4. foi só um resvalo

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06 de abril de 1992

Heloísa tentava se concentrar na aula, mas não conseguia. Só vinham flashbacks em sua cabeça do que havia acontecido no final de semana.

Heloísa apoiou a mão direita no rosto dele enquanto o beijava. Franziu o cenho, estranhando. Aquele era facilmente o beijo mais gostoso que já havia recebido em toda sua vida.

Passou a aprofundar assim que notou o quanto estava bom. Sentiu Stenio puxando ela cada vez mais para perto, e logo se sentou no colo dele, no chão da sala. Grudou seu corpo no dele, e apoiou ambas as mãos em seu rosto. Parou um momento, para olhar para ele, completamente embriagada por aquele beijo maravilhoso, que a cada segundo lhe dava mais e mais vontade de tê-lo.

Stenio enlaçou os dedos no cabelo dela, puxando para trás com delicadeza. Desceu os beijos pelo rosto, queixo, até alcançar seu pescoço. Chupou a área bem vagarosamente, provocando.

- Eu te falei que você não ia se arrepender. - Ele sussurrou no ouvido dela. Mordeu o lóbulo de sua orelha. - Eu sabia que você ia ser meu melhor beijo.

Heloísa abriu os olhos ao escutar Stenio falar exatamente o que ela também estava pensando.

Apoiava-se nele com as mãos em seu peitoral. Sentiu um arrepio ouvindo a voz dele tão pertinho, e segurou na blusa dele com força. Contraiu o ombro, arrepiada.

- Pronto.. Você já.. Teve o que quis.. - Ela murmurou, fazendo força para abrir os olhos. O olhou profundamente. - Agora você já pode ir embora. - Ela sussurrou.

- Posso? - Ele tinha um sorrisinho sacana nos lábios.

Heloisa ficou olhando para ele completamente hipnotizada. Realmente não queria que ele fosse embora, e praticamente já não se recordava mais o porquê de tanta implicância por parte dela.

- Porque eu acho que se você quiser se livrar de mim vai ter que entrar com uma medida protetiva.. - Ele falou, olhando em seus olhos, completamente apaixonado. Acariciava a bochecha dela com o polegar. - Eu quero ver alguém me tirar daqui, Heloísa. - Ele sussurrou, voltando a beijá-la.

Ela também estava sem forças para lutar contra. De repente nada mais fazia sentido, e tudo fazia sentido, ao mesmo tempo.

Todo o frio na barriga ao falar dele, toda a implicância, seus sentidos avisando que ela devia correr na direção oposta a dele, o arrepio que ela sentia cada vez que ele estava por perto, o choque que percorria seu corpo cada vez que ele encostava nela.

Tudo.

Por um segundo foi levada por seus instintos mais primitivos, e passou a abrir os botões da camisa dele, voltando a beijar sua boca com frenesi.

Stenio passou a tirar a roupa dela na mesma frequência, e quando notaram, estavam os dois só com as roupas íntimas, no tapete da sala.

Tirou a camisinha da carteira e abriu a embalagem com o dente. A distraiu com um oral enquanto colocava a camisinha.

Helô sentiu o dedo dele entrando. Respirou fundo, de olhos fechados. Sentia uma corrente elétrica por todo seu corpo, sem acreditar que daquilo de fato estava acontecendo.

- Heloísa Sampaio Viana? - O professor repetiu pela terceira vez, tentando acordar a garota de seus devaneios.

- S-Sim, senhor? - Ela piscou algumas vezes e tirou a borracha do lápis que estava deslizando entre os lábios distraidamente.

- Você pode por favor ler o..

Heloísa respirou fundo tentando se concentrar no que estava sendo pedida para fazer. Stenio a observou com um sorrisinho bobo nos lábios. Tinha certeza que ela estava tão mexida com aquilo tudo quanto ele.

Assim que a aula acabou, ela saiu da sala rápido demais para ele alcançar. Se enfiou no banheiro da faculdade e passou uma água no rosto, respirando fundo.

- Não, não. Você não vai se apaixonar por ele. Você não pode ficar perdendo tempo com isso, lembra? - Heloísa se encarou no espelho. - Sua carreira. Suas conquistas. Seu diploma. É isso! Só isso importa agora!

Ela fechou os olhos, respirando fundo.

Teve outros flashbacks de Stenio em seu pescoço.

- Merda. - Ela bufou, pegando algumas folhas de papel e comprimindo no rosto delicadamente para secá-lo.

Assim que saiu do banheiro, distraída, foi surpreendida por ele. Deu um pequeno pulo, ao ser abordada por Stenio.

- Pra você. - Ele entregou uma flor na mão dela.

- Você tem que parar com isso. O que é? Uma flor por dia? Pro resto da minha vida?

- Bom, eu ainda não estava pensando em casamento, mas se você estiver.. Depois do que fizemos, eu topo. - Ele a fez parar no meio do corredor.

Heloísa o encarou.

- Foi só.. Um resvalo.

- Ah é?

Ela assentiu. Abaixou o olhar, já completamente entregue pela química que tinha com ele.

- Então olha nos meus olhos e me diz que não sentiu nada. Que não foi a melhor noite que você já teve. E aí eu juro que te deixo em paz.

Ela levantou os olhos para ele.
Engoliu a seco. Balançou a cabeça negativamente, querendo dizer que não poderia dizer aquelas coisas.

- Ótimo. Então para de lutar contra isso, delegada.

Stenio foi se aproximando dela, e a colou nos armários. A beijou no meio do corredor.
Ela o viu se aproximar cada vez mais mais, e considerou empurrar o advogado. Logo sua pele se arrepiou pensando no toque dele, e quando ela viu já era tarde demais para ter algum tipo de reação, ja o estava beijando.

Ouviu os amigos dele passando pelo corredor praticamente vazio agora, brincando com eles dois e chamando Stenio de pegador.

Ele se afastou dela com uma risadinha tímida.

- Foi mal. - Ele sussurrou.

Heloísa suspirou, e o olhou nos olhos, completamente entregue.

- Quando um não quer dois não fazem. - Declarou, assumindo sua culpa pelo beijo em pleno campus.

- Viaja comigo nas férias. - Ele convidou. - Meus pais tem uma casa em Cabo Frio..

Heloísa riu, mordendo o lábio inferior e olhando pra baixo.

- Vai. Vem comigo. - Stenio pegou a mão dela, e ficou olhando em seus olhos com carinha de pidão. Os olhos brilhavam com a esperança dela aceitar. Ele observava a cada detalhe, Heloísa amolecer um pouco mais.

Ela respirou fundo. Seus pensamentos estavam a milhão, entre o que ela deveria fazer e o que ela queria fazer.

- Tá bem. - Ela suspirou, inclinada a desistir de resistir e simplesmente se jogar de cabeça em seja lá o que iriam ter. - Eu vou. - Concordou.

- Ótimo. Vou te contar todos os detalhes, você vai amar. - Ele puxou a mão dela e foram para o pátio.

Se deitaram embaixo de uma árvore. Ele com a cabeça na barriga dela, não parava de falar sobre a casa, e os passeios que iriam fazer. Estava com um livro em mãos que tinha que ler urgentemente para realizar uma prova em 2 dias, mas apenas fingia ler. Estava tão empolgado com ela, que não conseguia se concentrar em mais nada.

Heloísa ficou assistindo ele falar todo empolgado e teve a sensação de que aquilo ali não seria só mais uma ficada.

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