Capítulo 27. Cruel summer.

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Eu me sentia incompreendida e julgada pelos meus amigos, principalmente na última conversa que tive com Beatriz. Para ela estava sendo muito fácil julgar o que eu fazia de errado quando não era ela a sentir o que eu estava sentindo e passar pelo que eu estava passando. Eu sei, ela queria o melhor para mim e eu concordo quando ela diz que estou sendo inconsequente. Eu sei que estou sendo, mas não está sendo fácil ter essa percepção. Não está sendo fácil lidar com o que estou lidando. Eu já entendi que meu casamento acabou e aceitei seu fim. Não estou mais na fase da negação, estou na fase do luto. Me sinto triste e miserável a maior parte do tempo, ninguém casa para se divorciar. Casei achando que fosse para sempre e algo morreu dentro de mim quando Paola pediu o divórcio naquela fatídica noite. Esse é o meu luto. Eu também morri com nosso fim e estava aprendendo a renascer.

Como dizia Belchior; Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro mais.

Agora entendo toda minha resistência pela Mackenzie quando nos conhecemos, eu sabia exatamente o potencial que ela tinha em bagunçar a minha vida. E eu estava certa, ela bagunçou. Para mim era muito mais fácil lidar com Maitê e ficar com ela. Não tínhamos envolvimento emocional, tudo era simples: nos víamos quando dava, o sexo era ótimo e depois cada uma ia pro seu canto. Ótimo, sensacional! Fácil.

Mas com a Mackenzie... Meu Deus, era difícil. Não vou dizer que foi paixão à primeira vista porque não foi, mas teve algo.

Teve algo quando ela me presenteou com o quadro do Monet. Teve algo quando ela me tocou pela primeira vez. Teve algo quando nossos olhares se encontraram e definitivamente teve algo quando ela me beijou. Eu demorei para entender que esse algo foi uma faísca que acendeu dentro de mim e quando me dei conta, eu já estava incendiada por ela e tudo que eu queria fazer era correr para longe dela e de todo seu calor porque eu sabia que se ficasse, ela me queimaria e me reduziria a pó. Eu era inegavelmente atraída por ela e estava tentando fazer as coisas diferentes dessa vez.

Beatriz ficou a semana inteira me infernizando para pegar uma praia, eu ainda estava puta pela nossa última conversa mas o bom de ter um amigo verdadeiro é que numa hora vocês se estapeiam mas no dia seguinte tudo está absolutamente normal. Ele te diz o que você precisa ouvir, não o que você quer ouvir. Se eu queria ouvir tudo aquilo que ela jogou na minha cara? Obviamente que não, mas eu precisava.

Deixei o carro estacionado e pisei na areia, a praia parecia vazia. Olhei a localização no meu celular e percebi que estava a poucos metros de Beatriz. Olhei ao redor e a vi deitada na canga pegando sol de costas. Passei o olhar procurando por Mackenzie, eu estava ansiosa para vê-la. Fantasiei diversas vezes como seria nosso encontro considerando que fui chamada de covarde e me humilhei para que ela me comesse no portão da minha casa.

Meu irmão jogava bola na areia com mais três pessoas. Uma mulher e um homem. Me aproximei de Beatriz lentamente procurando pelos cabelos loiros que eu tanto ansiava ver. Ela vestia um biquini preto e seu cabelo estava solto, completamente ao vento. Sentei na areia ao lado de Beatriz e levantei o óculos até a cabeça.

Estava um calor insuportável nesse hell de janeiro.

- Amiga, tem bebida no cooler. – Beatriz fez uma pausa. – Mas não tem vinho. – Ela soltou um risinho virando de lado, ficando de frente para mim.

Revirei o cooler em busca de qualquer coisa congelante que matasse minha sede. Abri uma cerveja e bebi direto da garrafa sem tirar os olhos de Mackenzie que ainda estava trocando bola com a mulher. Meu irmão tinha ido para o mar.

- Que sapatona linda! – Beatriz me catucou com o cotovelo.

Eu não conseguia, por mais que tentasse tirar os olhos dela. Todos seus movimentos eram acompanhados atentamente por mim. A forma que seu corpo se movia, sua coxa contraída a cada toque de bola, seu jeito de gargalhar e a forma que ela mexia no cabelo, tentando se livrar do vento. O jeito que sua bunda maravilhosamente empinada se mexia conforme ela andava. Sua beleza era escandalosa. Não tinha uma pessoa que não prestasse atenção nela.

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