"Capítulo 44 - No comando

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                   P.O.V HENRIQUE

Ao sair daquele quarto, senti como se um peso enorme saísse das minhas costas. Eu finalmente estava livre, é claro que tudo o que vivi com Angelina não iria sumir assim num passe de mágica, mas como ela mesma disse: o nosso tempo passou e pela primeira vez ouvir aquilo não doeu. Passei a mão no rosto assim que sai no jardim novamente, ainda meio atômico da breve conversa que tive com a noiva.

- Querido, onde você estava? – mamãe me olhou preocupada.

- Precisei usar o banheiro! – me sentei ao lado de Alice de novo. – Obrigado! – ela piscou um olho e voltou a atenção para o celular.

Meia hora depois, todos fomos recepcionados para as cadeiras que haviam sido colocadas nas laterais do grande tapete vermelho, indicando que a noiva estava chegando. A marcha nupcial ecoou em todo o jardim no momento em que Angelina apareceu de braços dados com o pai. Ela parecia feliz, sorria com os lábios e com os olhos, mas somente quem a conhecia bem saberia disso.

- Se quiser respirar nós podemos sair daqui. – Alice murmurou.

- Tá tudo bem! – diz carinho em seu rosto. – E o Giorgio tinha razão quando falou sobre você ser a mais bonita desse jardim, até mais que a noiva. – ela sorriu. – Você tem um sorriso tão lindo.

- Eu sei. – afirmou. – Mas mesmo assim obrigada por constatar o óbvio.

- Eu já disse que sua autoestima é algo surpreendente?

- Hoje ainda não.

- Ela é! – afirmei, dela deu de ombros. – É agora que ela diz sim? – olhei para os noivos no altar.

- Daqui a pouco. A cerimônia vai começar agora.

O juiz de paz disse que podíamos nos sentar e assim todos fizeram. Alice encostou a cabeça em meu ombro enquanto olhava a cerimônia com cara de tédio.

- Meu Deus, isso é um saco. – fez uma careta. – Como as pessoas conseguem chorar vendo isso?

- Ah para, você não é tão insensível assim.

- Nesse quesito eu sou! – sorriu. – Agora eles vão tocar os votos de fidelidade. – soltou uma risada baixinha. – Seria cômico se não fosse trágico!

- Fidelidade! – revirei os olhos. – Eu conto ou você conta?

- Nem precisa, eles já sabem disso!

Vimos Max e Angelina trocarem juras e amor, um colocando a aliança no dedo do outro. E, finalmente o juiz concedeu para que eles se beijassem. Alice fez cara de nojo e eu acompanhei. Somos duas crianças.

- Se sentiria melhor se eu dissesse que ela beija a boca que me chupou? – ela murmurou e eu não segurei a gargalhada, ganhando alguns olhares questionadores.

- Você não existe! – lhe dei um selinho.

- Existo sim! – me devolveu o selinho. – Existo pra sua sorte.

- Ou pra falta dela? – ela me deu um tapa.

- Você foi um bom garoto! – bateu de leve na minha cabeça. – Não surtou, soube se comportar direitinho.

- Confesso que cheguei aqui querendo matar o Max e de quebra deixar ela viúva. Não é uma vingança maravilhosa?

- Ser preso e perder o renome de grande advogado. Ah, e de quebra me fazer ser deportada. Foi ótimo que tenha se controlado.

- Foi sim! – afirmei.

(...)

Depois da cerimônia, o casal anfitrião abriu a pista com a primeira dançar. A festa seguia animada na medida do possível e eu já não sentia mais tanta vontade de correr dali. A menos que a Alice quisesse fazer o mesmo. Ela tomava champanhe enquanto brincava com Katie, que também estava ali celebrando o casamento.

- Sabe Ali, eu gosto de você! – ela afirmou.

- Eu também gosto de você, princesa! – deu um beijo na bochecha da garotinha.

- Eu não gostava da Angie quando ela namorava do Hen! – fez uma careta.

- É mesmo? – eu ouvia tudo sem me pronunciar.

- É, o Hen era muito legal pra ela! – deu de ombros. – Você viu que caiu o meu dentinho? A mamãe disse que cada dia eu estou mais adulta! – disse, sorrindo forçado para mostrar o espaço que a ausência do dente deixou.

- Ela tem razão! – Alice sorriu. – Daqui a pouco você estará namorando!

- Alice! – a repreendi.

- Eu não quero namorar mais! – fez uma careta.

- Mais? Como assim “não quero namorar mais”?

- Eu estava namorando um garoto na escola! – arregalei os olhos.

- É mesmo e não está mais? – Alice incentivou para que ela continuasse.

- Ele disse que eu não era mais linda, porque o meu dentinho tinha caído. Aí ele não quis mais namorar comigo e eu pisei no pé dele.

- Homens! – Alice revirou os olhos.

- Como é que funcionava o namoro de vocês, Katie?

- Ele me dava balas e dividia a lancheira dele na hora do recreio.

- Aii como você é fofinha! – Alice apertou as bochechas da garotinha entre os dedos.

O novamente eu estava admirando a mãe incrível que provavelmente ela seria. Alice tinha jeito com crianças, era notório a sintonia que ela tinha com os pestinhas. Katie cochichou algo no ouvido da morena que a segurava no colo, fazendo Alice regalar os olhos.

- Sobre o que estão falando?

- Segredo de meninas, Hen! – falou com desdém.

- É isso aí, docinho, segredo de meninas! – ela provocou.

(...)

Angelina e Max andavam pelo salão, de mesa em mesa para receber cumprimentos dos convidados. Quando finalmente chegaram em nossa mesa, um clima pesado se instalou. Alice pegou Katie no colo, nitidamente constrangida com aquela situação.

- Oi Katie! – Angelina disse quebrando o silêncio que se instalou. – Meu Deus, como você cresceu!

- Oi. – a garotinha respondeu sem muito entusiasmo.

- É.. felicidades ao casal! – Alice forçou um sorriso.

- Obrigada, Ali! – Max tocou o braço de Alice.

- Pra você é Alice! – tirei a mão dele que ainda a tocava sem delicadeza alguma.

- Ouu! – Max levantou as duas mãos.

- Katie vai lá na mesa da sua mamãe e diz que daqui a pouco eu vou lá falar com ela, tá? – Alice disse para a garotinha, soltando-a no chão.

- Você não vai nos cumprimentar, priminho? – Max disse com todo o sarcasmo do mundo. Fechei o punho sentindo a vontade de bater nele voltar.

- Max! – a noiva o repreendeu.

- Se desejar que você morra for uma maneira de te cumprimentar, se considere mais que cumprimentado.

- Henrique não cai na pilha!

- A gatinha sempre diz o que você deve fazer assim? – ele gargalhou. – Se bem que.. ela gosta mesmo de ficar no comando, por cima, não é Ali?

Levantei o braço e fechei a mão, armando o soco para dar nele. Alice segurou o meu braço e a outra puxou Max para trás.

- Não vale a pena! – ela se colocou em frente a mim. – Não faz isso, por favor, tô te pedindo.

Continua....

Contrato de Casamento volume IOnde histórias criam vida. Descubra agora