° Capítulo 15 °

121 14 0
                                    

Carrego o telefone ao meu ouvido, entre a pequena ação de apertar a tecla para atender.

─ Oi-oi, pai... ─ gaguejo, não tendo apenas a voz trêmula, assim como minhas mãos também.

─ TINA! ─ ele me chama, logo acompanhando de vários palavrões. Ele parece feliz, mas exaltado, e no fundo de seu ambiente, há todos os fatores relevando que eles já estão dando uma festa; e eu estou a perdendo. ─ CADÊ O MEU CD DO SLPIKNOT?! ─ papai grita, parecendo caminhar pela música - e gritos, risos, baderna - ficar mais alta a cada curto período de tempo.

─ Dantan vendeu. ─ respondo, afastado o telefone celular de meus tímpanos, já os tendo doloridos pelo ruído interno da festa.

─ QUE?! ─ a mim, meu pai teria um baque ao saber de que, meu irmão vendeu todos os seus CD's - que a princípio estavam comigo - pois eu fugi de casa. Mas não, sua voz continuava soando em alta e alegre ênfase. ─ CADE OS OUTROS?!

─ Tiveram o mesmo rumo... ─ respondo, mirando de canto Slash, um pouco ressabiada por anteriormente.

─ SEU IRMÃO VENDEU MINHA COLEÇÃO DE CD'S?! ─ ele grita novamente.

As melodias da festa só aumentavam. As pessoas giravam seu volume para o quinhentos, e eu, ficava mais surda a cada girada, afastando mais o aparelho do meu rosto - eu ouvia papai nitidamente com o mesmo há sete centímetros do ouvido.

Meu pai deu um grito, parecendo puto por algo, largando do seu bom humor.

─ EU JÁ VOLTO! ─ ele informa, e eu cerro as sobrancelhas. ─ VÃO QUEBRAR UM VASO DA SUA AVÓ! E MELHOR EU IMPEDIR, NÉ?!

─ Acho que sim... ─ digo, mesmo que ele não tenha ouvido, simplesmente digo, meio sem graça. Avisto a face impaciente de meu namorado. ─ Acho que trocamos os papéis. ─ largo mais um acho no ar. O som de minhas palavras tem companhia, de seu pé batendo no solo fresco. ─ 'To me sentindo uma mãe agora.

─ Imagino. ─ ele confirma, parando seu pé no chão.

Suspiro. De repente, me cansei. De repente eu quero afundar meu rosto em seu peitoral másculo, e dormir, aspirando seu aroma de menta.

─ CONSEGUE ME COMPRAR ALGUNS?! ─ e de repente papai volta, parecendo ter mais energia que antes - e que eu.

─ Claro. ─ respondo, e sorrio, apesar do mesmo não poder ver-me. ─ Quais você quer?

─ Ah... ─ desta vez, ele exclama mais baixo, estando pensante. ─ Minha filha, arruma uma caneta.

─ Tem uma caneta ai, Slash? ─ pergunto ao meu namorado, encarando-o.

─ Esta saindo com o Slash agora? ─ meu pai capta minha atenção, fazendo-me perceber que agora sua tonação de voz é normal, que o barulho do fundo sumiu, e que parece uma ligação calma.

─ Tipo isso... ─ resmungo, assistindo Slash caçar uma caneta em seus bolsos.

─ Desde quando são amigos? ─ papai questiona, e eu me senti em uma tarde de verão, observando o cair do sol, tomando chimarrão e comendo pipocas, conservando sobre coisas profundas da minha vida com ele, até que caímos nesse assunto.

Slash faz a mesma expressão que eu. De dúvida. O cerrar das sobrancelhas e uma ruga na testa.

Ele deita seu ouvido no outro lado do telefone, ouvindo-nos.

─ Que CD's você quer mesmo, pai? ─ desvio o lerolero, tomando das mais do meu namorado a caneta.

─ Não respondeu minha pergunta. ─ papai se mantém firme, querendo repostas.

─ Não importa, pai. ─ Slash me olha assim que falo, de uma maneira absolutamente questionadora, intimidadora.

─ Por que todos fogem quando pergunto desse cara? ─ sua dúvida cai no mundo, como na tarde de verão - qual nunca exisitiu ─ que caímos no papo sobre Slash. ─ Por que você foge quando pergunto do Slash? ─ a voz dele diminuiu, mas eu devo responder a isso? ─ Esquece... Eu quero do Iron Maiden, AC/CD, Led Zepplin, Rosa Tattoada...

●●●

Por que você foge quando pergunto do Slash?

Sua voz invade minha mente outra vez, e saímos duma loja de discos qualquer, com o sininho da porta batendo.

Eu seguro as compras em uma pequena sacola, pensativa, dando de frente para a rua deserta. A única movimentação, era o sol se pondo. Ou indo dormir, como a Kiara cita.

─ Você tem que contar para ele. ─ nesta vez, a voz que me invade é a dele, passando por meu corpo numa vibração de arrepiar.

Levo o rosto para meu namorado, sem dizer absolutamente nada.

─ Só fazem dois dias disso, Cris... ─ ele continua, continuando a me encarar. ─ E eu já não aguento mais. É o mínimo que você deve pra ele. Contar. Morro de medo dele, mas é o certo.

─ Eu sei. ─ minha voz escapa, frágil e cansada.

─ E por que não faz, gatinha? ─ Slash pergunta, na sua maior delicadeza, destacando meu cabelo atrás da orelha, e embarcamos em mais um momento frágil para mim. Dou de ombros, facilmente. ─ Anjo... ─ ele sussurra, me puxando para perto. E eu deixei que ele me desse um abraço, pois era o que eu precisava. ─ É o meu pescoço, não o seu. ─ completa, prosseguindo naquela de afastar meus cabelos, com um braço na minha cintura.

─ Mas parece que é o meu. ─ digo baixinho, totalmente desolada, mesmo que ele estivesse aqui, eu me sentia sozinha numa barca.

─ Você está com medo de contar?

─ Eu estou com medo de perder ele mais uma vez. ─ respondo, contendo lágrimas malditas, para não estragar minha maquiagem. Slash encosta sua testa na minha, e segura em meu rosto. ─ Cara... ─ eu ia voltar a falar, mas me veio aquele luzinha intercalada a sua olhada torta, me obrigando a lembrar que ele "não curte" quando me refiro a ele assim; já que ele é meu namorado, e quer apelidos carinhosos. ─ Desculpa. ─ peço, e Slash sorri levemente, compreendendo, no enquanto alisa meu rosto com seus dedões. ─ Foi mal... A gente já teve uma conversa hoje, sobre eu já ser mulher. E se ele dar um piti? Eu entendo isso. É como ele falou, ele só voltou e eu já era uma rosa desabrochada...

Faço uma pausa, cerro as sobrancelhas e logo, Slash me dá vários selinhos, atingindo meus lábios segundo após segundo. Como uma metralhadora, beijando sempre a mesma região em específico, e dando uma tingida em seus lábios, os deixando com uma leve coloração vermelha.

A barca é minha. E eu tenho que estar sozinho nela. A missão é minha. E eu acabei de decidir.

─ Eu vou contar. ─ falo, segurando sua face, no instante que ele resistia, tentando me dar mais beijos. ─ Vou tentar fazer isso quando chegarmos em casa.

─ DEIXA EU TE BEIJAR, PORRA! ─ Slash exclama, putinho, por eu segurar ainda seu rosto.

❛ ANJO CAÍDO 2 ❜ ‣ Slash Onde histórias criam vida. Descubra agora