Eu sei que não sei conversar. Realmente. Quem devia ter conversado comigo jamais conversou. Isso me afetou, virou uma carga, mas tenho plena noção de que é errado culpar esse pilar que jamais existiu na minha vida.
Vago pela calçada, pensando que as horas rodeiam entre sete e oito, significando que tenho uma brecha para fazer o que quero.
Entro numa loja qualquer de guitarra, vou até um balcão, onde uma garota, que está virando páginas de uma revista da Roling Stones, estoura uma bolha de chiclete.
─ Com licença. ─ falo ao meio de uma pigarriada. ─ Eu quero ver uma guitarra.
A moça abaixa a revista. Ela me encara, me reconhece, e carrega a mesma expressão que os outros ao ver alguém famoso.
As vezes, isso me deixa enojada. Não por não gostar de fãs - ou pessoas do gênero - e sim porque a situação me deixa constrangida.
─ Puta merda... ─ ela esbraveja, mal abrindo os lábios enquanto diz. ─ É a Cris Bellini.
─ Quero uma Gibson sg. ─ tento sair o mais rápido dessa situação. ─ Por favor.
─ Igual a sua? ─ a menina pede, entre seu transe de saber se sou real, se ela está acordada; então, somente acinto.
●●●
Minha mão escapa da maçaneta, e a porta se afasta, mostrando os cômodos desabitados da casa.
Caminho a diante, e escapo para meu dormitório, então pousando a minha nova guitarra na cama.
A encaro por alguns segundos.
Meu coração aperta. Eu iria da-la ao papai, mas não consigo. Não consigo ficar com a Lili sabendo que ela é dele. Meu pai estando aqui, ela jamais poderia ser minha, e eu abro mão dela, para devolve-la ao seu legítimo dono.
Fico com uma guitarra qualquer. Da mesma marca e modelo, apenas numa cor diferente, para que não exista tantas saudades dm tocar com a Lili.
Pode parecer completamente sem sentido para os de fora, mas papai me prometeu Lili quando ele faltasse nessa casa. Ele faltou só que agora voltou. Sinto que a mim ela não pertence, e prefiro mil vezes ver meu pai tocando com ela, do que ainda haja intrigas pelo instrumento.
Desço para baixo. A sala continua no estado no qual estava, já a cozinha, contém movimentação. Me encaminho para ela, parando na porta ao visualizar papai arranjando os apetrechos para fazer chimarrão.
Eu o vi, e tive vontade de chorar como quem ralou o joelho. Eu ralei meu coração. Mas um joelho ralado, doi bem menos que um coração quebrado.
Eu quis crescer, só que quero voltar do início. Não há como fazer isso, então encontrei um refúgio ao me guiar para o abraço de papai.
Ele me dá aquele seu enorme abraço esmagador, igualzinho quando ele retornou para nosso lar.
─ Feliz Natal, mia bambina. ─ meu pai fala, com um sorriso caloroso e receptor.
─ Natal... ─ consigo murmúriar, em todavia não está parecendo-me tão feliz assim.
─ Você está fedendo. ─ diz, rindo após.
─ Me esforço para sorrir. ─ Já me falaram isso.
As mãos grandes dele cobrem minhas bochechas, e ganhando distância de meu rosto, ele me analisa.
Senti que já não éramos mais eu e papai na cozinha. Mais companhia não mudaria nada. A todo custo eu me sentia sozinha, mesmo sendo abraçada.
─ Aonde que a minha Tina andou? ─ papai questiona, não abaixando seu olhar analisador.
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❛ ANJO CAÍDO 2 ❜ ‣ Slash
Fanfiction‣ 2° 𝘵𝘦𝘮𝘱𝘰𝘳𝘢𝘥𝘢 ❛Será mesmo que o amor, consegue prevalecer contra o baque de picos da terra, da distância do céu e do maldito tempo? Será mesmo que eu ainda serei seu anjo caído?❜ Começada: 30/10/22 Postada: 07/12/22 Terminada: ?