P.O.V ALICE
O clima em que estávamos foi quebrado na hora. Tentei enxergar o rosto de Henrique, mas a escuridão tomava conta de todo o apartamento. Ele fez menção de levantar, segurei seu ombro o impedindo. Nunca fui amante da escuridão, a verdade é que eu odeio. Tenho tanto medo que sinto vontade de chorar. Respira Alice, fica calma.
- Me deixa levantar! – fiz que não, o que foi inútil pois ele não veria. Fechei os olhos com força, segurando a camisa de Henrique entre os dedos.
- Onde você vai? – sussurrei. – Fica aqui comigo, não sai daqui!
- Eu só ia pegar uma vela ou lanterna.
- Eu não tenho lanternas e nem velas!
- Como não? Todo mundo tem essas coisas em casa Alice!
- Eu não sou todo mundo! – revirei os olhos mesmo sabendo que ele não veria. – Sem contar que passo a maior parte do tempo na revista, então não me culpe.
- E agora? – perguntou. – Você não tem um disjuntor?
- Lanterna do celular não serve? Meu disjuntor deu problema e ainda estou esperando a visita do eletricista.
- Você tá brincando?
- Por que essa porcaria tinha que acabar justo agora? – choraminguei.
- Tá frustrada por que não transamos ou é só medo mesmo?
- O quê? Deixa de ser ridículo, Henrique!
- Você é uma medrosa mesmo! – ele se levantou, não tive como impedir. Engoli em seco, levantando e pendurando os pés no sofá.
- Medrosa é a tua mãe! – ele gargalhou, se movendo na sala escura. Abracei meu corpo, as cenas do filme vivas em minha mente.
- Eu estou sem bateria! – virou o telefone para mim.
- Tu tá de sacanagem!
- Eu? Quem deixou a casa sem disjuntor? – ironizou. – Cadê o seu? – perguntou.
- Só tenho vinte por cento de bateria, não vai aguentar muito tempo.
- Eu vou procurar alguma coisa que tire a gente dessa escuridão, é coisa rápida. – pegou meu celular da minha mão.
- Você não vai me deixar aqui sozinha, né? – forcei um sorriso nervoso quando ele virou o celular para mim com a lanterna já ligada.
- Você vai morrer se ficar dois minutinhos aqui sozinha? – fiz que não a contra gosto. – Eu já volto!
Henrique saiu e eu continuei sentada no sofá, abraçada ao meu próprio corpo. A essa altura já tinha tanto medo que sentia um arrepio na coluna, que sensação horrível. O apartamento estava todo silencioso, eu amo o silêncio, mas não nessas circunstâncias. Os minutos se passavam e nada de Henrique voltar, isso já estava me deixando nervosa. Ficar com o olho aberto ou fechado não fazia diferença, eu não conseguia enxergar nada de jeito nenhum.
Levantei cautelosamente caminhando até a cortina, na intensão de abri-la para clarear o apartamento. Assim que o fiz, um barulho de vidro se quebrando ecoou no meu ouvido, engoli em seco.
- Henrique? – chamei, não obtendo resposta. Fiquei paralisada ali por uns dez segundos, até ouvir outro barulho agora nas panelas. Meu corpo estremeceu, apertei os olhos tentando enxergar naquela imensa escuridão. Mesmo com medo, caminhei até a entrada da cozinha, e por sorte não esbarrei em nada. – Henrique? Você tá aí? – sentia meu coração bater acelerado. Entrei no cômodo e como não conseguia enxergar nada, me virei para sair.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Contrato de Casamento volume I
RomansaEditora chefe da revista mais bem paga de NY, Alice Monteiro levava uma vida monótona e tranquila, vivia para o trabalho e nada mais importava, porém, ela vê seu mundo virar de cabeça para baixo quando seu visto é negado. Desesperada e sem saída, a...