NARRADORA point of view
São Paulo - BrasilPedro estava a quase trinta minutos batendo na porta sem parar, estava nervoso demais para se preocupar se os vizinhos reclamariam ou não. Como já morou lá e saiu sem explicações, pôde entrar no prédio com grande facilidade, pena que no apartamento não era assim. Sabia que João, quando bêbado, não tinha noção de nada. Sabia também que ali continham bebidas e remédios fortes, mas sinceramente, Pedro não estava afim de saber quais eram, pois aquilo já o preocupava demais.
Pedro muita das vezes se sentia um tremendo idiota por ser tão acolhedor e bondoso, mesmo tratando de um assunto que lhe machucava até demais. Tinha em mente que João tinha muito no que melhorar e amadurecer, mas também sabia que o garoto não conseguiria fazer aquilo sem uma ajuda.
Sua mão já estava dormente de tanto bater naquela porta de madeira clara, além de tocar a campainha ininterruptamente. Antes que pudesse apertar o botão pela milésima vez, escutou o molho de chaves ser posto — talvez com muita dificuldade — na fechadura, abrindo a porta. Pedro empurrou-a rapidamente e entrou no apartamento, vendo a sala extremamente bagunçada, com diversas garrafas vazias de bebidas alcoólicas espalhadas pelo local.
João aparentava ser a pessoa que, quando bêbada, anima tudo em sua volta, mas não é bem assim. Ele se tornava alguém completamente frágil e um grande chorão. Pedro sentia seu coração doer por ver o garoto naquela situação.
Olhou bem no rosto de João que depositava todo seu peso em suas costas, deixando seus ombros pesados e para baixo. O garoto nem sequer olhava nos olhos de Pedro, estava extremamente envergonhado e triste com a situação, então Tófani apenas o abraçou. Sentiu seu ombro coberto pelo pano fino do moletom que usava ficar molhado com as lágrimas de João.
O apartamento estava escuro pelo fim de tarde, e a única iluminação que recebia era pelos postes mal iluminados e a pouca luz do pôr do sol.
Ainda no abraço, Pedro levou João para o quarto. Sentou-se na cama, apoiando suas costas na cabeceira e o colocou João sobre seu colo, com a cabeça em seu peito. Continuaram sem trocar uma palavra sequer, mas aquele não era um silêncio nem um pouco desconfortável.
Começou com aquele cafuné gostoso nos cachos de João, tentando acalmá-lo. Não sabia o porquê João chorava tanto, mas queria que o garoto entendesse que Pedro sempre estaria ali para si.
(...)
Após algum tempo daquele jeito, a noite finalmente chegou. Quando sentiu que João estava bem, pediu o garoto que tomasse um banho para tentar ficar melhor, Vitor apenas consentiu e foi em direção ao banheiro.
Pedro mandou mensagem para Malu avisando como estavam as coisas, pois a loira estava surtando.
Depois de alguns minutos, João saiu do banheiro vestido e cheiroso, Pedro pôde notar o quão fundo suas olheiras estavam. Pegou um pouco d'água e um remédio, bateu levemente no colchão em um pedido para que João sentasse ali e assim fez.
— Toma, e começa a falar. – entegou o copo e o comprimido à João, este que rapidamente bebe.
— Falar o quê? – João perguntou assim que engoliu o remédio, fazendo uma careta de desgosto, já que odiava tomar comprimidos
Embora tenha tomado uns cinco diferentes essa tarde.
— O que está acontecendo com você. – disse pegando o copo e colocando-o sobre a escrivaninha.
Durou alguns longos segundos até que João realmente começasse a falar, não sabia como iniciar aquilo.
— Eu estou me sentindo um completo idiota. – soltou, passando a mão sobre seu cabelo recém lavado. — Eu estou me sentindo sensível, mas não no bom sentido... se é que existe um sentido bom para isso. Me sinto péssimo por ter feito o que fiz, mesmo que não tenha de fato de traído. Sei que o pedido deveria ter sido algo privado, mas estava envergonhado demais para ir falar contigo, nem sabia que você iria querer me ouvir. – e a resposta para aquilo era: sim. Pedro sempre o ajudava emocionalmente, independente de qualquer coisa. — E é muito estranho essa cena agora, tipo... – ele parecia encontrar as palavras certas. — o tanto de merda que fiz pra você, e mesmo assim você está aqui, me ouvindo e me ajudando.
Pareceu perder totalmente o rumo, desistiu de encontrar as palavras certas para se expressar. Pedro, notando isso, decidiu tomar o lugar de fala.
— Você também faz isso, é o mínimo eu retribuir. – disse, ouvindo uma risada fraca deixar a garganta de João. - Acho que sei como você está se sentindo, é um sentimento de culpa ou insuficiência... – João assentiu, era exatamente aquilo. — Já me senti assim, principalmente quando namorávamos, ver aquela maré de gente querendo de tirar de mim – o rosto de Romania se franziu. – Por favor, né?! Vai dizer que nunca notou isso?
E pela primeira vez o clima deixou de ser pesado. Pedro estava se esforçando ao máximo para deixar tudo leve, para que João se sentisse confortável para falar.
— Mas, mesmo assim é estranho – voltou ao assunto inicial. — eu realmente estou me sentindo deslocado, e você sempre parece falar tudo aquilo que eu preciso ouvir. Eu fiz os meus fãs te cancelarem e provavelmente agora tem pessoas te xingando, e mesmo assim você está aqui comigo... você não está bravo comigo?
— Não, eu não estou bravo com você, Jão. Eu só quero te entender, quero conversar com você.
— O que você quer saber? – João diz em meio um suspiro.
— O porquê de tudo isso? Por que se embriagar tanto?
— A culpa não é minha, eu sinto muito... – desviou totalmente de responder.
Notou que Romania estava próximo de chorar novamente, talvez não estivesse cem por cento sóbrio. Pedro se aproximou de João, o envolvendo em seu abraço. Sentiu o garoto fungar sobre seu peito, encolhendo mais em si.
— Tá tudo bem, você sabe que está tudo bem... – disse Pedro.
Não queria aprofundar num assunto que notava que João ficava desconfortável. Embora quisesse saber o que estava acontecendo, decidiu não aprofundar naquilo.
— Você é incrível, Pedro.
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𝐃𝐎𝐂𝐄, au pejão
Fanficonde joão vitor não se controla nas bebidas e acaba falando mais do que deveria em sua rede social. dec. 12th / jan. 16th © writeepejao, 2022