Capítulo 8. Que pergunta é essa?

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Cheguei na cafeteria Colombo com River. Guille, Beatriz e Paola já estavam sentados na mesa tomando café e conversando. Eles pareciam animados, como sempre.
Nos aproximamos da mesa e River puxou duas cadeiras para nos acomodar. Paola se virou para mim e segurou meu pulso com delicadeza.

- Podemos conversar em particular?

Hesitei por um momento olhando seu rosto.

- Só conversar.

Apertei os lábios contendo a respiração e apenas concordei com a cabeça.

Paola se levantou ainda segurando meu pulso. Por que ela tinha que me encostar? Que coisa maravilhosamente desagradável.

Nos encaminhamos para outra mesa atras de onde eles estavam e nos sentamos. Juntei as mãos em cima da mesa e entrelacei meus dedos. No exato momento em que Paola começara a falar, minha atenção se virou para duas mulheres passando pela porta da cafeteria. Elas riam alto e uma segurava na cintura da outra. A da esquerda tinha o cabelo preto preso num coque desleixado e a outra, um pouco menor, tinha o cabelo cheio e loiro. Estreitei os olhos para aquele cabelo. Eu reconheceria aquele cabelo loiro esvoaçante em qualquer lugar. Ela não precisaria se virar para eu saber de quem se tratava. Olhei atentamente seus comportamentos e elas pareciam bem íntimas e recém-chegadas de uma noitada. As duas estavam paradas no balcão conversando com um garçom. Voltei minha atenção para Paola sentada a minha frente e ela olhava fixamente para o meu colo desnudo. Me inclinei um pouco para frente ficando na beirada da cadeira e apoiando os cotovelos na mesa.

- Você vai ficar olhando para os meus peitos? – Falei baixinho.

A percebi corando e olhando novamente para o meu rosto.

- Estou olhando para o seu vestido, idiota. Você se lembra dele? Te dei de presente no nosso primeiro aniversário de casadas....

- Para um jantar. – Falamos juntas.

Sorri de lado enquanto observava seu rosto. Seus olhos brilhavam de um jeito diferente enquanto ela me olhava. De repente senti um peso absurdo no peito, uma tristeza profunda por não ter mais essa mulher sendo minha. Eu ainda a amava tanto e isso ficava evidente em todos os poros do meu corpo, que exalavam sentimentos por ela. Abaixei a cabeça soltando o ar devagar pela boca. Paola colocou a mão por cima das minhas ainda apoiadas na mesa.

- Eu sei. – Ela sussurrou.

Mordi o canto da boca por dentro fixando o olhar em seu gesto. Entreabri os lábios para falar, mas não fui capaz de dizer nenhuma palavra. Olhei novamente em sua direção e fui surpreendida por Mackenzie parada em pé ao lado da mesa onde Beatriz, Guille e River estavam. Eles pareciam conversar. Beatriz apontou em minha direção e observei Mackenzie seguindo o olhar até me encontrar. Seus olhos cor de mel estavam em evidência e sua expressão se suavizou num sorriso tímido quando nossos olhares se encontraram, fazendo sua covinha apontar discretamente no meio do rosto. Mas de um segundo para o outro, sua expressão mudou radicalmente quando ela viu Paola sentada a minha frente. Desviei rapidamente o olhar do seu afim de evitá-la. Não queria dar nenhum tipo de brecha para que ela viesse até minha mesa.

- O que foi? – Paola perguntou confusa.

- Nada.

- Parece que você viu um fantasma.

Soltei um riso baixo e me recostei na cadeira. Bom, não era exatamente isso que eu diria. Um garçom se aproximou de nossa mesa para anotar nossos pedidos. Paola pediu um café, cinco pães de queijo, uma salada de frutas e bacon com ovos. Eu sempre ficava incrédula com seu apetite matinal, isso nunca seria normal para mim. Pedi apenas um café com queijo assado. Olhei de relance para frente e não avistei Mackenzie. Pedi licença a Paola para ir ao banheiro e me levantei.

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