Prólogo
Lior
Cada vez que meu telefone toca sinto como se estivesse perfurando meu cérebro, o som irritante não para até que pego o aparelho e lanço na parede do outro lado da sala. Quero rir da minha situação atual, todos aqueles em que confiei tentaram me enganar, tudo aquilo que pensei que valesse a pena lutar para proteger é justamente aquilo que deveria ser combatido.
Pego o lenço no meu bolso e limpo o sangue no meu rosto, eu gostaria de ter feito um trabalho melhor cuidando de tudo isso, mas a verdade? Não me importo em sujar as minhas mãos, mesmo que seja o sangue do meu próprio pai, a porra do meu próprio sangue!
— O que você fez, Lior? — Meu primo e melhor amigo entra no escritório.
O cadáver com o rosto desfigurado que deveria ser o rosto do meu pai, está no chão, em frente a lareira, o sangue escorrendo e manchando o tapete. Espero que não fique uma mancha no piso, vai ser difícil limpar essa merda.
— Chame alguém para limpar isso. — Mando.
— A polícia está a caminho, eles receberam uma denúncia que teríamos drogas armazenadas.
Como se tudo tivesse sido cronometrado, a campainha toca.
— Limpe isso, não vou cair por limpar o mundo de um lixo como esse. — Respondo.
— O que ele fez?
Saio da sala, não é minha história para contar, tenho certeza que sua irmã vai lhe dizer tudo se estiver confortável em compartilhar a cena que encontrei quando cheguei em casa. Passo no banheiro e lavo as minhas mãos, passando uma faixa em volta dos meus dedos, e só então caminho para a porta de entrada, onde um dos empregados já abriu para o policial.
— Senhores, em que posso ajuda-los? — Pergunto.
— Recebemos uma denúncia de que havia drogas na sua propriedade, espero que não se incomode se dermos uma olhada.
O sorriso satisfeito desse babaca é o mesmo que ele usava no colegial.
— Espero que tenha um mandado de busca, do contrário não estrará na minha casa.
— Isso é medo? — Sua provocação não faz nada comigo, nesse momento, tudo o que não tenho é sentimentos.
— Medo? De você? — Avalio. — Isso só pode ser uma piada, um oficial tão corrupto como você? Se eu lhe desse coisa você sairia daqui, não vamos fingir que o que traz aqui é a denúncia, é sua ambição.
— Posso prendê-lo por desacato.
Me inclino em sua direção.
— E eu posso denunciá-lo por invasão a propriedade privada, desde que não tem um mandado. — Aviso. — Saia da minha casa, nesse momento.
— Tornar meu serviço mais difícil não vai te ajudar.
— Me irritar é que não vai te ajudar, agora deem o fora da minha casa!
— Eu vou voltar.
— E quando o fizer, não esqueça o mandado.
Bato a porta na cara dele, e volto para o escritório, o corpo do meu pai já se foi, o sangue está sendo limpo e o tapete está enrolado no canto da sala, a mancha vermelha brilhando como um maldito farol.
— O que faremos com o tapete? — A empregada pergunta.
— Queime.
Meu primo ainda está parado no canto, esperando que eu explique o que aconteceu, que merda o meu "querido pai" fez que causou essa reação, que me fez mata-lo sem me importar.
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Vilão Irresistível - Série Obstinados Livro 1
RomanceLIVRO 1 - SÉRIE OBSTINADOS De onde venho existe uma ordem para as coisas, sangue, honra, família! Pensei que essa ordem era respeitada por todos até que descobri o que estava acontecendo bem em baixo do meu nariz. O sangue que tanto valorizamos? ...