° Capítulo 21 °

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Os dias passaram sendo relativamente chatos. Insuportáveis a cada visita diária de Ester, incomoventes  com as resmungações ocultas de meu namorado, incômodos com a ausência de meu irmão, inerentes com todo o clima falsificado de família feliz - digo sobre meu pai, Ester, Dantan e eu; não sobre os outros. Talvez eles sejam felizes realmente, só que não agora.

O clima nunca foi um dos melhores, mas aos poucos se torna gradualmente bom com a presença de qualquer Hudson aqui - incluindo a do chatinho do meu cunhado.

As datas festivas de final de ano estão mais perto do que pensei imaginar. Meu humor e ideias exclusivas quanto aos eventos mudam a cada gota de orvalho que rola no solo está noite, e ao recordar que amanhã será Natal, me bate a ilusão fantasiosa de quando criança; que tudo sairia do ruim e partiria para o agradável.

Dificilmente isto acontece. Em todavia, a noite é bela, e é de festa, significando que as vezes, meu sorriso é mais falso, que o louro dos cabelos de Duff, Vince, ou do próprio Steven.

─ Ah! ─ Ola exclama, de pé, pousando a mão nas costas de Slash, que está posto ao meu lado, sentando também na mesa da cozinha. ─ O Slash me deu um pouco de trabalho sim! ─ diz, e no mesmo, meu namorado abre um sorriso, como se isso fosse algo de se orgulhar. ─ Não adianta negar!

─ Acho que quem mais me deu trabalho, dos meus quarto meninos... ─ vovó começa, movendo, lentamente a cabeça a meu pai. ─ Foi o Fabrício.

Meu pai, que secava os copos, apoiava a mão na pia, trocando olhares com Ola, mas sua mão resvalou, quase o pondo no chão. Agilmente, sua mão volta ao espaço, e ele sorri, com vergonha.

─ É acho que ainda me dá trabalho... ─ comenta, em um suspiro. Seu olhar para em mim. ─ Cris também. Igual o pai. Me deu as mesmas emoções, para não dizer trabalhos... Já que eu fui mais mãe dela, do que a Ester. ─ ao finalizar a frase, seu olhar voa de cantinho, para a maluca que me gerou.

Ester bufa, mexendo a janta com uma colher de pau bem próxima ao fogão.

Ela sabe que é verdade. Agora quer distorcer os fatos para meu pai.

─ Não só da Cris, vó... ─ murmúria Dantan, ao aparecer na porta da cozinha.

─ Minha avó ergue as sobrancelhas, e prossegue. ─ Dantan foi como o meu mais velho, o Maurício. Mais quieto, e parado. Já a Cristina, Senhor! ─ ela esbravejou, erguendo as mãos ao céu, em suplicação, e risos, percorreram o local de imediato. ─ E o pai dela! ─ continuou, pondo uma mão na testa, enquanto riamos mais. ─ Não sei qual me deu mais cabelos brancos!

─ A Cris. ─ afirma Dantan, de voz seria.

─ Teu cu. ─ rebato ao meu irmão, vendo-o de canto.

─ Talvez... ─ ameniza vovó. ─ Faltava aula, brigava na sala, rodou de ano, espancava os primos, FUGIU DE CASA, mas nunca me faltou com o respeito. O Fabrício a mesma coisa! Tal pai, tal filha!

Eu e papai nos encaramos, acabando de dar por de ombros, por não ter muito o que comentar sobre esse papinho de mamães, relatando de seus filhos na adolescência. É o mesmo gene.

─ A culpa é sua, seu Fabrício. ─ provoco meu pai, arrancando dele um rolar de olhos estressado.

─ Aham. ─ papai resmunga, cruzando os braços. ─ Claro, tu-

Antes de continuar, minha avó apenas lança uma miragem a seu caçula, calando-o, e então continuando.

─ A cada três palavras que falavam era pra começar uma briga, ou eram palavrão, saiam de casa escondido... Como se eu não os deixasse sair! ─ faz uma observação, com remorso das nossas artimanhas. ─ Parece que sempre queriam viver uma emoção... Enchiam a cara escondido, voltavam pra casa bêbados, aos trancos e barrancos, afirmando que estavam sóbrios. E na época da Cris, não era só ela! Ela levava Fernando e Luis juntos!

❛ ANJO CAÍDO 2 ❜ ‣ Slash Onde histórias criam vida. Descubra agora