2010
- Tu tá bem? - Heloísa falou ao telefone.
- Sim. To ótimo. - Ela podia ver pela voz dele que não estava não.
- Stenio, a Drica me contou que você não tá bem. Fala sério.
- Não.. Tudo tranquilo, só queria saber se você podia pegar ela pelos próximos.. Sei lá, três dias?
- Três dias? Claro que posso, mas..
- Ótimo. Pode buscar ela então? Ela tem muitas atividades, eu não vou conseguir acompanhar. A Creusa pode te ajudar, né? - A voz dele do outro lado estava nasalada e derrotada. Ele não parava de tossir enquanto falava.
- A gente tá indo aí agora. - Ela murmurou, preocupada. - Fica tranquilo.
- Obrigado. - Disse ele aliviado, gemendo de dor para desligar o telefone.
- Creusita? - Ela disse assim que a próxima ligação foi atendida. - Cancela tudo aí em casa, temos um resgate para fazer.
•
- Mãe?! - Drica estranhou a presença dela e de Creusa, colocando a mochila nas costas. - O que você tá fazendo aqui?
- Vim ajudar seu pai. Ex-mulher é pra essas coisas. Escuta, pega suas coisas e vai com a Creusa que ela te leva pro colégio.
- Você vai ficar aqui? - Drica estranhou, querendo proteger o pai que estava há muito tempo triste por Helô.
- Vou ver se seu pai precisa de alguma coisa.
- Ah não. Deixa ele paz, me leva você pro colégio e deixa a Creusa aqui. - Ela implorou.
- Garota, eu não to te perguntando o que eu devo fazer, eu estou te comunicando. Pega suas coisas logo e vai com a Creusa pro colégio, anda, xispa. - Usou o tom imperativo de delegada com a filha.
Desde que Drica tinha se iludido com uma volta dos pais, ela tinha se tornado ainda menos intolerante nas brigas que tinha com a mãe.
Revirou os olhos e pegou suas coisas, completamente irritada. Caminhou desgostosa em direção ao elevador sem dar tchau para Heloísa.
- Boa aula! - Heloísa gritou. - Tchau pra você também. - Revirou os olhos. Subiu as escadas atrás de Stenio.
Abriu a porta do quarto escuro em que ele estava. Enfiado debaixo de três edredons, ela o caçou até conseguir ver seu rosto.
Gargalhou ao ver Stenio em posição fetal, encarando a parede do quarto.
- Que isso, criatura? Parece que tá esperando a hora da morte, credo. - Heloísa abriu as cortinas, e tirou dois cobertores dele. - Um calor desse no Rio de Janeiro, homem! - Ela chamou a atenção dele. - Cadê seu termômetro?
- Tá ba gabeta. - Murmurou ele, muito gripado.
Heloísa abriu a gaveta da cômoda do lado dele da cama e pegou o termômetro. O ajudou a tirar a blusa do pijama e o cobertor, e colocou o termômetro nele. Se sentou ao lado do ex, e pressionou o braço dele para que não soltasse o termômetro do braço.
- Tu tomou algum remédio? - Ela perguntou, colocando o cabelo dele para cima. Estava todo despenteado,
Ele balançou a cabeça negativamente.
- Ta sentindo o que?
- Tudo. - Murmurou dramaticamente.
- Homem é uma coisa impressionante, né não? Não aguenta um resfriadinho.
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memories
Romancepré-endless: flashbacks da vida dos dois desde que se conheceram - leia depois de ler endless