Capítulo 13.

2K 356 623
                                    

Inspirei profundamente, sentindo a fumaça quente arder em meus pulmões.

— Samuel, primeiro precisamos salvar Laura e Celso! — Informei, embora meu coração retumbasse a cada segundo em que pensava no motivo para Alex não ter dado o alerta.

— Vamos rápido!

Se tivesse tempo para isso, ficaria devidamente aterrorizada vendo aquela caricatura cruel de onde foi minha casa por todos esses meses. Uma barreira de chamas se espalhava, obstruindo parcialmente minha visão da entrada principal. Incontáveis carcaças ambulantes invadiam o que antes era protegido pelo portão que agora jazia retorcido no chão. Eu havia perdido Adão de vista e até então havíamos visto apenas outro homem, que fora imediatamente atingido por Victória. Achava difícil que tivessem vindo sozinhos.

Corri até o lugar onde minha amiga fora baleada, para recuperar o machado que deixei para trás durante a fuga. Minha faca estava embainhada, mas um combate corpo-a-corpo era muito arriscado com as roupas simples que eu usava. A pistola também estava ao alcance da minha mão, mas pela quantidade de inimigos mortos (e vivos), achava necessário começar a economizar balas o quanto antes.

Samuel acompanhava meu ritmo com um pouco de dificuldade. Usava uma regata e shorts de pijama, que além de deixarem os braços e pernas expostos, tinham um tecido tão fino que bastaria uma mordida para se rasgarem.

— Samu, vamos economizar os tiros para os vivos! Tenta encontrar um pedaço de madeira para se defender — instruí, sem parar de correr em direção às chamas. Elas se espalhavam com velocidade e quase alcançaram o local em que o machado jazia abandonado, mas cheguei a tempo de recuperá-lo.

... LUNÁTICO FODIDO DE MERDA! — Uma voz masculina estridente irrompeu sobre o crepitar do fogo. Então o estouro de um tiro próximo agitou ainda mais os zumbis. Era difícil ver muita coisa com as chamas e o caminhão obstruindo minha visão, mas o barulho de motor se sobressaia aos rosnados.

Queria entender o que acontecia, tentar descobrir mais alguma informação sobre nossos inimigos, mas me vi obrigada a abandonar o que quer que se desenrolava perto do portão principal para correr em direção à casa de Celso. Samuel estava com um pedaço de madeira chamuscado em mãos. Apesar de não sair do meu lado, olhava sem parar para trás, tentando se certificar de que o pai estava bem.

Tentei evitar qualquer pensamento intrusivo sobre algo acontecendo com Tom e, consequentemente, com Mei, que ele precisou sobre os ombros em uma subida de quase três metros. Foquei nas pessoas perto de mim que precisavam ser salvas. Ou, no mínimo, terem seus corpos encontrados.

O caminhão havia colidido com a parede de frente para o portão. Nenhum dos terrenos tinha qualquer tipo de cerca, então rodeamos a casa com facilidade, alcançando rapidamente o lado contrário da explosão.

— Os quartos ficam desse lado, talvez não tenham sido pegos... Laura! — Gritei, assim que vi correndo em direção à janela, com Bruxa apertada em seu colo. Dentro do condomínio, ninguém trancava casas ou fechava venezianas, então bastou empurrar o vidro para o lado e ele abriu facilmente. — Cadê o Celso?!

Rebeca! — A garotinha gritou. Fios de lágrima marcaram suas bochechas. — Papai tá na cozinha!

Apoiei-me no batente e pulei para dentro do cômodo o mais rápido que pude. Nele havia duas camas de solteiro, além de uma bagunça de roupas e acessórios que me fazia acreditar que outrora ele pertencera à Bruna e Darlene. Não perdi tempo procurando por armas dessa vez.

— Samuel, ajuda a Laura a sair! — Não esperei sua resposta antes de correr porta afora.

Mesmo aquele lado da casa estando afastado da explosão, a fumaça escura já chegava até ali, então usei a gola da blusa para cobrir minha boca e nariz.

Em FúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora