Capítulo 17. Você floriu em mim.

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MACKENZIE

Abri a porta do apartamento assim que recebi a mensagem de Lavine no celular, as flores estavam no chão em cima do tapete do corredor. Abri um sorriso largo e neguei com a cabeça, uma dorzinha fina percorreu meu corpo até a boca do meu estomago me fazendo ficar com as mãos geladas. Peguei o celular e tirei uma foto, enviei direto para minha rede social com um emoji de coração.

Entrei com o buquê e corri para a cozinha para encontrar um recipiente e o enchi de água, colocando-as logo em seguida. Deslizei o dedo por uma pétala amarela e sorri novamente. Era inegável que ela tinha uma influência sobre mim difícil de descrever, não sei dizer ao certo como isso acontecia, mas desde a primeira vez que a vi senti essa pontada no meu interior, bem no íntimo dos meus desejos, como se um radar tivesse sido ligado e girasse sempre ao seu redor.

Tudo nela era catastroficamente sensual e dramático e eu era envolvida nesse charme infeliz quase beirando o vulgarismo. Eu não me afastaria nem se quisesse, nem se pudesse. Senti meu celular vibrando e o tirei do bolso do short, desbloqueei a tela e entrei no Instagram. Era uma notificação de solicitação de amizade e mais de cinquenta curtidas na última foto postada. Abri a solicitação e vi o nome dela. A foto dela. O perfil dela.

Era ela. Engoli a seco e aceitei sua solicitação, seguindo-a de volta. Esperei alguns segundos agonizantes até ser aceita de volta e ir correndo bisbilhotar seu perfil. Mas nada, nada aconteceu.

Abri o WhatsApp e fui à sua conversa, reagi a última mensagem recebida com um coração e comecei a digitar.

- Chegou bem? – Enviei.

Lavine ficou online na mesma hora visualizando minha mensagem. Apertei os lábios um pouco ansiosa por sua resposta.

- Sim... Cheguei em casa e fui recebida assim.

Foto recebida.

Cliquei na imagem e logo a foto abriu na tela do meu celular. O jardim de sua casa estava completamente revirado, as árvores estavam tombadas e os arbustos arrancados pela raiz. Uma árvore centenária que mais parecia uma palmeira estava atravessando a piscina.

- Meu deus. Você está bem? Precisa de ajuda?

- Estou bem, não se preocupe. O jardineiro vem amanhã.

Ri e revirei os olhos. É claro que ela tinha um jardineiro.

Me assustei com o barulho da campainha tocando, olhei para o relógio e já era relativamente tarde para alguém bater na minha porta. Saí da cozinha e fui até a porta. Olhei pelo olho mágico e era um dos porteiros. Entreabri a porta.

- Carta registrada, assina aqui. – Seu indicador pairou sobre uma linha.

Rubriquei a correspondência e agradeci fechando a porta logo em seguida. Virei o verso da carta e torci o nariz ao ler o remetente. Era do São Vicente de Paulo, o hospital que trabalhei em Curitiba logo depois que me formei na faculdade. Rasguei com cuidado a lateral do envelope e retirei a carta, abrindo-a em seguida. Comecei a ler o conteúdo já imaginando do que se tratava.

Minha licença terminava em algumas semanas e eu deveria voltar a trabalhar. Ou pedir demissão, que era provavelmente o que faria. Passei pela sala e joguei a carta em cima da mesa, chamei por Tobias ao subir as escadas em direção ao quarto. Ele apenas miou em resposta.

Me joguei na cama fazendo Tobias soltar um miado resmungão. Ele estava aconchegado entre os travesseiros, dormindo de barriga para cima.

- Desculpa! – Sussurrei me aconchegando ao seu lado.

Em busca de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora