° Capítulo 8 °

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É noite, e eu continuo a arrumar alguns edredons em meu quarto, fazendo a repetição mental de uma única frase: Eu não sou mais seu bebe.

Eu não sou mais seu bebe. Eu não sou mais seu bebe. Eu não sou mais seu bebe.

Não me dizia nada, mas eu achava tudo. Achava que eu teria com meu pai, a mesma relação turbulenta que tive com minha mãe. Achava que por fim, meu pai seria apenas o Axl - caso o que teve entre nós não fosse soterrado no passado.
Mas, eu apenas continuava repassando a frase, e continuava arrumando os edredons.

Repasso a frase como um mantra, uma canção de ninar. Em todavia isto obtém efeito contrário em mim. Não me acalma, só me deixa nervosa.

Quer dizer que ele vai me deixar crescer? Quer dizer que ele aceitou que não sou mais uma criança? Ou quer dizer toda uma simbologia inversa? O que quer dizer?

Eu não quero crescer. Não quero mais crescer do que já cresci. Quero parar o tempo no exato momento que estou - mesmo que isso significe ficar no upload de minhas perguntas.
Eu quero voltar a ser criança. Quero chorar, quero gritar, e ainda quero me acalmar.

Agora eu sei o que quero, mas a frase ainda se repete.

Eu não sou mais seu bebe. Ela tentava me acalmar. Eu não sou mais seu bebe. Mas quando regressava a mente, me desolava. Eu não sou mais seu bebe. Encontrei um lado positivo da coisa. Eu não sou mais seu bebe. Pensei no lado negativo da coisa.

E eu, sigo nesses picos. Picos altos, picos baixos, picos esmagadores que foderam com minhas asas de anjo. Picos que sempre estiveram em minha vida, desde que cai dos céus. Picos que nunca somem. Picos que sempre reaparecem. Picos novos e piores. Picos indestrutíveis. Picos de pedras, picos lapidados com lâminas pontudas e afiadas.

Acomodei a última coberta no fundo de meu armário, e a frase reaparece em meus pensamentos outrora.

Sento na cama, antes de desmoronar em qualquer parte do meu dormitório, e ter um desmaio - ou coisa pior.

Fecho meus olhos, alisando minhas têmporas, com a sensação de estar rodando, acompanhada de ruídos de conversas, e de passos, vindos do corredor.

Os passos se suavizaram por um instante, já no próximo, o som adentra em meu quarto. Reproduzido-se tão perto, tão alto, tão maçanete, que me surgiu a impressão, que os sons fariam minha cabeça rachar.

Abro os olhos, localizando Slash, localizando nosso filhinho canino em seus nos braços, localizando uma ruga em sua testa, acompanhada de uma expressão estranha.

No entanto que parava a massagem em minhas têmporas, pausando meus dedos inseridos a cima das mesmas; meu mundo parou de girar, e de aparência, minha mente parou também, congelando no espaço contínuo do tempo.

─ Está tudo bem? ─ meu namorado questiona, pondo Eclipse no chão.

Simplesmente não respondo, admirando-o com meu cachorrinho.

Slash o deixa no chão, passando sua mão na cabecinha do mesmo, que a mantia erguida, como um bom menino obediente.

─ Fica aqui. ─ Slash ordena, apontando um dedo para o animalzinho. ─ Tenho que falar com sua mamãe.

Ele se ergue, arrumando a postura, e mira Eclipse. O cão, também olha Slash, e repentinamente, abana o rabo, sequencialmente não obedecendo a única ordem lhe dada; correndo feito um pônei livre.

─ Que merda! ─ meu namorado xinga, virando-se para ir atrás do nosso fugitivo.

─ Deixa ele. ─ digo esfregando meus olhos, e Slash se torna aonde estou. ─ Uma hora ele volta.

❛ ANJO CAÍDO 2 ❜ ‣ Slash Onde histórias criam vida. Descubra agora