Inesperadamente

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Assim que tudo se ajeita Yonta bate palmas e Alex pega um controle, colocam uma música leve e tranquila no salão. Enquanto isso outros garçons entram e começam a servir chá e quitandas para as garotas. Como era meu primeiro dia fico um pouco confuso em relação ao que fazer afinal só estava lá parado, então olho pra Alex e ele simplesmente assenti com a cabeça. Então simplesmente me aquieto.
Enquanto as meninas tomavam chá e conversavam, é inevitável para mim não olhar para ela, Savannah, ela parece um pouco tímida, mas também não parece ter dificuldade em fazer amizades, visto que ela conversa e sorri tranquilamente com Sabina.
Percebo que ao ficar paralisado olhando para ela meu coração começa a palpitar um pouco mais fortemente, o que está acontecendo? Não sei decifrar.
Parte de mim, só de olhar para ela tem vontade de me sentar ao seu lado e conversar com ela, simplesmente para conhecê-la melhor. Mas a outra parte é pura razão, por que eu estava vidrado nela? É claro que sua beleza é estonteante, mas eu nunca a tinha visto antes, e não faço ideia de como ela realmente é. Então depois de um bom tempo ali parado e perdido em meus pensamentos, volto para a realidade percebo que o sol já está se pondo e as meninas começam a se arrumar para irem embora. Logo em seguida Yonta começa a falar:
- Meninas foi uma grande alegria receber todas vocês aqui hoje para esse chá, espero que vocês tenham se entrosado o suficiente para se tornarem boas amigas, eu espero vocês dentro de alguns dias para o nosso evento beneficente para o orfanato da cidade. Nesse evento vocês terão oportunidade de trabalharem e mostrarem para a sociedade o coração fraternal que vocês tem.
As meninas se levantam de suas cadeiras e se dirigem para a porta onde eu estava para abrir para ela passarem. Todas elas passam e me dão um sorriso gentil, retribuo o sorriso e logo digo a elas:
- Até logo meninas, tenham uma excelente noite!
- Até logo Zane - Diz Nour para mim, apenas sorrio e aceno para ela. Nour parecia ser uma garota gentil, mas seus olhares pra mim me deixavam envergonhado, que bobeira a minha!
Ao voltar meu olhar para o salão, vejo Savannah vindo em minha direção pronta para ir embora, ela está séria, mas olha nos meus olhos, e logo em seguida abaixa os olhos e passa por mim. Sinto o vento em mim quando ela passa.
Logo em seguida vou até a janela e vejo vários carros de luxo pararem para buscarem as menina. Então ouço Alex:
- Irmão, o trabalho hoje é somente este, me ajude a limpar essas mesas e guardar as coisas na dispensa, então acho que já poderá ir para casa.
- Ok! - Digo.
Quando Alex fala essa palavra "casa" me lembro que tinha acabado de chegar na cidade e realmente não tinha um lugar para ficar. Nas últimas semanas, minha mente estava bem cheia com toda a história do meu pai e este emprego que decidi que iria resolver a questão da moradia depois, mas acabou que me esqueci e vim para cá sem pensar nisso. Que vacilo o meu!
Mesmo preocupado em relação a isso continuo a fazer meu trabalho, pois se tem algo que não posso fazer é deixar a desejar no meu primeiro dia.
Assim que todo o salão está limpo e arrumado, vou até o banheiro para trocar de roupa. E logo percebo que as roupas que havia deixado no canto do banco, já não estavam mais ali. Mas onde poderiam estar? Então me lembro que a jaqueta que também havia deixado lá, meu pai que havia em dado, a possibilidade de tê-la perdido me corta o coração. Então volto para o salão, com o mesmo uniforme, que estava usando, uma calça preta, uma camisa branca com gravata e um avental amarrado na cintura. Mas então tiro o avental e sigo para o estacionamento.
Já havia uma hora desde que o chá das garotas havia acabado e enquanto procuro minha pick-up no estacionamento avisto de longe uma menina sentada na calçada com um celular na mão enquanto chora. Puxa vida! Era ela Savannah. Me aproximo preocupado e pergunto:
- Olá, está precisando de alguma coisa? Posso ajudar?
Assim que ela me escuta ela leva um pequeno susto, se levanta abruptamente e começa a secar as lágrimas de seu rosto e me diz:
- Está tudo certo - Ela me responde com um tom meio enfurecido.
- Está tudo bem mesmo? É que eu vi você chorando e ...
- Sim! - Ela me interrompe, ela parecia nervosa.
- Ok, então! Boa noite
Mesmo sabendo que ela não estava bem, não poderia ficar insistindo, visto que ela estava visivelmente brava, dou de costas e avisto minha pick-up alguns metros para a frente. Assim que abro a porta da pick-up escuto:
- Espera! Se você quiser você pode me ajudar. Quando volto meus olhos para trás é Savannah, ela me diz isso enquanto se aproxima, com seus olhos ainda vermelhos por causa do choro. Suas palavras soam engraçado para mim, parece que alguém se arrependeu...
- Do que precisa? Aliás o que faz aqui a essa hora sozinha? - Pergunto a ela
Ela respira fundo e me fala:
- Meu celular descarregou e não consigo ligar pro meu pai para ele vir me buscar, nosso motorista está de folga então só tem ele pra vir me buscar, eu falei pra ele o horário que iria acabar, mas como sempre, parece que ele se esqueceu de mim novamente. Pensei em voltar pra casa de a pé, mas estou com um pouco de medo. Poderia me emprestar seu celular para eu ligar pra ele?
- Eu posso te levar em casa! - As palavras saem da minha boca sem eu sequer pensar. E Savannah olha pra mim com uma interrogação em seu rosto.
- Desculpe-me mas eu não te conheço, não posso fazer isso - Ela retruca
Óbvio que ela não iria aceitar, e nem deveria mesmo, somos completos estranhos um para o outro, um sentimento de arrependimento me invade por ter proposto de levá-la em casa, não queria que ela pensasse qualquer coisa ruim a meu respeito, então digo!
- Claro! Você está certa, pege meu celular
Ela pega meu telefone e já começa a discar, vira se costas e começa a andar pra lá e pra cá com o celular no ouvido, depois de uns poucos minutos ela volta até a mim e me entrega o celular dizendo:
- Ele não atendeu - Ela parece um pouco decepcionada e continua dizendo - Acho que vou ter que aceitar sua carona - Ela diz olhando para baixo e apertando seus dedos uns com os outros.
- Claro! Pode entrar! - Digo a ela, me sinto feliz por ela ter aceitado que eu a levasse
Dou a volta no carro e puxo a porta para ela entrar, assim que ela se senta no banco de passageiro, antes que eu fechar a porta ela me diz:
- Lembre-se que isso é somente uma carona e nada mais!
- Sim, não me ousaria a imaginar que seria qualquer outra coisa - Afirmo a ela
Entro na pick-up e peço que ela me diga onde é sua casa, ela toma o celular da minha mão e coloca a localização no GPS.
- É só seguir - ela me instrui
Começo e dirigir e percebo que não haverá muito diálogo nessa curta viagem, Savannah se inclina para a janela e começa a observar a vista, enquanto eu a observo pela visão periférica.
Durante todo o caminho ela permanece quieta e calada, aquilo me trás certo incomodo, mas como ela mesma disse, era apenas uma carona, não é confraternização.
Percebo que após uns quinze minutos chegamos em sua casa. Encosto o carro e percebo o tamanho daquela casa, era um sobrado enorme, com um jardim do lado de fora e uma arquitetura moderna.
Savannah começa a se arrumar para sair e então diz:
- Muito obrigada Zane, depois eu te passo o valor por essa carona - Zane? Ela decorou meu nome na hora do chá? Valor?
- Não é necessário! - Digo a ela
- Obrigada! Boa noite - Ela diz enquanto olhando nos meus olhos
- Boa Noite Savannah - Desejo a ela enquanto a observo se afastar enquanto entra em casa.
Arranco com o carro e começo a dirigir, enquanto penso naquele momento que passei com ela. Sem muitas palavras, mas com muitos olhares. Sem dúvida Savannah era uma garota belíssima e interessante, seu ar de mistério, sua personalidade firme me chamam atenção a ponto de ficar simplesmente me lembrando de sua feição doce. Algo dentro de mim se desperta pela vontade de conhecê-la melhor e de saber quem ela é.
Logo em seguida percebo que estou dirigindo sem rumo algum, afinal não tinha nenhum lugar para ir. Pois desde que saí do clube minha mente esteve voltada somente para Savannah. O que farei agora? Não tenho pra onde ir.

Somente Ela | Savannah/Zane Clarter/ZavannahOnde histórias criam vida. Descubra agora