17. nerf ou nada

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2004

- Quer ajuda? - Ele se aproximou dos balões. - Sua boca já tá ficando roxa, Helô. - Stenio gargalhou.

- Calado! Me ajuda logo, caramba! - Ela bufou. - Que decoração mais demorada meu Deus, pra que eu fui inventar tudo isso?

- Você foi atenciosa. Ela escolheu a decoração que queria e a gente fez tudo pra conseguir, nada de errado nisso.

- Tu mima muito essa garota, viu Stenio? Não pensa que eu não vi não porque eu não sei o que eu vi, mas eu vi. Só to deixando hoje porque é aniversário dela, e ela merece.

Stenio deu uma risadinha, terminando de encher uma bexiga e fazendo um nó.

- Você vai dormir aqui? É o pedido número 2 da lista de pedidos de aniversário.. - Stenio comentou pesando no emocional de Helô.

- Sei não. Acho que essa convivência toda tá confundindo a cabecinha dela, Stenio. Você bem viu o bilhete de dia dos pais que ela escreveu na escola, tá doidinha achando que a gente vai voltar.

- É porque talvez a gente deveria voltar mesmo. - Stenio sugeriu.

Heloísa o encarou.

- O que? Só uma ideia. Somos dois a favor, e uma contra, você. A maioria vence. - Ele deu de ombros.

Helô gargalhou.

- Só não vou brigar com você porque hoje é um dia especial. Mas para de ficar me fazendo essas suas propostas indecentes. Aliás, o que era o item número 1 da lista? - Heloísa perguntou, curiosa.

- Ah, é! Eu esqueci completamente. O presente! - Stenio bateu com a palma da mão na testa. - Vem, vamos. - Ele puxou Helô pela mão. Pegaram os presentes no escritório dele e desceram de elevador até a piscina do prédio, onde Drica brincava com Creusa enquanto nadava.

- Paaaai! Quanto presente! - A menina deu um gritinho observando as três grandes caixas que ele e a mãe traziam.

- São meus e da mamãe. Tá pronta pro seu presente de aniversário? - Stenio agachou na altura da menina.

Ele checou sua própria roupa e a de Helô também. Confirmou que estava de chinelo, bermuda e uma camisa que poderia ser molhada. Helô estava com um vestido soltinho e um tamanco. Tudo certo, era só tomar um banho pra festa à noite.

Helô se sentou com a menina, ajudando a abrir os pacotes de presente. Não sabia o que era, mas ele estava compartilhando os créditos com ela.

- Vocês me deram o que eu queria? - Ela perguntou, eufórica.

- Será? - Helô fingiu um suspense que era um suspense real para ela.

Drica deu um gritinho alto e ardido assim que pôs os olhos nas arminhas nerf que Stenio havia comprado.

- Uma baby igual da minha mãe! - Disse ela com a boquinha aberta em surpresa, completamente orgulhosa de si mesma por imitar a mãe. - ENCHE, PAI. VAI, ENCHE. - Ela correu até ele empurrando o objeto na mão de Stenio. - É NERF OU NADA!!! - Falava o slogan das propagandas de maneira sagaz.

Ele encheu todas as armas com água e deu uma na mão de Helô, outra na da filha, e a última na mão de Creusa. Ficou com uma para si.

- É cada um por si agora. - Ele piscou com o olho direito para ela. - É nerf ou nada. - Ele repetiu o jeitinho de Drica, rindo.

Heloísa sentiu um formigamento em todo seu corpo. Achava fofo o jeito que Stenio tentava preservar tudo de bom que Drica sentia em relação a ela, e dava atenção a cada detalhezinho que pudesse uni-las cada vez mais. Ele realmente estava fazendo mais do que seu melhor para que a separação não fosse traumática para nenhuma das duas. Ele era bom nisso, de uma forma que ela não era - por mais que se esforçasse tentando aumentar cada vez mais a proximidade mãe e filha.

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