Confusão

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Já havia passado alguns bons dias desde que Savannah havia me flagrado com Nour. E eu ainda não tinha respostas concretas, para me defender. Eu havia passado os últimos dias muito mal, do serviço pra república e da república para o serviço. Nada me animava e a fofoca de que eu havia traído Savannah já estava espalhada por todos do clube. Alguns me olhavam com maus olhos, outros me achavam incrível por ter feito isso, sinceramente não entendia essas pessoas.

Mas havia um motivo para eu me alegrar. Era a minha folga e minha mãe iria chegar hoje para me ver. Desde o funeral de meu pai eu não a via, então eu realmente estava feliz.

Eu estava sozinho na república então trato de deixar tudo arrumado para recebê-la. Faço inclusive algumas coisas para que ela pudesse comer. Queria recebê-la bem. Então alguem bate à porta. Era ela. Abro a porta

- Meu filho querido
- Mãe, que bom te ver - Digo enquanto nos abraçamos - Entre - Nós entramos e nos dirigimos para o sofá da sala - Como a senhora está?
- A cada dia um pouco melhor. Seu pai faz muita falta para mim, mas tenho sentido que a minha dor tem se transformado em belas lembranças, isso me conforta um pouco
- Que bom mãe!
- E como você está?
- Estou mais ou menos. Acho que a morte do meu pai me deu uma anestesiada, eu ainda não tirei tempo para pensar em tudo e sofrer o meu luto direito. As vezes me pego pensando nele. Mas logo a correria do dia trata de fazer meu pensamento fugir
- Sei como é meu filho. Mas eu não estou perguntando em relação ao seu pai. Quero saber como está a sua vida
- Nos últimos dias a minha vida meio que virou de cabeça pra baixo. Eu perdi a mulher da minha vida
- A mulher da sua vida? Como assim? Você tem alguém?
- Você se lembra da Savannah? Aquela belíssima moça que levei em casa na morte do meu pai?
- Claro que me lembro, como poderia me esquecer, ela é encantadora
- Pois é, nós estávamos juntos, e eu estava vivendo dias perfeitos ao lado dela. Mas aconteceu algo, e agora ela acha que eu a trai
- Mas você traiu ela?
- Não mãe, é óbvio que não, pelo menos eu acho que não. Tramaram contra mim e ela infelizmente acreditou, mas eu não tenho como provar que não fiz
- E ela não confia em você?
- Não é tão simples, ela tem dores passadas, e eu entendo o fato de ela se sentir assim. Eu realmente entendo, mas sim, gostaria que ela confiasse mais em mim
- Meu filho, mulheres possuem muito sentimentos dentro de seus corações. E o coração de uma mulher precisa ser cuidado, ela deve estar ferida. Dê tempo a ela, mas se você realmente gosta dela e acha que é capaz de cuidar dela, não desista
- Eu não gosto dela mãe, eu a amo com todo o meu coração e eu cuidaria dela por toda a minha vida
- Fique calmo meu filho, as coisas vão se ajeitar - Ela faz uma pausa e continua - Você me lembra muito o seu pai. Ele era um homem honrado e vejo isso em você
- Essa é a melhor coisa que eu poderia ouvir hoje mãe. Se eu for um por cento do que o meu pai era eu já ficarei feliz
- Você é muito mais que um por cento meu filho. Eu olho pra você e vejo ele

Aquela visita da minha mãe foi a coisa mais preciosa pra mim. Era como se mesmo longe de casa eu pudesse novamente me sentir num lar. Eu precisei sair de casa muito cedo, e morar na república em uma cidade nova é um grande desafio. Você não sabe em quem confiar, você não tem alguém para ser seu suporte. Mas com a minha mãe eu me sentia assim, pelo menos uma vez depois de tanto tempo.

...

Minha mãe passara dias comigo, uma semana exata, o suficiente para eu me sentir um pouco melhor. A falta que Savannah me fazia era enorme, mas a presença de minha mãe melhorava muita coisa.

Desde o dia em que Savannah me deixou já havia bons dias em que eu não a via e nem tinha notícias dela. A minha mãe ao meu lado me anestesiou um pouco do sentimento de saudade. Mas assim que minha mãe foi embora, eu já tive que começar a encarar tudo novamente.

Eu havia perdido a Savannah, por algo que eu sequer entendo como ocorreu, e ela não havia me dado chances de me explicar ou de tentar entender algo juntamente comigo. Desde aquele dia, como ela me bloqueou em todos os lugares e não visitava mais o clube eu fui em sua casa três vezes. Mas Dylan, que sempre atendia o portão, não me deixava entrar, alegando que Savannah estava muito mal e não queria me ver de modo algum.

Meu coração estava realmente partido. E o que eu poderia fazer? Eu não via soluções nem um mínimo vislumbre de algo que pudesse favorecer a mim. Também, havia tentado conversar com Nour, mas ela era irredutível, dizia, com detalhes, o que havia acontecido. Falar com ela só me deixava mais nervoso.

Estava no clube, já tinha resolvido todas as coisas do baile que seria no dia seguinte. Então Yonta me mandara para a pista de golfe. Onde além de servir eu tinha a oportunidade de ganhar gorjetas muito boas.

Pego o carrinho de golfe e saio pelo campo para servir bebidas e petiscos aos jogadores. O verão estava quase no fim, então e a temporada de golfe no clube estava um verdadeiro sucesso, todos querendo aproveitar ao máximo. Eu estava contente por aquilo, quanto mais sócios no clube, mais gorjeta para mim.

Passei por diversos jogadores e encontrei a família de várias das debutantes. Então quase no final do campo eu encontro Sina, ela jogava com seu pai e sua mãe na pista. Ao me avistar ela acena com a mão e quando estaciono vou até eles para cumprimentá-los, eles haviam sido extremamente gentis comigo no jantar de lançamento em Nashville.

- Oi Sina - Digo enquanto a abraço - Bom dia Sr. E Sra. Deinert
- Bom dia Zane - Diz a Sra. Deinert - É bom vê-lo novamente
- Com certeza é bom revê-los também. Como estão as vendas do último lançamento? - Perguntei porque sabia que estavam muito bem
- Oh Zane estão ótimas, o novo perfume é um verdadeiro sucesso - Diz Sr. Deinert
- Não poderia ser diferente senhor, no lançamento eu tive a oportunidades de prova-lo e posso atestar, é realmente magnífico, o aroma, a embalagem, a estratégia de marketing, foi uma combinação perfeita

Passei um curto tempo conversando com eles sobre as vendas de seus produtos. Eu realmente me interessava por empresas e negócio, apesar de minha experiência ser pouca eu tinha muito conhecimento sobre o assunto. E percebo que eles também gostavam de conversar comigo sobre sua empresa, então tudo estava muito leve.

- Pai, você se esqueceu que o Zane é meu amigo e não seu? - Reclama Sina
- Querida não fique com ciúmes - Sr. Deinert ri - Seu amigo parece ter vasto entendimento sobre negócios, aprecido isso
- Ok, agora volte a jogar seu jogo e deixe-me um pouco com ele - Ela diz e me puxa para um tanto longe de seus pais - Zane me fala
- O que?
- Sobre seu término com a Savannah, confesso que não entendi muito as suas mensagens monosilábicas
- Foi mal não ter te falado direito, nos últimos dias eu tenho estado com a cabeça cheia
- Eu entendo, até porque essa história foi muito estranha né. Eu te conheço, sei que você não trairia a Savannah
- Não mesmo, mas tudo naquela festa foi muito estranho. Me diga algo, você não se lembra de ter me visto durante a festa?
- Não, só quando você chegou mesmo, depois eu ouvi comentários de que você estava andando pra lá e pra cá de toalha e que você era um tremendo gostoso
- Isso foi um exagero - Digo sério
- Bem, foi o que ouvi, eu estava mais ocupada com um cara bem gatinho que eu tinha encontrado, não vi e nem ouvi mais nada sobre você naquela noite
- Eu não entendo o que aconteceu
- Do que é que você se lembra? Procure na memória
- É difícil, mas eu basicamente me lembro de estar na sala enquanto Alex tirava umas pessoas do meu quarto. Depois eu bebi um poche e não me lembro de mais nada
- Um ponche?
- Acho que sim
- Não tinha ponche na festa Zane, digo isso porque eu mesma ajudei Alex com as bebidas
- Como assim?
- Espere. Quem te deu esse tal ponche?
- A Nour
- Meu Deus! - Falamos juntos
- Será que ela...
- Com certeza ela batizou seu ponche Zane. É a única explicação para você não lembrar de nada
- Como eu não pensei nisso antes? Eu realmente havia me esquecido da droga do ponche
- Talvez você seja meio burro né, não se bebe qualquer bebida em festas. Nunca te ensinaram isso?
- Eu nunca fui de frequentar muitas festas Sina
- Tá vendo os riscos de ser um santinho?
- Se ela fez isso talvez ela realmente tenha armado tudo
- Ela pode ter te dado o ponche e quando você começou a ficar zonzo pode ter te levado para o seu quarto. Talvez ninguém percebeu nada porque o quarto realmente era seu
- E talvez realmente não tenhamos feito nada
- Ou ela pode ter se aproveitado do seu corpinho
- Credo Sina
- Você acha que ela não pode ter feito isso?
- Eu espero que não
- Somos amigos Zane, mas cá entre nós, você é um puta de um gostoso. Eu mesma me aproveitaria de você
- Sina! - Falo um pouco indignado
- Brincadeira, menos a parte de você ser um puta de um gostoso - Tento ignorar sua fala
- Mas se ela realmente tiver feito isso, isso é crime não? Ela me dopou
- Sim! Mas como podemos provar isso?
- Esse é o problema, aquela festa estava louca, ninguém se lembra de nada.
- Fique calmo eu vou te ajudar a descobrir isso direito, isso não é justo

Continua...

Somente Ela | Savannah/Zane Clarter/ZavannahOnde histórias criam vida. Descubra agora