NARRADORA point of view
São Paulo - BrasilApós Pedro ouvir aquela frase sair da boca de João, seu mundo parou. Sabia que diversas pessoas olhavam para si e se sentia em um lugar pequeno demais. Saiu do cubículo onde controlava a gravação e foi para fora da casa de show, pedindo um Uber.
Só queria ir para casa o mais rápido possível.
(...)
Assim que chegou em seu apartamento e — finalmente — teve a coragem de ligar seu aparelho telefônico, acreditou que seu celular explodiria a qualquer momento; Eram tantas menções, tantas mensagens, tanto ódio...
Pedro não conseguia ler um comentário inteiro sequer, pois a página atualizava toda hora, mas sabia que estavam julgando até seu último fio de cabelo naquelas frases.
Não faz sentido! Ele quem pediu desculpas, porque a culpa é minha? Pedro pensava.
Colocou o celular sobre o rack de madeira clara e dirigiu-se para a cozinha, pegando um copo d'água e bebendo o mais rápido que podia.
Ouviu seu celular vibrar ininterruptamente, alguém estava ligando para si. Quando olhou a tela clara, viu o nome do contato: João.
Não sabia se atendia ou não. Não estava com raiva do garoto ou qualquer sentimento ruim, mas leu tantas mensagens de ódio que não sabia se seu psicológico estava pronto o suficiente para resolver mais um problema.
Pensou consigo durante alguns segundos, e então decidiu atender:
— Pedro? Que bom que você me atendeu! – ouviu a voz do outro lado da linha dizer.
— É, eu acho...
— Aonde você está? Preciso conversar com você.
— Eu vim pra casa, não estava me sentindo muito bem, então decidi ir embora. – Pedro mentiu.
Pedro sabia que se dissesse que havia ido embora após o pedido, João nunca iria se perdoar.
— A gente pode se encontrar? Eu realmente preciso conversar com você...
— Agora não. – respondeu. — Eu realmente não estou me sentindo bem, mas você pode falar por aqui se quiser.
— Pedro, por favor, me escuta. – João disse. Seu tom parecia desesperado, como se alguém o apressasse. — Eu nunca te trai, ouviu? Nunca. Aquilo que você viu me deixou tão chocado quanto! A garota avançou em mim e antes mesmo de eu reagir, você chegou.
Pela primeira vez em meses Pedro conseguiu acreditar em João. Aquilo realmente parecia verídico, havia sinceridade em sua voz, mas a questão já não era mais aquela para Pedro.
— Tudo bem, eu acredito em você. – o mais novo disse, ouvindo um suspiro de alívio do outro. — Mas, acho que o problema é mais em baixo...
— Como assim?
— Você sabia da má intenção que a garota tinha contigo. Você a convidou para nosso apartamento enquanto eu viajava, ficou bêbado com ela, emprestou algo que significava muito para nós á ela e deixou que ela te aliciasse. – Pedro diz. João ficava admirando como a sua voz, mesmo dizendo algo que o entristecia profundamente, ainda era calma. — Você quebrou a minha confiança, pois sabia bem da insegurança que eu tinha com a garota e mesmo assim fez o que fez. Talvez fôssemos muito novos, eu estava longe, e você, no auge da sua carência, decidiu perder o tédio. Não te culpo por isso, mas eu já me machuquei demais e não consigo fazer isso novamente tão cedo.
— Pedro...
— Talvez devêssemos ser amigos, como antes, como se nada tivesse acontecido...
— Eu não sei se consigo te enxergar como amigo.
— Eu te entendo, o que tivemos foi muito lindo, intenso e tudo mais. – Pedro diz. — Mas, da mesma forma que eu entendo que você não consegue fazer isso, eu preciso que você entenda que eu não consigo reatar com o que tivemos tão cedo. – ele suspira. — Você consegue?
E então, após alguns segundos de silêncio, a ligação é desligada. Não fora Pedro quem a encerrou, ele mal sabia que do outro lado da linha João chorava em seu camarim como uma criança, em uma situação que tiram seu doce preferido.
Pediu — por mensagem — para Renan adiantar a vinda de seu motorista. Se sentia péssimo e só queria sumir.
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𝐃𝐎𝐂𝐄, au pejão
Fanficonde joão vitor não se controla nas bebidas e acaba falando mais do que deveria em sua rede social. dec. 12th / jan. 16th © writeepejao, 2022