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Narrado por Arabella

Eu percebi a muito tempo que desde nova tomava muitas atitudes ruins, quebrar pratos, copos até todos os ossos de meu corpo, mas eu era muito impulsiva e acho que fiz uma grande burrada.
Fiz sem pensar, acabo de me deitar com meu próprio carcereiro e quando vejo estou sem forças correndo em direção à mata fechada tentando alcançar a liberdade que eu sei que terei no dia em que ele ou eu morrer, mas nunca se sabe se é seu dia de sorte.

Meu corpo se rejeitava a continuar em pé vou ficando mais devagar até cair e ficar de quatro apoio no chão, me sento sentindo a grama em minhas mãos gélidas, causando uma leve coceira.

Olho para trás e o vejo ele estava parado em frente à porta toda aberta ele fica em torno de 5 minutos até se encurvar um pouco e retirar um machado do chão.
Fico imóvel o vendo até me rastejo bem devagar, vejo sua sombra bem colada a mim com os braços levantados deito meu rosto no chão de olhos fechando, e assim fico.
O barulho da lâmina gravando na chão me faz ter um espasmo agarrando os fiapos verde.
Abro meus olhos e vejo ao lado de meu rosto o objeto fincado.
Lágrimas frias escorrem sabendo que a morte por um golpe só dele seria mais vantajoso agora do que passar pela sua tortura enlouquecedora.

Ele não se movia, mas apenas sua presença já me deixa louca, seu silêncio é um pesadelo, seu corpo sem reação, ação era uma tortura lenta e tenebrosa.
Como uma faca afiada passando levemente por minha pele a rasgando, fazendo jorrar sangue.

Apenas sua respiração forte é capaz de me matar!

Mesmo sem ve-lo sua presença em minhas costas me queima como a brasa quente, me sufoca como uma corda apertada, me deixa vulnerável como um coelho na armadilha de caçador.

Estou ofegante, ofegante demais para escutar ele se abaixar e deixar exposto toda minha vulnerabilidade.

Ele me vira e prende meus pulsos, seu rosto sem expressão era como a morte me abraçando pronta para me levar ao céu ou inferno, ele me olha com os olhos escuros, um olhar mortal!

- Me perdoa, me perdoa por favor.
- Eu não quero voltar para o passado, por favor me desculpa.

O som de minha voz quase é inaudível.

Ele apenas me olha com seu olhar frio inexpressivo, como se estivesse vendo sua alma e todos os seus pecados já cometidos.

- Fala comigo por favor!

- O que quer que eu diga?
Meus parabéns você acabou de tirar minha paz interior e paciência com apenas uma corrida estúpida?

Ele suga o ar com força e morde levemente o canto da boca e cerra os olhos.

- Se você quer do jeito difícil...

Ele diz apertando meus pulsos

- Então assim será.

Ele me levanta do chão pela garganta e me joga em seu ombro, "me desculpa, por favor" falo o trajeto todo com o rosto sujo e encharcado de lágrimas.

Ele me põe no sofá com muita delicadeza e vai até a porta a trancar, saio "correndo" com extrema dificuldade.
Vou até a escada e meu pé no primeiro degrau sinto um braço forte em volta de minha barriga me viro debatendo-me pedindo para sair de seu aperto.

O último badalar do relógioOnde histórias criam vida. Descubra agora