você tá bem com isso?

- Vamos cumprir minha intenção no acordo, certo? Então, acho que sim.

- É.. – olhamos um para o outro por uns dois segundos e então nos abraçamos. – Geovana também vem. – murmurei, agarrada a ele.

- Ela não mencionou mesmo que dormiu comigo?

- Não, mas conhecendo ela como eu conheço é melhor a gente tomar cuidado. Meu Deus eu estou com medo.

- Vai ficar tudo bem.. – Henrique falou tanto para mim quanto para si mesmo. – Ela vem, eu posso lidar com isso quem querer matar os dois.

Contrato de Casamento volume IOnde histórias criam vida. Descubra agora