𝐃𝐎𝐂𝐄, au pejão

catorze

NARRADORA point of view
São Paulo - Brasil

As coisas não estavam muito bem para o casal. Tudo bem, vamos por partes. Após o lançamento da turnê Lobos, a entrevistadora Foquinha chamou Jão para um vídeo, no qual eles bateriam um papo e jogariam um pouco. Tudo ocorria bem, até a mulher perguntar se João estava solteiro, e o rapaz confirmar. Isso deixou Pedro imensamente frustrado.

E o pior: não era a primeira vez que João negava seu relacionamento.

Claro que talvez João quisesse esconder, porque era uma nova estrela que estava apenas engatinhando, mas o que custava dizer antes? Pensava Pedro enquanto assistia aquela maldita entrevista.

- Amor? Cheguei! - João disse quando adentrou no novo apartamento do casal. Com o estouro do álbum e mais o quase fim da faculdade, os garotos decidiram morar juntos em um apartamento melhor na capital.

Pedro saiu do quarto que dividia com o namorado e caminhou para a sala quando ouviu os gatos miarem e o molho de chaves ser posto sobre a mesa de centro. Passou direto pelo mais velho, sem ao menos olhar em seu rosto, e foi pegar um copo d'água.

- O que foi? Tá tudo bem?

- Sim, estou ótimo. - disse com um ênfase perceptível no "ótimo", ou seja, nada estava bem. Continuou com o semblante sério enquanto apenas encarava o copo. Aquilo deixou João confuso.

João colocou a bolsa sobre a mesa e foi até o namorado, que desviou o caminho para o sofá, sentando-se. João foi atrás.

- João Vitor, para de me seguir. Você sabe que isso me deixa nervoso. - disse Pedro.

- Desculpa. - franziu o rosto, encostou na parede e encarou Pedro. - Eu fiz alguma coisa? Tá estranho comigo por quê? Não me chama de João Vitor.

Pedro continuou quieto enquanto lembrava das inumeráveis vezes que João negava que estava consigo, estava extremamente chateado e sabia sim dizer, mas não asumiria aquilo tão cedo.

- Ei, me responde! - João diz.

- Eu não tenho nada pra falar, João. - e pela primeira vez, Pedro encarou os olhos de João que continha uma enorme confusão, mas aquilo foi rápido, pois logo desviou para o chão.

Pedro estava cansado de ser tão compreensível com João e receber apenas rejeição, como se fosse um nada.

- Você tem sim. - João senta-se ao lado de Pedro no sofá. - É o que? Fiz alguma coisa que você não gostou? Viu algo que te deixou mal? - ao ouvir a última frase, Pedro levanta as sobrancelhas. - Seu rosto franziu, o que você viu que te deixou assim?

- João, quando você pretende me assumir? - soltou Pedro, subindo o olhar para o mais velho.

- Calma, o que?

- Eu entendo você querer me esconder por conta da sua carreira estar indo bem agora e tudo mais, mas porra, o que custa você ter uma conversa comigo antes? Quando falam que você está em um relacionamento com qualquer famoso que seja, você não nega e ainda faz de tudo para aquilo ter atenção, mas quando perguntam de nós você só diz "é claro que não". Sério? Você está me enxergando como seu namorado ou segunda opção?!

- Você 'tá doido? Você nunca vai ser minha segunda opção. Eu só achei que você não queria que eu te assumisse, sabe? Você sempre foi muito reservado e achei que uma fama em cima de você não daria bem.

- A questão não é essa, João. Eu só queria que você conversasse comigo antes... - Pedro diz chateado, pois não consegue evitar lembrar do ocorrido com Sofia.

- Tudo bem, me desculpa, ok? Eu prometo que antes de qualquer atitude, eu vou falar contigo.

- Uau, minha opinião te importa tanto assim?

- É claro que sua opinião me importa! Eu te amo, amorzinho.

- Não fode. - Pedro diz ao ouvir aquele apelido sair da boca de João, fazendo o outro gargalhar alto.

- Garoto lerdinho, eu sou apaixonado em você. - disse e por fim, selou os lábios do mais novo.