Capítulo 35. Toda tristeza que existia dentro dela.

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Desci em frente ao portão de casa e me deparei com um homem alto de ombros largos parado em frente. Seus braços estavam cruzados na frente do corpo e ele possuía uma barba grande e grossa. Por um momento achei que ele fosse careca mas era o efeito de uma touca de algodão cor de rosa.

- Boa noite. - Disse me aproximando olhando a hora no meu relógio. Eram duas horas da madrugada. - Você ...?

O homem endireitou o corpo e enfiou as mãos no bolso.

- Boa noite, madame. Sou muralha, irmão de farda do seu irmão, pequeno River. - Sua voz era grossa e rude.

Muralha? Que merda de nome era esse? Pequeno River? Olhei para ele confusa prestes a abrir o portão.

- Tô fazendo a segurança da sua residência até matarmos o desgraçado. - Muralha segurou o cano da arma por cima da blusa abrindo um sorriso presunçoso.

Matar? Olhei para ele assustada.

- Não precisa matar ninguém, Senhor...?

- Muralha. - Ele respondeu assentindo com a cabeça.

- O senhor tem um nome, Sr. Muralha? - Abri o portão.

- Muralha. - Repetiu.

Esse homem era doido da cabeça? Fechei o portão atras de mim e caminhei a passos largos até a entrada de casa. Olhar aquele jardim escuro me causava arrepios, por mais iluminado que ele estivesse.

Meu irmão estava na sala assistindo um jogo de futebol na tv, a lareira elétrica estava ligada e um cheiro de café fresco vinha da cozinha. Olhei para ele recostado na poltrona com uma caneca entre as mãos.

- Por que você não está dormindo? - Perguntei deixando minha bolsa em cima da bancada.

River olhou para mim parecendo distraído mas seus olhos atentos passaram cuidadosamente pelo meu rosto. Era claro que eu devia estar com uma cara péssima, parecendo uma merda. Ele se levantou com uma manta nas costas e veio até mim.

- Hum... - Ele parecia me analisar. - O que...?

- Nada.

Peguei a caneca da sua mão e dei um gole no café que mais parecia um melado de tanto açúcar. Fiz uma careta horrorosa sentindo aquele gosto insuportável.

- Nossa! - Devolvi a caneca para ele.

Senti um calafrio passar pelo corpo. Como ele conseguia beber aquela merda com tanto açúcar? Que pesadelo.

- Conheceu o Muralha? - Ele perguntou enquanto eu tirava os sapatos perto da porta.

- Ah, sim. Pequeno River... - Disse virando o rosto de lado em sua direção.

Meu irmão fez uma cara feia soltando um resmungo.

- Arg! - Ele retrucou me fazendo soltar um riso baixo.

Ouvi uma buzina longa vindo do portão me fazendo franzir a testa.

- Beatriz já chegou? - Indaguei pensando alto.

- Vocês não vieram juntas? - Meu irmão parecia confuso.

Apenas neguei com a cabeça e abri a porta.

- Eu vim de taxi. - Olhei para fora e vi o farol do carro passando pelas frestas do portão e refletindo nas arvores perto da piscina.

Outra buzina.

- Você deixou ela voltar bêbada dirigindo?

- Óbvio que não! - Retruquei. - Ela disse que não ia beber.

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