Capítulo 19

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Anuvia

Lior acelera o carro pela estrada, levei um momento para perceber que voltamos para o seu apartamento. Saio do carro com o meu café em mãos e jogo em uma lixeira ao lado do elevador.

Assim que entramos vou direto para o sofá aconchegante da sala e me jogo nele, puxo a manta sobre as minhas pernas e assisto enquanto ele ascende a lareira e em seguida vai para a cozinha. O cheiro de chocolate quente toma conta da casa, Lior volta carregando duas canecas, me entrega uma e se senta, puxando os meus pés em cima de suas pernas e ligando a TV.

Mesmo tendo tomado café agora pouco, não vou recusar chocolate quente e aconchego no sofá.

Esse momento é especial, intimo, muito mais íntimo do que sexo. O homem acariciando os meus pés e procurando por um filme na Netflix, não faz ideia do quanto sua simples atitude significa para mim. Nem o quão maluca me sinto por estar imaginando nosso futuro, como seriam os nossos filhos e se esse apartamento seria a nossa fuga em família, ou o nosso lugar para fugir das crianças.

— Você não é o vilão. — Declaro depois de um momento de silêncio.

— O que?

— Matar aquelas duas mulheres na minha frente não te tornou o vilão, sei o que te levou a cadeia, e acho que aquelas mulheres faziam parte de algo assim. — Lembro da nossa aventura no primeiro dia. — Não importa o que planeje, estou do seu lado.

Ele aperta o meu pé, deslizando sua mão até a minha panturrilha, solto um grito surpreso quando sou puxada em sua direção e acabo montando seu colo, de frente para ele, minhas pernas em cada lado do seu quadril. Lior segura meu rosto, colando nossas testas uma na outra, com cuidado por causa dos meus pontos, ele fecha os olhos.

— Você me assusta, Anuvia. — Murmura. — Me faz questionar tudo o que pensei ser certo, me faz desejar ser uma pessoa diferente, alguém que não posso ser.

Mais uma vez, suas palavras são o reflexo dos pensamentos que estava tendo no carro. Lior não entende que eu viveria o caos todos os dias, apenas para estar com ele, que o pouco tempo que o conheço, ele se apossou do meu coração.

— Ótimo, eu não quero uma pessoa diferente! Lior, eu quero você!

Com a minha admissão seus olhos se abrem, posso ver que está buscando em minha expressão qualquer sinal de mentira, mas se surpreende ao notar que estou sendo sincera no que digo.

— É isso?

— Achou que matar duas pessoas na minha frente me assustaria? Ou que agir todo mandão o faria?

Fecha os olhos, lutando contra seus pensamentos ou com informações que ainda não me deu. Não sou idiota, existem coisas que não me contou, informações que precisam ser guardadas por enquanto.

— Não, mas te prepararia para o que vai acontecer.

— Nasci preparada! — Dou um beijo em seus lábios, e saio do seu colo.

Odeio que graças a um idiota, não podemos selar esse momento do jeito certo.

— Vou matar o filho de puta que te atropelou. — Declara, me fazendo rir.

— Qual filme você quer assistir? — Pergunto.

Ele me entrega o controle.

— O que você quiser.

Agindo como uma adolescente idiota, bato palmas e pego o controle animada, um dos meus filmes favoritos de quando eu era criança entrou na Netflix e faz um longo período que o assisti. A vida adulta cobra o seu preço, e muitas vezes é a custas das coisas que mais amamos, como um dia de chuva sem fazer nada, vendo TV ao lado do meu homem maravilhoso.

Vilão Irresistível - Série Obstinados Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora